Os dois amores de Victor Huarte

O designer espanhol apaixonou-se por Portugal e por cá ficou já lá vão mais de quatro anos. Hoje, Victor Huarte divide o seu tempo entre a própria insígnia e o trabalho que desenvolve para a marca de jeanswear Salsa, numa parceria win-win que o tem feito crescer enquanto criador de moda.

Víctor Huarte

Há cerca de quatro anos e meio, Victor Huarte chegou a Portugal para um Erasmus de quatro meses, mas apenas uma semana depois já sabia que daqui não queria sair. O último ano provou que, em termos profissionais, a decisão não podia ter sido melhor, com o designer de moda espanhol a ser projetado para a ribalta da moda nacional.

Em abril do ano passado, o Victor Huarte concorreu ao concurso Bloom e, desde então, não mais parou. «Foi um ano em que aconteceu imensa coisa, parece que já passaram muitos anos», confessa ao Portugal Fashion. Neste período, o designer não só participou no concurso Bloom, como essa presença lhe abriu portas para apresentar mais duas coleções no Portugal Fashion, integrado na plataforma para novos talentos, e para criar uma coleção com a Salsa.

«A parceria com a Salsa aconteceu porque participei no concurso Bloom, onde acabei por ganhar a menção honrosa. Entretanto, o diretor criativo da marca já tinha acompanhado o meu processo e tinha-se identificado com o meu trabalho, então convidaram-me para integrar a Salsa enquanto designer», revela.

Na marca de jeanswear, Victor Huarte tem vindo a crescer, sendo responsável pelos tricotados e, mais recentemente, pelas camisas de homem. «Tenho também feito outros projetos. Estamos agora a trabalhar a sustentabilidade no denim, por isso consigo experimentar muita coisa ao mesmo tempo, o que é muito bom», considera.

Aliás, a experiência na Salsa tem sido bastante positiva, numa relação que favorece ambos os lados, acredita o designer. «Eles ganham frescura, ou seja, uma pessoa que está a par do que se está a fazer, das tendências – acompanho muito o que se faz nas outras semanas de moda e acabo por ser sangue novo para eles», explica. Em contrapartida, «eu consigo aproveitar o know-how deles, seja a nível de confeção ou ter acesso a imensas qualidades de denim, por exemplo. É um equilíbrio perfeito que se cria entre eles e eu, que está a dar frutos e a correr muito bem», resume.

Ambições paralelas

Este conhecimento reflete-se igualmente no trabalho da Huarte, a marca própria do designer, que nas mais recentes propostas para o outono-inverno 2022/2023 destacou uma combinação de matérias-primas, incluindo denim, malhas e tecidos camiseiros. Originalmente vocacionada para o vestuário masculino, a Huarte não está alheada da tendência sem género que domina atualmente a moda e, por isso, muitas das peças podem ser usadas por mulheres, incluindo o vestido que encerrou o desfile. «Sempre quis brincar com essa ideia. Há elementos que transmitem uma estética mais masculina, seja a nível de cabelo, seja a nível de acessórios, mas depois qualquer peça pode ser usada tanto por homens como por mulheres», aponta.

Um percurso que o designer quer continuar a explorar, num futuro onde espera continuar a conjugar a moda mais comercial com a moda de autor. «Gostava de ver a minha marca crescer e conciliar com o meu trabalho na Salsa, onde continuo a aprender imenso e onde tenho cada vez mais responsabilidades. Adorava poder ter essas duas partes», sublinha.

O sonho passa ainda por ascender «à plataforma principal» do Portugal Fashion e pela presença numa semana de moda internacional. «Para a parte de homem, Milão se calhar é mais irreverente, mais informal, mais jovem, por isso seria uma boa opção. Paris também, ou Maiorca. Qualquer uma das semanas de moda internacionais», conclui Victor Huarte.