OptimTex forma jovens para o futuro da ITV

Pensado principalmente para alunos e recém-formados a trabalhar na indústria, o projeto OptimTex disponibiliza um curso online gratuito na área das aplicações de software para tecelagem, tricotagem, vestuário, bordados e e-têxteis com o objetivo de melhorar as competências dos jovens e, assim, beneficiar as empresas do sector.

Fátima Correia, António Dinis Marques, Manuela Neves, Ana Dias e Miguel Ângelo Carvalho

Criado em 2019, o projeto OptimTex, promovido ao abrigo do programa Erasmus+, KA2 – Parceria Estratégica para o Ensino Superior, junta seis entidades internacionais – o INCDTP na Roménia, que tem também a coordenação, a TecMinho em Portugal, a Universidade de Gante na Bélgica, a Universidade de Maribor na Eslovénia, a Universidade Técnica “Gh. Asachi” na Roménia e a Universidade da Boémia Ocidental na República Checa.

«Começámos a gerar esta ideia com base já numa bagagem de parceria que tínhamos com estas instituições de criar um curso online que pudesse fortalecer as competências dos jovens que estão a ser formados nas várias universidades, naquilo que tem a ver com a transição digital e com a indústria 4.0», revela Ana Dias, coordenadora do OptimTex na TecMinho, ao Portugal Têxtil.

Ana Dias

O curso conta com cinco módulos – software de design para tecelagem, software de design para tricotagem, software de design para prototipagem virtual de vestuário, software de design para bordados e software de design experimental de e-têxteis – a que se soma um guia para a transferência de tecnologia e aplicação de soluções de software no seio das empresas têxteis. «A TecMinho é uma interface da Universidade do Minho para a transferência de tecnologia e inovação e aquilo que nós, enquanto parceiros neste projeto, demos como mais-valia foi criar um módulo extra, que faz essa transferência de competências e de inovação entre esta área têxtil e as empresas, ou seja, como é que fazemos a transferência de tecnologia, como é que comercializamos as tecnologias desenvolvidas dentro da universidade e as transportamos para dentro das empresas», explica Ana Dias.

Segundo Manuela Neves, uma das investigadoras da Universidade do Minho que trabalhou no OptimTex, a que se juntaram António Dinis Marques, Miguel Ângelo Carvalho e Fátima Correia, «no âmbito do módulo de transferência de tecnologia, além da teoria das várias fases de um processo de transferência de tecnologia, incluímos exemplos práticos», nomeadamente a spin-off To Be Green, fundada por António Dinis Marques, mas também o processo de transformar o projeto de investigação ProtechDry, que juntou a Universidade do Minho e a Impetus, num produto comercializável, e ainda o caso da IOTech, uma start-up da qual a Riopele é investidora.

Manuela Neves

«Cada universidade desenvolveu uma das áreas [do curso], mas foram criados exercícios onde está atualizado aquilo que há de tecnologia mais atual para ser desenvolvida aquela tarefa. São dados exemplos, exercícios que os alunos podem desenvolver, melhorando as suas competências e até passando a integrar isso no processo de produção. Por exemplo, empresas que trabalham na área da modelação do vestuário e não usam CAD 3D. O software está disponível de forma gratuita, para as empresas começarem a testar e verem o que podem fazer, facilitando os seus processos e melhorando a produtividade», afirma Miguel Ângelo Carvalho.

Miguel Ângelo Carvalho

Benefícios para as empresas

«Na verdade, os alunos também são um movimento de transferência de tecnologia, porque ao adquirirem estas competências, eles próprios vão ser motores de inovação para essas empresas», salienta Ana Dias.

«Acima de tudo procuramos dinamizar novas competências junto dos jovens criativos da área têxtil – muitos estão a sair agora da universidade e vão para a indústria. Que levem novas competências que muitas vezes as próprias empresas ainda não têm ou não aperfeiçoaram, para que, de alguma forma, criem valor e criem novos produtos e novas linhas de trabalho», destaca Fátima Correia.

Fátima Correia

Além do curso online, que pode ser acedido nas línguas nativas das entidades envolvidas, para além da versão internacional em inglês, e consultado de forma autónoma, no âmbito do OptimTex estão a ser feitas apresentações para 20 alunos de diversas nacionalidades em cada sessão, num ciclo que começou online na Universidade Técnica “Gh. Asachi”, passou presencialmente pela Universidade de Maribor e irá terminar, em outubro, na Universidade de Gante. «O que fazemos é pôr em prática aquilo que está online», esclarece Ana Dias.

António Dinis Marques

Embora o projeto acabe em novembro, o objetivo passa pela continuidade. «O projeto termina fisicamente em termos de concretização, mas tudo fica disponível», garante António Dinis Marques, adiantando que a disseminação do projeto passará por um evento multiplicador em que «vamos convidar alguns dos nossos alunos e também alunos que já estejam nas empresas, juniores, para explicar o projeto e para que possam interagir com o curso, porque às vezes as plataformas estão disponíveis, mas as pessoas não entram lá se não souberem».

Além disso, e já a pensar nos próximos passos, «vamos explorar e tentar, até trazendo também a Fibrenamics e o CITEVE, encontrar um espaço colaborativo em que, juntamente com os nossos colegas europeus, possamos dirigir novos caminhos para esta transição digital energética e também a sustentabilidade», avança Ana Dias.