Em comum, Sónia Afonso e Rute Ribeiro Martins têm a nacionalidade, o gosto por viajar e pela ecologia e, agora, a Hoshi Collective. Depois de cerca de 15 anos entre países, as duas portuguesas encontraram-se nos EUA. Foi ao longo de uma viagem que realizaram juntas, em fevereiro de 2018, entre o Wisconsin e Chicago, que nasceu a ideia de criar uma marca de acessórios. «Quatro horas num carro dão para falar de muita coisa. A ideia começou a formar-se. Ambas temos um grande interesse em moda e, aliando a paixão da Rute por um estilo de vida mais sustentável ao meu interesse pela preservação cultural, nasceu a Hoshi Collective», recorda Sónia Afonso, uma das cofundadoras, ao Portugal Têxtil.

A própria designação da marca dá pistas para o seu cariz multicultural, remetendo aos tempos de Sónia Afonso no Japão. «Desde as primeiras discussões incorporamos a ligação ao Oriente no conceito de marca. Por exemplo, a aplicação amarela que distingue a nossa marca vem de um chapéu tradicional japonês. Além disso, Hoshi significa estrela em japonês», esclarece. Ao longo dos últimos 15 anos, as criadoras viveram em diferentes países, como Irlanda ou Suíça, e apontam a estrela como «um elemento unificador. Independentemente de onde se viva, todos olhamos para a mesma estrela: o sol».
A primeira coleção da marca, a Sunseeker Collection, foi precisamente inspirada no sol, «pois o sol alimenta o crescimento de todas as plantas, a matéria-prima de escolha para estes produtos. Além disso, é o sol que nos dá a luminosidade e o calor que criam o contexto ideal para usar as nossas peças», conta.
Acessórios para muitos verões
Entre chapéus e cestas, a coleção conta «com modelos intemporais, que podem ser usados durante muitos verões», garante Sónia Afonso.
A cocriadora explica que as preocupações ambientais refletem-se em dois fatores: os materiais e o processo. «Os materiais são sustentáveis e, no caso desta coleção, usamos vários tipos de palha: palha toquilla, palha centeio e palha de vime. Tentamos demonstrar o variado leque de possibilidades deste material ancestral, quer utilizando diferentes tipos de palha, quer diferentes técnicas de tecelagem», assegura.
No que toca ao processo, a marca procura «parcerias com grupos de artesãos, de maneira a preservar técnicas tradicionais e, ao apoiar trabalho manual, evitar o impacto ambiental de processos industriais», indica. As peças são produzidas também em diferentes moradas, entre o Equador, Portugal e Indonésia.
O digital como porta para o mundo
Com propostas «para mulheres que querem desenvolver o seu próprio estilo, com elementos internacionais», a Hoshi Collective aposta sobretudo em acessórios e «as três próximas peças» estão já a ser trabalhadas, revela Sónia Afonso.
A curto prazo, o objetivo é também explorar três mercados – EUA, Reino Unido e Portugal – numa incursão onde o digital tem um papel importante. «Nesta fase estamos a apostar sobretudo no espaço virtual, trabalhando com redes sociais e influencers. Vamos agora também iniciar o contacto com lojas em Chicago, Londres e Lisboa», acrescenta. Para 2019, a meta é essencialmente «consolidar o conceito de marca, disseminar a imagem e começar a estabelecer uma base de clientes», afirma Sónia Afonso.