Onda de calor afeta indústria no Vietname

As elevadas temperaturas que se estão a fazer sentir no país estão a levar o Governo a racionar o consumo elétrico, que devido à elevada procura, tem registado cortes. A indústria têxtil e de vestuário está, por isso, a mudar as horas de laboração, numa altura em que se encontra em dificuldades por falta de encomendas.

[©Texhong Textile Group]

Para fazer face à situação atual, as autoridades do país estão a desligar a iluminação pública e os industriais estão a trocar as horas em que operam para terem as fábricas a funcionar em alturas onde a procura por eletricidade é menor.

As previsões meteorológicas apontam que a onda de calor pode continuar em junho, o que levou várias cidades a reduzirem para um décimo a utilização de eletricidade devido a problemas com a rede elétrica. Em alguns locais, sobretudo nas regiões no norte e centro do país, as temperaturas atingiram um recorde de 44,1 ºC.

Para responder a este problema, Hanoi reduziu em uma hora a duração da iluminação pública, apagando ainda a luz em algumas estradas principais e parques públicos.

«Se as pessoas pouparem energia, todos teremos eletricidade para usar, mas se não, vai haver uma sobrecarga elétrica parcial que irá pôr a rede elétrica em risco», explicou à Reuters Luong Minh Quan, eletricista na empresa pública de eletricidade EVN, em Hanoi.

O governo está a pedir que os aparelhos elétricos sejam desligados quando não estão a ser usados e que o ar condicionado seja mantido abaixo dos 26 ºC.

Estão ainda a pedir aos consumidores industriais que operem fora das horas de pico, quando a procura por eletricidade é menor, para diminuir a pressão sobre a rede elétrica nacional, revelou uma fonte da indústria, que pediu anonimato.

[©Texhong Textile Group]
Mais de 11 mil empresas, desde grandes unidades industriais do Texhong Textile Group, da China, ao produtor de calçado sul-coreano Changshin, concordaram em reduzir o consumo onde for possível, segundo indica a ERAV, a autoridade reguladora de eletricidade do Vietname.

Os problemas do país ao nível da energia não são novos, especialmente porque o país depende cada vez mais de carvão importado para gerar eletricidade – o carvão representa cerca de um terço da eletricidade no Vietname, apesar dos investimentos que têm sido feitos em energia solar e eólica.

Em maio deste ano, houve ainda um aumento de 3% do preço da eletricidade do país, que deverá registar subidas novamente no futuro próximo. «Com a grande disparidade entre os aumentos nos preços no retalho e as subidas nos custos das matérias-primas [para a produção de eletricidade], deverá haver alguns aumentos consideráveis num futuro não muito distante. As empresas devem estar conscientes disso, sobretudo nas indústrias que usam muita energia», destaca um artigo da Vietnam Briefing.

As questões com a eletricidade somam-se às dificuldades conjunturais, que já levaram ao despedimento de cerca de 70 mil trabalhadores da indústria têxtil e vestuário do país nos primeiros cinco meses deste ano, segundo indicou o Ministro do Trabalho, Pessoas com Deficiência e Assuntos Sociais, Dao Ngoc Dung, durante uma assembleia nacional que teve lugar ontem, 4 de junho. A indústria têxtil e vestuário foi também onde houve uma maior redução das horas trabalhadas, para 66.600. De acordo com o Ministro, citado pelo VnExpress, os despedimentos, que em todo o país e sectores de atividade terão chegado aos 280 mil, devem-se à falta de encomendas resultantes das dificuldades económicas internacionais, inflação alta e política monetária, assim como uma quebra na procura de moda e eletrónica. Segundo adiantou, muitas empresas têm agora muito inventário que não podem exportar e não estão a chegar novas encomendas.