Os 3 R’s da Crafil

Renovar, reutilizar e reciclar é o mantra da Crafil, que tem desenvolvido a sua atividade centrada em gamas e processos produtivos mais amigos do ambiente. Recém-chegada do certame Bluezone, onde apresentou uma coleção em parceria com empresas estrangeiras, a especialista em linhas de costura para denim tem apostado em crescer além-fronteiras.

Vítor Alves

Desde 2013 que a sustentabilidade está enraizada no ADN da Crafil. «Ano de viragem», afirma o sócio-gerente Vítor Alves. Desde então, a empresa tem incluído na sua oferta linhas de costura amigas do ambiente. «Só apostamos em matérias-primas que venham acrescentar mais valor à nossa oferta, sejam elas recicladas ou biodegradáveis», explica ao Portugal Têxtil.

Com 11 linhas de produtos, um dos bestsellers é o Denimfil Eco, um fio 100% poliéster reciclado pós-consumo e certificado pela Global Recycle Standard (GRS). «A principal vantagem reside na reutilização de milhares de garrafas de plástico existentes em todo o mundo, que são um problema para o meio ambiente por não serem biodegradáveis», aponta o sócio-gerente, ao mesmo tempo realça a importância de saber a «origem da recolha das garrafas e de como são processadas».

[©Crafil]
Mais recentemente, a Crafil lançou o Celofil, uma linha 100% celulose obtida a partir da polpa da madeira, que foi desenvolvida para todo o tipo de vestuário que após ser confecionado é submetido ao processo de tingimento. «É, portanto, uma excelente alternativa ao tradicional 100% algodão, tendo esta um comportamento muito similar em tinturaria mas com uma grande vantagem quando utilizada especialmente em tecidos com elastano ou então sujeitos a lavagens ou acabamentos mais agressivos em que a elasticidade e resistência sejam muito importantes», revela Vítor Alves. «Este é ainda um produto completamente biológico e biodegradável», salienta.

Além de uma oferta cujas matérias-primas são pautadas pela sustentabilidade, a Crafil tem priorizado a melhoria contínua dos seus processos, procurando assim reduzir a pegada ambiental.

Exemplo disso são os cones das linhas de costura feitos com reaproveitamento de restos de plásticos evitando «recorrer a material virgem». «O cartão que é usado para a fabricação das nossas caixas é todo ele também reciclado», realça Vítor Alves.

Todos os processos de tingimento são ainda realizados com recurso a máquinas de baixa relação de banho, «onde a economia de água é gigantesca, neste momento também já fazemos tingimento a baixa temperatura, onde a poupança de água é de cerca 50%, a de corantes 30%, a de energia cerca 80% e a de CO2 à volta de 80%», assegura.

Ordem para internacionalizar

Recém-chegada do certame Bluezone, que decorreu em paralelo com a Munich Fabric Start, a especialista em linhas de costura marcou presença, através de uma colaboração, na segunda edição do Circle Book, uma ferramenta criada pela parceria entre a Tencel, a Meidea e a Officina+39 em 2020, para impulsionar a prática do upcycling na indústria de denim. Esta segunda edição contou ainda com as empresas Calik Denim, DrBock+RGT, Ribbontex, Spring85 e Tejidos Royo.

[©Crafil]
Com uma taxa de exportação de 70%, a Crafil continua a ter a Tunísia como principal mercado externo, «onde temos um armazém de distribuição e vendemos os nossos produtos para algumas das melhores marcas de denim do mundo», adianta Vítor Alves.

De acordo com o sócio-gerente da Crafi, 2020 foi um ano difícil para a empresa, que se viu inclusive obrigada a suspender a atividade por algum tempo devido à pandemia mundial. «No entanto, prevemos recuperar este ano para os níveis de 2019», indica.