Segundo o relatório apresentado ontem em Lisboa, 95% das grandes empresas e 77,7% das PME veem a sustentabilidade como uma oportunidade estratégica, mas para ambos os universos a falta de conhecimento de como operacionalizar medidas sustentáveis é a principal barreira para a adoção dos objetivos da Agenda 2030 das Nações Unidas. Porém, tal é mais expressivo nas PME (49,4%) do que nas grandes empresas (21,7%), que por motivos de cumprimento de legislação e concorrência já estão na prática a implementar alguns Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
«A principal dificuldade que as empresas têm na implementação dos ODS é perceber como é que podem operacionalizar esta agenda, porque é uma agenda muito vasta, são muitos objetivos e por vezes não é a linguagem que as empresas estão habituadas a usar. E esta barreira é comum às grandes empresas e às pequenas e médias empresas», explica Filipa Pires de Almeida, responsável pelo relatório e subdiretora do Center for Responsible Business and Leadership da Católica Lisbon School of Business & Economics, que realizou o estudo em parceria com a Fundação BPI “La Caixa” e a Fundação Francisco Manuel dos Santos.
O estudo, que analisou estratégias de 60 grandes empresas e 103 PME, também apurou que o sector financeiro lidera na implementação dos ODS, «o que pode ter a ver com a exigência legislativa que é mais forte sobre este setor», acredita Filipa Pires de Almeida. Por outro lado, os sectores mais atrasados nesta implementação são os setores químico, media e tecnológico, o que para a subdiretora do Center for Responsible Business and Leadership se revelou «surpreendente, porque associamos a tecnologia ao futuro e à sustentabilidade, mas vemos que em Portugal são estes os três setores que estão mais para trás».