Os grandes armazéns são uma invenção europeia já com mais de um século de tradição, tendo sido introduzidos no mercado pela empresa francesa Le Bon Marché. Definidos como sendo essencialmente venda a retalho em superfícies de dimensão relevante e com uma vasta gama de bens de consumo organizados por departamentos, estes espaços são desde a sua existência associados ao comércio de luxo e prestígio. Segundo um estudo da Retail Intelligence sobre o mercado europeu dos grandes armazéns, Department Stores in Europe, 2000, este formato enfrentou uma crise, que se reflectiu numa significativa redução do número de empresas e no declínio das vendas do sector no conjunto do comércio a retalho. Apenas em Espanha é que os grandes armazéns conseguiram manter a sua quota de mercado estável. Na opinião de alguns analistas, os empresários deveriam dinamizar as vendas, centrando-se nos principais factores de diferenciação como a melhoria do ambiente da loja, a exclusividade das marcas e também o serviço ao consumidor. O cenário de crise que se instalou, afectou sobretudo as empresas de pequena dimensão, que têm sobrevivido com dificuldade ao aumento de competitividade das grandes superfícies especializadas e dos hipermercados. Em relação aos grandes grupos, têm tentado solidificar a sua posição, investindo cada vez mais na expansão através de fusões e aquisições, e também na inovação e modernização. No que diz respeito ao ranking dos cinco maiores grupos europeus, a nível de resultados financeiros, as empresas alemãs Karstadt/Hertie e Kauhof ocupam respectivamente a primeira e a terceira posição, El Corte Inglés ocupa a segunda posição, a inglesa Marks & Spencer está em quarto lugar e finalmente o grupo francês Galeries Lafayette/Nouvelles Galeries/BHV em quinto. Em relação aos principais mercados europeus, há uma tendência para a concentração. No terceiro maior mercado europeu, Espanha, as vendas são geradas unicamente pelo El Corte Inglés, enquanto que no líder europeu, a Alemanha, o mercado divide-se em dois grupos: Karstadt e Kauhof. No que diz respeito a França, os grandes armazéns tiveram no comércio a retalho um papel preponderante até aos anos 80. O Instituto Nacional de Estatística e Estudos Económicos, INSEE, revela que a partir de 1989 as vendas dos grandes armazéns franceses atingiram uma estagnação, tendo as superfícies especializadas duplicado o seu volume de negócios e os hipermercados crescido 70% na mesma altura. De referir ainda, que segundo o estudo da Retail Intelligence, a procura nos grandes armazéns é especialmente motivada por desejos e não por necessidades. Assim, o grande desafio deste formato comercial, tem sido criar nas lojas, ambientes que respondam a esses desejos.