Paquistão com mais regalias?

Na eminência de poderem usufruir de um acesso privilegiado ao mercado da UE, alguns produtores paquistaneses estão a pedir que o governo do país relaxe as taxas de importação que travam o acesso a matérias-primas, especialmente de fibras artificiais, necessárias para diversificar as linhas de produtos. Estas taxas podem atingir os 6,5%. Os produtores locais querem também que as infraestruturas do Paquistão sejam melhoradas, para colmatar a ineficiência dos fornecimentos de água e energia, de forma a responder à procura prevista pela adesão ao SGP+. Adil Butt, ex-presidente da Associação Paquistanesa dos Produtores de Meias (PHMA), acredita que o estatuto SGP+ poderá reabrir unidades de produção de vestuário, que atualmente estavam paradas por falta de encomendas de exportação. «Isto beneficiaria muito a indústria têxtil e vestuário do Paquistão. A importação para reexportação já está isenta de taxas. Tudo o que precisamos é de um fornecimento estável de eletricidade, gás e água, para a indústria utilizar a sua capacidade máxima», explicou Butt ao just-style. O presidente da Associação de Empresas Têxteis de Todo o Paquistão (APTMA), SM Tanveer, também quer que o governo relaxe as políticas de importação que bloqueiam o acesso a matérias-primas, como as fibras artificiais que estão em falta no Paquistão e são necessárias para a diversificação das linhas de produtos. Tanveer pediu ao governo para disponibilizar eletricidade e gás para a indústria. «A nossa participação no mercado total da UE para os produtos têxteis é atualmente de 1,48%. Nós poderíamos chegar aos 2% ao abrigo do regime SGP+. Isso iria trazer ao Paquistão uns adicionais 2 mil milhões de dólares [nas exportações]», afirmou. Por seu lado, Ijaz Khokhar, exportador e ex-presidente da Associação Paquistanesa de Produtores e Exportadores de Vestuário Confecionado, considera que o Paquistão tem um débil fornecimento interno de matérias-primas, exceto algodão, com elevados impostos sobre as matérias, forçando a indústria paquistanesa de vestuário a produzir roupas de baixo valor acrescentado. «Os nossos rivais no Bangladesh, que beneficiam da importação isenta de impostos nas matérias-primas, têm aumentado as suas exportações têxteis de valor acrescentado para os 26 mil milhões de dólares [em 2012], em comparação com as exportações de vestuário do Paquistão de 4,5 mil milhões de dólares», argumentou Khokhar. Sobre este ponto, os exportadores paquistaneses revelaram ao just-style que o Paquistão tinha efetivamente utilizado apenas 3 das 73 categorias de têxteis que tiveram acesso isento de direitos sob concessões comerciais unilaterais limitadas, concedidas pela UE em Novembro de 2012. Outro ex-presidente da PHMA e um dos principais exportadores de malhas do Paquistão, MI Khurram, agora presidente de um comité da APTMA encarregado de fazer recomendações sobre como melhorar as exportações de têxteis de valor acrescentado, referiu que o SGP+ deverá fazer a diferença. Khurram disse que a eliminação pela UE das taxas de importação de até 11% sobre as exportações de vestuário do Paquistão permitiria que os produtos paquistaneses se tornassem «mais competitivos no mercado europeu». Em 2012, de acordo com os dados do Eurostat, o Paquistão exportou 510,0 milhões de euros em vestuário e acessórios de malha e 753,0 milhões de euros de vestuário e acessórios de tecido para a UE. Por seu lado, a UE exportou para o Paquistão cerca de 2,0 milhões de euros em vestuário e acessórios de malha e 2,2 milhões de euros de vestuário e acessórios em tecido.