Não é tarefa fácil cair nas boas graças da toda-poderosa editora-chefe da edição norte-americana da revista Vogue, a mais conceituada e importante publicação feminina do mundo e um dos maiores ícones da moda internacional, a “terrível” Anna Wintour. Mas há quem consiga tal proeza, como foi o caso de Olivier Theyskens, que fascinou não só Wintour mas toda uma legião de fãs que admiram o estilo obscuro, gótico e rock n’roll tão característico do estilista belga. Jovem e com uma carreira promissora pela frente, nem mesmo os momentos menos bons da sua carreira fizeram com que Theyskens baixa-se os braços. Pelo contrário, este estilista distingue-se por ter dado a volta por cima e estar actualmente no comando de uma das mais conceituadas casas de moda francesas, a Nina Ricci. «Trata-se de um talento nato», afirma Anna Piaggi, consultora criativa da Vogue italiana. «Theyskens tem uma qualidade espiritual. Sempre teve um espírito poético, e pode ser considerado como um verdadeiro artista». A primeira vitória do criador belga – que o conseguiu tirar automaticamente do anonimato – surgiu através de uma admiradora de peso: Madonna. A cantora fez questão de usar um vestido seu nos Óscares de 1998 e um outro modelo no vídeo-clip de “Frozen”. Isto permitiu que o estilista conquistasse os críticos da moda, as celebridades e um convite da casa francesa Rochas para assumir a parte criativa. Redefinindo de forma revolucionária o estilo e a identidade da Rochas, Theyskens criou peças que não descuraram o charme francês, a feminilidade e a delicadeza, mas sempre com um toque de modernidade para poderem brilhar nas passerelles. Conseguindo resgatar o frescor e feminilidade que eram marca registrada há anos da Rochas, mas com um ar mais contemporâneo, a sua colecção recebeu os maiores elogios da crítica. Todavia, apesar dos aplausos, por se tratar de uma colecção repleta de peças exclusivas e produzidas à mão, os custos dispararam, limitando o mercado. Por consequência, o grupo Procter & Gamble – proprietário da Rochas desde 2003 – decidiu encerrar a casa de alta-costura, afirmando que esta não era uma actividade prioritária, devido ao diminuto potencial de crescimento. Com o fim desta etapa, nasceria uma nova, ainda mais aliciante. Em vez do caminho do desemprego, Olivier Theyskens galgou as escadas de uma outra casa de renome – a Nina Ricci – na sequência de um convite para assumir o lugar de director criativo da marca. «É uma honra. Sinto que existem alguns valores nesta marca que me são comuns», declarou Theyskens na altura, acrescentando que «gostaria que a Nina Ricci se transformasse num símbolo de beleza, feminilidade e elegância». Um objectivo que está a ser cumprido, como se pôde comprovar na última edição da Semana de Moda de Paris, onde o criador apresentou uma colecção sublime para a Primavera-Verão 2008, na qual predominaram as peças sofisticadas mas com um ar decadente e rebelde, marca registrada de Theyskens. Aos 30 anos, Olivier Theyskens é já um nome no firmamento das estrelas da moda, figurando já entre as suas mais fiéis seguidoras celebridades como Nicole Kidman, Reese Witherspoon, Jennifer Aniston e Sarah Jessica Parker. Mas, apesar de já ter conquistado tanto, podemos estar certos de que ainda ouviremos falar muito deste estilista que arranja sempre uma nova forma de encantar a crítica e o público.