Os fios na moda para o Outono-Inverno 07/08 ilustram o regresso das empresas aos temas familiares, especialmente eficazes em tempos incertos como os de hoje. Mil arquivos foram folheados para buscar os mais confortáveis padrões clássicos reinterpretados ao ritmo das tendências actuais: natural, fibras luxuosas e características técnicas. A tendência para tecidos elásticos mais leves, misturas algodoeiras e estruturas menos densas continuam a dar o tom da próxima estação invernosa. Embora o aquecimento global marque a actualidade, a severidade do Inverno passado obrigou à revisão das escolhas. As cores primam pela neutralidade. Os cinzentos, brancos e pretos são avivados por azuis nebulosos. Mas a paleta de cores inclui ainda amarelos esverdeados, verdes pálidos, castanhos, vermelhos suaves e rosas pardos. A consciência ecológica é encarada com grande seriedade, fomentando a utilização do algodão orgânico, bambu e soja, e os fiandeiros mostram-se ávidos por fornecer informação sobre sustentabilidade ou estatísticas das credenciais verdes de certas fibras. A fiação suíça Camenzind combina Thermolite com seda, demonstrando que mesmo a mais nobre das fibras pode beneficiar com misturas de alto valor tecnológico- neste caso, propriedades termorreguladoras e uma leveza excepcional conferida por um núcleo oco. A empresa lança também uma nova mistura de pêlo de camelo bebé com seda (65%/35%). A Dow Fiber Solutions mostra-se entusiasmada com o sucesso da sua fibra elástica XLA, lançada no mercado da moda há 3 anos. Esta fibra, cujas propriedades moleculares tornam-na praticamente insensível ao calor e à abrasão química, tem também um efeito imperceptível no toque do tecido, e está a ser incorporada em tecidos “hospedeiros” incluindo tecidos de algodão, de lã e malhas em que os processos térmicos como a limpeza a seco são reclamados. A italiana Pozzi Electa, uma especialista em fiação com mais de 100 anos, demonstra que a inovação ajuda a manter o negócio. A empresa está a usar a polpa de caranguejo em fios que são desenvolvidos para combinações com algodão, lã ou fibras artificiais derivadas da celulose, todas com propriedades anti-bacterianas. O Chitin é misturado e co-extrudido com celulose, e apresenta a importante qualidade de ser biocompatível (por exemplo, é não-alérgico e altamente absorvente). Outros fios raros da Pozzi Eletra incluem o “Lama”, uma mistura muito fina de caxemira e lã de carneiro com viscose e algodão, e também com algodão e angorá, todos destinados a tecidos novos, finos e elegantes. A empresa francesa A-dress apresenta o “Siboo”, um fio de anel incorporando fibras de bambu; bouclés; e misturas de seda, linho, caxemira ou soja. O “Cashmino90” é uma mistura de 90% merino superfino e 10% caxemira oferecendo corpulência e maciez. A Oji, a ecológica fibra de papel japonesa fabricada a partir de filamento de cânhamo, foi pela primeira vez combinada com lã, e o fio está a ser usado em casacos. «O uso de um novo fio plano, torcido 75 vezes, conferiu um toque completamente distinto. Os nossos clientes ficaram de tal forma espantados com o resultado final que caíram por terra», graceja Manabu Dohi, director da Ojo. O vice-presidente da Advansa Textile Fibres, Heinz Meierkord, afirma que a empresa está centrada em produtos de topo como Thermolite, Coolmax, Dacron e Allerban. Por exemplo, o Coolmax confere propriedades high tech à fibra de lã. «A investigação e o desenvolvimento são apostas contínuas e para continuar. É preciso massa crítica se queremos lutar por um lugar ao sol», conclui.
