Depois das comemorações dos 70 anos da empresa no ano passado, que começaram precisamente na Heimtextil, em janeiro, e que ao longo de 2018 foi celebrando a dedicação dos seus mais de 700 trabalhadores com vídeos publicados nas redes sociais que mostram “as vidas na Lameirinho”, a empresa de Pevidém está a dedicar esta edição da feira de têxteis-lar à sustentabilidade e ao mundo do digital.
No stand, localizado no novíssimo pavilhão 12, passam projeções digitais numa cama onde é apresentada a coleção de estampados. Nas prateleiras, entre os espaços dedicados à hotelaria e aos artigos para a mesa, estão diversos produtos de carácter sustentável, incluindo lençóis fabricados com liocel ou tingidos com corantes de base natural, como casca de laranja ou casca de noz.
«Temos certificação GOTS, Oeko-Tex e, mais recentemente, a certificação para o linho European Flax, que garante alguma sustentabilidade ao consumidor final. E estamos sempre a apresentar produtos com fibras naturais, novas misturas que aparecem, fios reciclados», enumerou Tânia Lima, diretora de marketing da Lameirinho.
Em destaque está também a estamparia digital. «Fizemos investimento na estamparia digital já há uns anos – fomos dos primeiros a fazer – e para nós foi uma aposta muito interessante. Atualmente já temos duas máquinas de estamparia digital», revelou Paulo Coelho Lima, CEO e membro do conselho de administração da Lameirinho, ao Portugal Têxtil.
Numa feira com um layout diferente dos anos anteriores – que inclui a abertura do pavilhão 12 –, a incerteza é uma realidade, mas o primeiro dia não dececionou Paulo Coelho Lima.
«Quando se muda radicalmente o que era, há muitos anos, da mesma forma, temos a comparação com as outras edições, mas não é comparável. Notei alguma falta de fluxo de visitantes logo no início da manhã mas, no nosso caso em particular, não nos podemos queixar porque estivemos até agora bastante ocupados», afirmou no final do primeiro dia da Heimtextil, adiantando ainda que a mudança das datas da feira no passado – que passou a decorrer apenas em dias úteis – tinha já tido um efeito de dispersão no tempo. «Desde que se mudou a data, notou-se alguma dispersão ao longo da semana dos fluxos de clientes e isso acontece agora: há um bocadinho não tínhamos uma mesa livre e agora são 17h e temos as mesas todas vazias», explicou o CEO e membro do conselho de administração da Lameirinho.
Recorde nacional

Durante o primeiro dia da Heimtextil, que decorre até sexta-feira, 11 de janeiro, a comitiva governamental portuguesa, composta pelo Secretário de Estado da Economia, João Correia Neves, pelo Secretário de Estado para a Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, e pelo embaixador em Berlim, João Gomes, calcorreou os stands dos expositores portugueses, divididos essencialmente entre o pavilhão 9, dedicado aos artigos de decoração, e o pavilhão 12, dedicado à roupa de banho e cama. «Portugal destaca-se como principal fornecedor europeu de roupa de cama e banho», sublinhou Cristina Motta, representante da Messe Frankfurt em Portugal, acrescentando que as 82 empresas lusas presentes ocupam «5.896 m2 de espaço de exposição, um valor recorde para a indústria portuguesa».

Com passagem pelo stand da Associação Home From Portugal – que apoia a participação de muitas das empresas presentes na Heimtextil – e pelo fórum de tendências From Portugal, organizado pela Associação Selectiva Moda, os representantes governamentais cumprimentaram e auscultaram as empresas, desde as que são presença habitual, como a Inup Home, a Fateba, a A. Ferreira & Filhos e a Leiper, às estreantes como a Marizé, que, segundo o diretor operacional, Rui Novais, já exporta «100% da produção» e a Traços Singelos. «Viemos à procura de novos clientes», assumiu Fátima Silva, sales manager da Traços Singelos. Na Newplaids, o diretor Miguel Chareca deu conta de um bom começo da feira e da notoriedade que a produção nacional tem além-fronteiras. «O made in Portugal é muito importante», realçou. «Esta é uma das coisas que mudou desde que fui administrador da AICEP. Cheguei a ter pessoas que me diziam para esconder o “made in Portugal”. Agora é obrigatório colocarmos “made in Portugal”», respondeu Eurico Brilhante Dias.

A comitiva passou ainda por empresas como a Giestal, a Home Flavours, a JF Almeida, a Domingos de Sousa, a Felpinter e a Têxteis Penedo, que surpreenderam o Secretário de Estado da Economia. «Está aqui boa parte da nossa melhor indústria têxtil. São cerca de 80 empresas com capacidade técnica, de inovação e qualificação naquilo que são os produtos que fazem», declarou João Correia Neves ao Portugal Têxtil, anunciando que o governo pretende continuar a apoiar o sector. «Temos feito, nos últimos anos, um enorme esforço de apoio àquilo que é o investimento das empresas e vamos continuá-lo neste próximo período», afirmou. «Temos feito um esforço muito importante em vários sectores, não exclusivamente neste, de agregar a promoção externa, agregar sectorialmente, mas depois nos postos diplomáticos, nas delegações da AICEP, procurar que eles sejam indutores de transversalidade na promoção. Ou seja, que somem a dimensão económica à dimensão cultural, a Portugal como destino turístico e que, com isso, Portugal ganhe escala na promoção e ao mesmo tempo valorize uma identidade. A marca Portugal, Portugal como origem de produtos, de bens e serviços, é uma marca que hoje acrescenta valor aos produtos», assegurou Eurico Brilhante Dias ao Portugal Têxtil.
A edição mais internacional
Considerada uma referência para os têxteis-lar em todo o mundo, a Heimtextil conta nesta edição com 3.025 expositores de 65 países, o que representa um crescimento do número de expositores pelo nono ano consecutivo. «Apesar do abrandamento da economia, a Heimtextil continua o seu desenvolvimento extremamente positivo», garantiu Detlef Braun, membro do conselho executivo da Messe Frankfurt, apontando durante a conferência que marcou o arranque da Heimtextil que a feira «tem uma posição mais forte e mais internacional».

Entre os pontos altos desta edição estão o novo layout, que, como esclareceu Detlef Braun, «agrega temas e segmentos de produtos de uma forma melhor para grupos-alvo específicos. Os visitantes podem, assim, beneficiar de novas sinergias, distâncias mais curtas e muita inspiração», mas também o fórum de tendências, no novo Trend Space no Hall 3.0, que este ano tem como tema “Toward Utopia”, e o programa dedicado ao “sono”, que inclui inovações para melhores noites no segmento de produtos “Smart Bedding”, no hall 11.
