Os fios que fazem a moda de amanhã

Associar os opostos, combinar os contrastes: é a máxima dos fios que ditarão a moda do próximo Outono/Inverno. Com efeito, para a estação fria de 2007-2008, os fiandeiros parecem ter somente uma ideia fixa: reunir os antagonismos para criar uma oferta nova e original. Todos os estratagemas, todas as investigações são permitidas para obter, por exemplo, um fio de caxemira com uma aparência rústica e um toque luxuoso. É assim que a oferta europeia se distingue: mostrando que o velho continente tem ainda muitos trunfos na manga. A Lora & Festa afirma que «aliou os opostos a fim de contribuir para uma evolução da oferta no mercado», enquanto que a Avia declara que a estação «tem como signo o equilíbrio entre estilos diversos que conduzem a uma nova modernidade». Mas há muitos mais exemplos. O casamento dos contrastes, que permite a cada fiação apresentar o fio de excepção, tem lugar logo na composição e na aparência. «Esta estação rejeitamos a banalidade e a sensaboria», anuncia a Goriziana. Esta dualidade está também patente na apresentação das próprias colecções. Deste modo, a Zagna Baruffa optou pelo tema da elegância e do luxo entrelaçados com o do outdoor, enquanto que a Di Vé adianta que «nesta estação seguimos dois caminhos distintos: uma gama de fios fantasia, mais grossos, e uma outra de fios finos à base de materiais nobres». Uma combinação rústico-luxo que domina nas tendências desta estação. Ávidos na busca da excepção, os fiandeiros cederam a todos os caprichos da moda, da elegância, da sobriedade, do clássico-chique e do luxo controlado. É definitivamente o fim das grandes fantasias e devaneios, pelo menos até à próxima estação. Imperam as qualidades nobres, trabalhadas nos fios finos e cilíndricos. No entanto, os especialistas em fantasia não demonstram uma inquietude particular face a esta sensatez repentina. «Um regresso às formas mais clássicas, menos ornamentadas, mas que podem ser produzidas com fios de fantasia», afiança o director de desenvolvimento da Bergère de France Geoffroy Petit. A mesma sensatez irrompe na Vimar, a qual afirma que «os fios clássicos vão combinar-se com as fantasias extremas para estimular a criatividade individual». Uma estação que se anuncia plena de contradições. Os opostos atraem-se Numa moda que prima pela sobriedade e pelo clássico, os fiandeiros procuram acompanhar a tendência, mas diferenciando-se a todo o custo. Trata-se de oferecer o excepcional combinando os opostos. Uns apostam no casamento entre o artesanato e a tecnologia: Nardi Filati, Olimpias e Cariaggi. Outros misturam o melhor do passado e do futuro: Mister Joe e Industria Italiana Filatti. Um exemplo de excepção: uma mistura de viscose, de poliamida e de angorá, trabalhado num fio muito fino e tão torcido que a superfície da malha resultante permanece lisa, sem pilosidade e com um toque que recorda o pêlo de coelho. Origens nobres O novo luxo prefere as fibras nobres. Com efeito, muitas das colecções propostas visam a gama alta. Tanto mais que a tendência desta estação privilegia a sofisticação e o refinamento. Deste modo, as gamas transbordam de qualidades à base de merino superfino, de caxemira, de mohair, de alpaca, de seda, etc. Trabalhados nos títulos mais finos e macios possíveis, essas lãs e essas fibras nobres unem-se para incrementar o seu prestígio. É o caso da Loro Piana que propõe a qualidade «Clássica» – um fio fino que reúne equitativamente a caxemira, a seda e a lã. É também o caso da Schoeller que amacia a alpaca com a lã merino, ligeiramente maioritária. Quando o clássico se torna moderno Aqui também está patente a ambivalência da estação, onde sob uma aparência discreta e clássica, os fios apresentam um potencial moderno. Deste modo, para tornar a sua oferta mais atraente, os fiandeiros apostam nas mais-valias. É verdade que há fiandeiros, como por exemplo a Filma, que já propõem lãs merino totalmente easy-care. Mas a oferta do Outono/Inverno 2007-2008 vai ainda mais longe. A Alpes e a Lana Gatto exploraram as novas tecnologias para tratar os seus fios básicos de Teflon, que originm uma malha ?anti-chuva?. O mesmo efeito encontra-se na mistura lã-Lycra produzida pela italiana Zegna Baruffa, que alia o carácter prático ao conforto. Quanto à espanhola Sisa, lança uma linha especial, baptizada Technic?s, na qual utiliza fibras com propriedades anti-estáticas, anti-bacterianas e ignífugas, sem ceder um milímetro no conforto, na maciez e na vertente moda. O degradé impera Sobriedade obrigatória, a paleta proposta pelos fiandeiros serpenteia entre os tons sombrios, neutros e naturais. Na família dos sombrios, há imperativamente o preto, mas também o cinzento asfalto, o azul profundo, o petróleo e o castanho-escuro. Nos tons neutros, predominam os beges, os cinzentos e os crus. Quanto aos naturais, brilham os castanhos e verdes terrestres. O jogo de cores é também um dos últimos bastiões explorado pelos especialistas da fantasia, porém sem a natureza multicolor de outrora. Deste modo, a aposta vai preferencialmente para os degradés. Alguns abandonaram a técnica de estampagem e optaram pelas regulações técnicas através da injecção de mechas (Gi Ti Bi) ou sobre a dosagem no processo de fiação (Bergère de France). Independentemente do método, o feito degrade é o rei da estação.