Os básicos sustentáveis da Baseville

A marca 100% portuguesa, que prima pelo seu cariz ecológico, tem vindo a ganhar notoriedade no mercado nacional. Uma colaboração com Raquel Strada e a aposta em lojas físicas foram algumas das forças da marca no seu primeiro ano e meio de atividade.

Ana Ferreira, Ana Costa e Filipa Sequeira

A Baseville, fundada por Ana Costa no final de 2017, está agora a desenvolver o conceito de “Sustainble Shape”. «Transformamos artigos essenciais em peças-desejo, chegando à derradeira sustainable shape. Este é o nosso plano para garantir menor consumo e redução da pegada ambiental do guarda-roupa. Dedicamo-nos ao pormenor, mesmo que impercetível, para que as nossas clientes se sintam como verdadeiramente são: especiais», revela Ana Costa.

O ADN verde da marca é resultado da paixão da criadora pelos «recursos que o nosso planeta oferece. Esta paixão conduziu a uma licenciatura em Engenharia do Ambiente. Sempre existiu também uma paixão por moda e fui fazendo algumas formações em simultâneo que me permitiram explorar uma vertente mais criativa», explica a fundadora da Baseville.

Tendo como missão a celebração da silhueta feminina com peças intemporais, «queremos que as nossas peças apaixonem, que sejam bem cuidadas, que queiram ser usadas repetidamente, assegurando propósito, longevidade e respeito a todos os recursos envolvidos na sua produção», afirma a também diretora criativa da Baseville.

Desconstruindo o conceito de coleções, a marca aposta em edições permanentes, com peças que apenas serão retiradas do mercado caso não tenham aceitação. «A nossa primeira edição abrange nove peças essenciais femininas de t-shirts, longsleeves e tops, que foram desenhadas de forma a maximizar a versatilidade: podem ser usadas no verão e no inverno, de dia ou noite, e mesmo numa ocasião formal ou informal», garante.

Denotando que na primeira edição «faltava uma peça mais casual», Ana Costa optou pelo lançamento de uma t-shirt sem género, em colaboração com a apresentadora Raquel Strada, naquela que foi designada como edição 1.1. A parceria surgiu de forma natural, também com o objetivo de trazer notoriedade à Baseville. «Necessitávamos de encontrar a embaixadora perfeita. Alguém com uma curadoria de excelência nas marcas com que trabalha. O nome de Raquel Strada surgiu naturalmente», recorda a fundadora da marca. A próxima edição, a segunda, contará com mais elementos essências do guarda-roupa: as calças pretas, a camisa branca, «e mais umas peças que consideramos serem elementos básicos do guarda-roupa feminino», adianta ao Portugal Têxtil.

Com peças «pensadas, desenhadas, fabricadas e confecionadas 100% em Portugal», sublinha a fundadora, a Baseville encara a sustentabilidade «numa ótica de 360º. Investigamos, analisamos e estruturamos as nossas edições de forma a garantir que usamos as matérias-primas adequadas ao uso, selecionamos criteriosamente a nossa cadeia de valor, quer na vertente social, quer na vertente ecológica, assegurando que respeitamos todos os que connosco colaboram e confiam», garante.

As preocupações não ficam por aqui, já que o momento das entregas é também tido em conta. «Se no online a embalagem tem o potencial de reutilização, no retalho físico selecionamos os distribuidores que partilham a nossa essência de respeito e compromisso. No final de vida, fechamos o círculo, cuidamos da sua peça com toda a atenção, trata-se de um valioso recurso ao qual pretendemos dar nova vida», assume Ana Costa.

Vender além-fronteiras

Atualmente, a Baseville está em fase de consolidação no mercado português, enquanto simultaneamente prepara a internacionalização. «Temos recebido propostas de colaborações e de parcerias de vários setores, apenas possíveis devido ao investimento na promoção da marca», admite Ana Costa, que avança ainda que a marca está próxima «de fechar negócio em duas lojas nas Ilhas Baleares. Temos muitos turistas a comprar Baseville e temos a certeza que será um sucesso».

Com três pessoas dedicadas à marca – Ana Ferreira e Filipa Sequeira, para além de Ana Costa – os artigos da Baseville podem ser comprados online, em loja própria e em diferentes marketplaces. «Fisicamente estamos presentes em quatro eixos: fair trade, concept stores, hotéis cinco estrelas e lojas multimarca. Nas lojas onde nos encontramos temos como feedback que muitos dos nossos clientes são turistas. Estamos a iniciar desta forma a promoção em mercados externos, mas, para já, apenas vendemos para o mercado português», assevera Ana Costa.

Nos primeiros três meses de 2018, a Baseville passou do comércio online para o físico e desde aí «verificamos uma subida constante nos volumes de faturação da marca. Existem também indicadores muito positivos resultantes deste primeiro ano: zero devoluções e taxas de recompra em períodos trimestrais de 30%», destaca.

A primeira metade de 2019 foi «fantástica em termos de crescimento. Sentimos a notoriedade e o reconhecimento também a aumentar e percebemos que estamos numa indústria com espaço para uma marca como a nossa. No primeiro semestre do ano triplicámos o valor de faturação do ano anterior», afiança. Com base nisso, para o futuro as expetativas estão em alta. «Gostaríamos de conseguir concretizar a internacionalização. Estamos ainda a estudar a possibilidade de ter um espaço em nome próprio. Com 60% das vendas a ocorrem no retalho físico, para fechar o ano seria interessante conseguirmos alcançar um balanço mais equilibrado entre online e lojas físicas», conclui a fundadora da Baseville.