O governo Espanhol, através do seu Ministério da Economia, está a desenvolver um programa de apoio alargado à imagem da moda espanhola. Este programa, denominado Plan Global de la Moda (PGM), conta ainda com a participação do Ministério da Ciência e Tecnologia e com o Ministério da Cultura e Desporto. A elaboração do PGM teve como base a realização de um diagnóstico ao sector, aos mercados tradicionais e uma análise sobre o potencial exportador da indústria de vestuário e calçado espanhol. Do diagnóstico realizado, o governo espanhol concluiu que, ao nível das exportações de moda espanhola, estas vêm crescendo, tendo ocupado já a oitava posição do total de exportações, o que representa em 2000, 1,7% das exportações. Refira-se a título de comparação, que o peso das exportações de vestuário portuguesas representa 11,5% do total de exportações no ano 2000. O mesmo diagnóstico conclui que a indústria de pronto-a-vestir espanhola não se apresenta como uma indústria com grande propensão para os mercados externos, pois só cerca de 30% da sua produção têm como destino o mercado externo. Contudo, a realidade dos últimos anos, mostra que as exportações têm aumentado de uma forma praticamente linear, ao contrário da situação da indústria de vestuário portuguesa, cujas exportações têm diminuído desde 1998, prevendo-se uma pequena recuperação em 2001. Quanto ao valor da marca Made in Spain, um inquérito realizado junto dos principais mercados destino das exportações espanholas revelou que os consumidores atribuem um valor à moda espanhola intermédio, claramente abaixo da Itália, que surge como líder, mas bastante acima do valor atribuído à moda portuguesa, que surge em ultimo lugar numa lista de 9 países. Com as conclusões do diagnóstico, o governo espanhol decidiu então realizar um programa de apoio, com o grande objectivo estratégico de potenciar a imagem da moda espanhola em mercados alvo. Este programa bastante focalizado na moda tem contudo uma grande abrangência de actuação, pois vai promover acções em áreas como, a criação de uma imagem de excelência da moda espanhola no exterior, o desenvolvimento de todo o potencial de internacionalização do sector, a consolidação da presença contínua nos mercados internacionais, a utilização do design como factor de diferenciação e melhoria do produto, a dotação das empresas de infra-estruturas tecnológicas necessárias e o aproveitamento da moda como instrumento de difusão de Espanha. Este plano vai assim, através de um forte investimento num dos principais factores dinâmicos de competitividade, criar as condições essenciais para a promoção da competitividade das empresas de vestuário. Este é no fundo o ponto de contacto entre o PGM e a Plataforma para a Competitividade da Industria do Têxtil e do Vestuário Nacional. Para além deste ponto, as dissemelhanças são maiores do que as semelhanças. Começando pela génese de cada um dos programas, a plataforma surge à posteriori, como um instrumento de articulação de um conjunto de cerca de 50 projectos apresentados por associações empresariais e organismos públicos, no âmbito das parcerias e iniciativas públicas do POE, enquanto que o PGM surge como uma resposta aos problemas equacionados num diagnóstico realizado sobre o valor da marca made in spain nos mercados externos. A metodologia de actuação é também diferente, uma vez que o PGM definiu um conjunto de áreas de intervenção para cada ministério, listando depois, no âmbito de cada uma das áreas, um conjunto de acções que nalguns casos são complementares entre si, noutros são precedentes e têm todos como objectivo a dinamização da marca. A metodologia da plataforma apresenta um conjunto de projectos agrupados por áreas de intervenção em factores dinâmicos de competitividade, como sejam, a informação, a moda e design, a promoção e marketing, a inovação e desenvolvimento tecnológico, a cooperação e empreendedorismo, a formação e o ambiente. Estes projectos, apresentados por entidades externas à entidade coordenadora, surgem numa lógica de execução totalmente independente, com um quadro de financiamento próprio e com uma definição própria dos objectivos específicos. Quanto ao plano de acção do PGM, este será desenvolvido essencialmente por intermédio de três gabinetes ministeriais, o ministério da economia, o ministério da ciência e tecnologia, o ministério dos negócios estrangeiros e de uma forma pontual, o ministério da cultura e desporto. Com base nos objectivos específicos, foi definido um conjunto de eixos de intervenção, dentro dos quais, cada um dos ministérios executará um conjunto bastante alargado de acções concretas. O Ministério da Economia do Governo Espanhol será a instituição com a maior preponderância neste programa, desenvolvendo o plano, através de 3 grandes eixos. O primeiro, actuará sobre o desenvolvimento empresarial e a formação. O segundo eixo de actuação do Ministério da Economia desenvolve-se através da criação da imagem internacional da moda espanhola. O terceiro e último eixo de actuação do Ministério da Economia Espanhol, será centrado na promoção do comércio internacional. Quanto ao Ministério da Ciência e Tecnologia, a sua contribuição para o PGM, será desenvolvido através de 4 eixos de actuação. O primeiro eixo, denominado Inovação, servirá essencialmente para promover a investigação e o desenvolvimento. O segundo eixo actuará sobre os recursos humanos e a formação. Um terceiro eixo, actuará sobre a dimensão empresarial e a protecção da marca. O quarto e último eixo de actuação está ligado à difusão da moda espanhola. O PGM terá ainda o apoio de outras instituições, como sejam o Ministério da Cultura e Desporto e o Ministério dos Negócios Estrangeiros. O primeiro terá como acções principais, o apoio pontual a eventos, disponibilizando infra-estruturas sobre a sua alçada para a produção desses eventos. O Ministério dos Negócios Estrangeiros terá no PGM, a responsabilidade de criar bolsas de estudo específicas para o ensino do design e da moda. A organização e as acções a desenvolver podem ser vistas no quadro anexo. Quanto aos recursos disponibilizados, assentam essencialmente em programas governamentais ou de institutos públicos, como sejam os programas sectoriais do ICEX (instituto do comércio externo espanhol), ou a iniciativa de apoio à criação de empresas de base tecnológica, conhecido por NEOTEC. O programa prevê um gasto aproximado de 48 milhões de euros anuais, até 2002, suportados pelo Ministério da Economia com 20 milhões, uma capital de risco de apoio à internacionalização terá um fundo de 12 milhões e o Ministério da Ciência e Tecnologia, contribuirá com 4 milhões de subsídio e 12 milhões de empréstimos reembolsáveis. Subsidiariamente será utilizada uma linha de crédito específica denominada ICO-PYME. Em comparação, a plataforma nacional para a ITV apresenta um total de investimento de 35 milhões de euros, com um investimento público situado entre os 75% e os 80% do total de investimento. Em conclusão, enquanto que no nosso sector, a plataforma surge à posteriori como meio de aglutinação de um leque bastante alargado de iniciativas independentes entre si, onde inclusive existe a possibilidade de existirem algumas sobreposições (apesar do esforço da equipa da DGI), o programa espanhol apresenta um plano focalizado num factor dinâmico de competitividade e surge como resposta a problemas levantados por um diagnóstico realizado. A concentração de recursos do PGM, permite assim atacar a fundo o problema relacionado com a valoração e dinamização da marca de moda espanhola, num esforço continuado e bastante abrangente. A dispersão de recursos por mais de 8 áreas de actuação e 50 projectos da plataforma, agravado pelo financiamento a projectos não articulados entre si, divergindo por vezes un