Pereira da Cunha convence em novos mercados

A excelência no serviço e na qualidade, que aponta como dois pilares essenciais, e o reforço em mercados menos tradicionais, como o Brasil, fazem parte das apostas da Pereira da Cunha para fazer face a um ano repleto de desafios.

Basílio Martins, Sandra Pereira da Cunha e Tiago Pereira da Cunha

Após dois anos de crescimento, a conjuntura atual tem-se mostrado menos favorável ao negócio dos têxteis-lar, reconhece Tiago Pereira da Cunha. «Tivemos dois anos bons durante a pandemia», assume o administrador da empresa especialista em colchas. «Este ano, como toda a gente sabe, está a ser mais intermitente, mais de altos e baixos, mas temos de recorrer a novos mercados e ver se as coisas melhoram um pouco», realça.

A procura sentida nos últimos dois anos, que levaram a empresa, que emprega 70 pessoas, a atingir um volume de negócios de cerca de 6 milhões de euros, tem agora vindo a esmorecer. «As pessoas optam por outras coisas e depois do boom que houve nos anos do covid, nota-se que, também pelo menor poder de compra, os consumidores compram menos», explica Tiago Pereira da Cunha.

Os EUA são o mercado que mais se tem ressentido. «Na Europa compram menos, mas mantêm as compras, apenas reduzem as unidades. Nos EUA sente-se um bocadinho mais a retração, porque eram grupos fortes e alguns deles faliram mesmo», aponta o administrador.

Com uma taxa de exportação que ronda os 95%, a Pereira da Cunha exporta um pouco por todo o mundo, do Chile ao Japão, passando pelo Brasil, uma das apostas da empresa nos últimos anos. «Só funciona mesmo para marcas com um prestígio muito grande e com uma grande valia, porque só em taxas de importação pagam mais de 40%. É um país que não é fácil – às vezes basta um pequeno erro que eles consideram logo defeito. Como pagam o artigo a um preço muito alto, são muito exigentes no aspeto do produto», revela Tiago Pereira da Cunha. Por outro lado, «são fiéis» às marcas que têm um elevado nível de qualidade, acrescenta.

Uma área onde a Pereira da Cunha se sente à vontade, destaca o administrador. «Somos uma empresa que aposta em dois pontos muito fortes: no serviço e na qualidade. Não queremos ser grandes, queremos ser bons naquilo que fazemos», afirma.

Por isso mesmo, a cama continua a ser o foco da empresa, que há 87 anos produz colchas. «Lógico que surgem outros produtos, como o saco-cama, o edredão ou as cortinas, mas cama sempre foi o nosso artigo número um», refere.

O que não impede a Pereira da Cunha de inovar, quer com a adição de novos produtos, como as cortinas de banho com fios especiais que apresentou na última edição da Guimarães Home Fashion Week, quer com a introdução de novas matérias-primas, mais alinhadas com os requisitos de sustentabilidade dos consumidores. «Hoje em dia, os clientes procuram, cada vez mais, esse tipo de materiais, como os orgânicos», indica Tiago Pereira da Cunha.

Mantendo-se cauteloso sobre o futuro, com investimentos muito ponderados e feitos, habitualmente, com recursos próprios – em estudo está a possibilidade de enveredar pela energia solar – a Pereira da Cunha continua atenta à possibilidade de explorar novas geografias. «Tentamos, mas não é fácil, até porque já não há muita coisa para explorar. Os países e clientes existentes já quase toda a gente os conhece. Num ano destes não se ganha facilmente um cliente, como acontecia há 10 anos, em que as feiras eram para isso mesmo e para encomendas. Hoje em dia os clientes vêm ver uma empresa, e depois outra e mais outra e só depois, muito criteriosamente, escolhem quanto à qualidade e ao preço. É estar no sítio certo», conclui Tiago Pereira da Cunha.