Os Óscares da moda foram para…

As atenções do mundo da moda estiveram concentradas, na passada quinta-feira, no Teatro Tivoli, onde se realizou a entrega, pelo segundo ano consecutivo, dos Fashion Awards. Os prémios da Fashion TV Portuguesa voltaram a reunir a indústria, os criadores e muitas figuras públicas, que quiseram prestar o seu tributo aos protagonistas nacionais. «Esta entrega de prémios tem uma importância muito grande», considera Francisco Pinto Balsemão, presidente da ANJE e do Portugal Fashion. «É o congregar de esforços de diversas entidades sob o chapéu da Fashion TV para ter uma espécie de Óscares da moda portuguesa, que tem como membros do júri uma série de entidades com muita relevância neste sector, o que acaba por conferir a esta cerimónia um peso muito grande», acrescentou. Também Dolores Gouveia, responsável de marketing do centro de formação Modatex, considera «importante promover todos os players ligados à indústria da moda, quer os criadores, quer os novos talentos, bem como todos os outros profissionais que contribuem para esta indústria têxtil e de vestuário». Ainda antes do início da cerimónia, a atmosfera denunciava já o tema primeiro do evento, com as figuras públicas a envergarem verdadeiras obras de arte. Sofia Aparício, com um vestido de Aleksandar Protic, Raquel Prates, a envergar um fato de Ana Salazar, e Maria João Bastos, com um smoking de Filipe Faísca, mostraram que a moda portuguesa está bem e recomenda-se. No palco, Joaquim Monchique, o apresentador de serviço, usou as criações irreverentes de Dino Alves com acessórios de Valentim Quaresma, e deu o seu toque de comédia à entrega dos 15 prémios, dedicados a diferentes categorias e escolhidos, por voto secreto, por um júri composto por 15 individualidades ligadas ao mundo da moda, a que se somou o Prémio Especial, atribuído pela direcção da Fashion TV Portugal. Os Burgueses foram os primeiros a subir ao palco para receber e agradecer o prémio Novo Talento. «Acreditámos no nosso trabalho não só por nós mas também pela nossa família, assim como pelos estranhos que se cruzam no nosso caminho e nos têm ajudado. Queremos ainda deixar um agradecimento especial ao Luís Pereira, à Eduarda Abbondanza e à imprensa, em especial à Catarina Rito», enumerou a dupla. Margarita Pugovka recebeu o prémio Modelo New Face e a Lacoste o de Melhor Marca Internacional. Já a Eureka Lisboa, a loja da Rua Nova do Almada, no Chiado, venceu o prémio de Melhor Design de Loja. «Esta noite somos todos premiados, quem ganha é a moda portuguesa», começou por referir Filipe Sousa, director de marketing e expansão da empresa. «Estamos no retalho há três anos e receber este prémio da Fashion TV é um reconhecimento do nosso trabalho e um impulso para continuarmos», acrescentou, sem deixar de agradecer aos pais por terem criado a Eureka – uma empresa produtora de calçado sedeada em Caldas de Vizela – há 25 anos. Na categoria de comunicação, este ano dividida em Melhor Comunicação Imprensa e Melhor Comunicação Digital, os prémios foram entregues a Anabela Becho e ao blogue O Alfaiate Lisboeta, respectivamente. O blogue de moda de rua criado pelo ex-bancário José Cabral, que actualmente colabora também com a Vogue e com o jornal Metro, convenceu o júri. «Quando em Janeiro de 2009 comecei o blogue, estava muito longe de pensar em receber um prémio Fashion Award no Tivoli», revelou José Cabral. «Quero agradecer e partilhar este prémio com as 600 pessoas que fotografei ao longo destes três anos», acrescentou. O criador Luís Onofre levou para casa o prémio para Melhor Design de Acessórios, e considera que «este prémio dá força nestes tempos difíceis para fazer mais e melhor», enquanto a Lanidor venceu, pela segunda vez, o prémio de Melhor Marca Nacional. Um prémio que a directora de comunicação e imagem da Lanidor, Margarida Mangerão, encara como «um compromisso com o que de melhor se faz ou pode fazer em Portugal, mais do que uma consagração. Este foi um ano de investimento. Reduzimos em 50% a nossa importação, com uma forte aposta no “made in Portugal”, inclusive com campanhas apenas com manequins portugueses». Helena Vaz Pereira (Melhor Cabeleireiro), Antonia Rosa (Melhor Maquilhador), Paulo Gomes (Melhor Produtor Editorial), Mário Príncipe (Melhor Fotógrafo), Jonathan e Kevin (Melhor Modelo Masculino) e Sara Sampaio (Melhor Modelo Feminino) foram outros dos galardoados. Numa das categorias mais aguardadas, o de Melhor Criador, o prémio foi para Nuno Baltazar. O criador, que à entrada para a cerimónia, revelava que a nomeação para o prémio «era muito bom, “gostoso” como dizem os brasileiros» mas que não pensava muito no assunto, «até porque já estive muitas vezes nomeado para prémios e estou habituado a bater palmas», foi desta vez o aplaudido, inclusivamente pelo também nomeado Luís Buchinho, com quem fez questão de partilhar o prémio. Por último, Paulo Ribeiro, director da Fashion TV Portugal, agradeceu a todos os nomeados e vencedores e entregou, juntamente com a vereadora da Câmara de Lisboa, Catarina Vaz Pinto, o Prémio Especial a Paulo Nunes de Almeida. O empresário, que actualmente acumula, entre outros, a vice-presidência da AEP – Associação de Empresários de Portugal e a presidência do conselho fiscal da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, começou por agradecer o prémio à Fashion TV e por felicitar todos os nomeados e vencedores. «O que aconteceu neste palco foi a concretização de sonhos. As pessoas sonharam, transformaram esses sonhos em projectos e puseram a nossa moda a andar para a frente. Como refere o poema Pedra Filosofal, “sempre que o Homem sonha, o mundo pula e avança” e aqui o mundo pulou e avançou», sublinhou. Depois de agradecer à equipa que o acompanhou nos diversos projectos ligados à moda e de partilhar o prémio com a esposa e os dois filhos, assim como com os amigos e colegas, Paulo Nunes de Almeida referiu que «depois de assistir a esta festa, a esta alegria e capacidade demonstrada pelos nomeados e por todas as pessoas ligadas à moda, temos de acreditar no país que temos. Sabemos que o momento que estamos a atravessar é difícil, mas eventos como este fazem-nos acreditar no futuro». E para as dificuldades, deu a receita já formulada por Fernando Pessoa: “Pedras no meu caminho guardo-as todas. Um dia vou construir um castelo”.