Rápidos e bem equipados Cláudia Tuffers – Hilport Têxteis Os nossos pontos mais fortes aqui em Portugal, é que somos rápidos, estamos bem equipados em termos técnicos e temos uma boa qualidade em termos de matéria prima e também em termos de confecção. Nós sabíamos perfeitamente que o nosso mercado comparando com os restantes da Europa, e comparando com a Grécia e a Turquia, é mais caro. Ainda há dias, uma cliente me disse que os nossos produtos entraram já na gama dos best-sellers, é o produto mais caro que existe na loja sem ser os artigos de marca. A margem dos produtos de Portugal é a melhor de toda a Europa, porque com uma qualidade boa e um aspecto óptimo eles conseguem vender a um preço mais alto, enquanto que as mercadorias da Turquia e Grécia, por exemplo, são comprados muitas vezes para promoções de venda, para fazer uma oferta especial ao cliente e para chamar a atenção. Esta tem sido a nossa experiência em termos de lojas, sobretudo na Alemanha. O nosso ponto fraco em Portugal é que nós temos falta de colecções próprias das fábricas. Acho que o nosso problema neste momento é saber o que é que o cliente quer e para que preço. Conhecer bem o mercado de destino. No meu caso, faço constantemente sourcing pelas fábricas, tento encontrar fábricas que me possam fornecer certo produto. O problema não é que as fábricas não possam fazer tecnicamente esse determinado produto, o problema é que muitas vezes não têm uma apresentação digna para poder levar lá um cliente e dizer que a fábrica faz esta gama toda, agora sentem-se e escolham. O que acho mais importante é que os fabricantes portugueses tenham e muitos já têm show-rooms bons, equipados, limpos, amostras sem pó, porque isso também nos acontece muitas vezes. O show-room é o cartão de visita de uma fábrica. Se não está em perfeitas condições o que é que o cliente que vem do estrangeiro pode pensar? Existem compradores que já estão habituados porque já foram a outros países onde é bem pior, mas aceitam isso porque têm um preço óptimo. Em Portugal já não é bem assim. Quando vêm a Portugal querem sentir-se um pouco mais à vontade. Outro ponto fraco é os atrasos dos fabricantes. Cada dia é mais importante para os compradores no estrangeiro limitar o tempo de entrega das mercadorias. Isto causa cancelamentos O cliente na Alemanha não percebe porque é que há atrasos, nem quer perceber e diz que têm alternativas. Simpatia bom nome e variedade Alcinda Moreira – Win Win Têxteis Trabalhamos quase na totalidade com fabricantes portugueses, contudo começamos agora a entrar noutros mercados de trabalho, devido à pressão dos nossos clientes de produtos e prazos que não conseguimos em Portugal. As nossas maiores dificuldades são: pontualidade nos prazos de entrega (o que sentimos é que falta planeamento), relação preço/qualidade não competitivos (para superar este problema temos que ter mais qualidade e maior rapidez de resposta), falta de informatização (há muitas fábricas que não estão ainda informatizadas e isso traz-nos muitos problemas, nomeadamente ao nível da comunicação), quebras de trabalho na época de férias, e falta de técnicos especializados de acordo com o mercado internacional. Existe uma necessidade de mudança porque: as quotas de mercado são frágeis, a tecnologia possibilita novos meios, o comércio electrónico existe, todas as empresas têm um potencial global, todas as empresas tornam-se repentinamente vulneráveis. Razões que levam a contratar um intermediário: minimizar as despesas do cliente; ter alguém para resolver todos os problemas inerentes ao trabalho. Os EUA são os maiores importadores de têxteis e vestuário. A UE é o maior exportador mundial de têxteis e o 2º maior exportador de vestuário e têxteis. Resumo dos pontos fortes do mercado português: simpatia e bom nome; somos muito simpáticos e temos um bom nome no mercado; Criatividade crescente, é só isso que nos falta, é só pensar um pouco no futuro e por isto a andar. Nunca dizemos que não , mesmo que não haja possibilidade nunca dizemos que não a um cliente, como bons português. E depois também temos uma boa capacidade para nos adaptarmos às varias situações, uma boa flexibilidade; grande variedade de oferta. A curto prazo vão existir apenas dois tipos de empresas: As rápidas e as mortas… Penso que todos nós gostaríamos de pertencer às rápidas. Ninguém quer estar do outro lado em 2005. Vamos todos acordar, vamos fazer qualquer coisa para realmente isto mudar. Temos aqui muitos portugueses que querem lutar mas ao mesmo tempo eu sinto que também há muitos que pensam que há 20 anos atrás faziam 50 mil peças só de um modelo e agora isso infelizmente não há. Ainda há alguns, mas nós não os temos nosso escritório. Temos alguns clientes que são muito bons, dão boas quantidades, mas quando temos uma encomenda de um modelo de 5 ou 10 mil peças quase que fazemos uma festa e já dá direito a abrir champanhe. Parque de máquinas capaz Jorge Silva – In Wear O que acontece neste momento é que é muito complicado para Portugal em tudo que sejam produtos que tenham mão-de-obra intensiva. Portugal tem feito algum investimento no que diz respeito a tecnologias, o parque de máquinas está cada vez mais bem dotado para poder responder a níveis de exigências superiores. O público consumidor no mercado final também é cada vez mais exigente, procura coisas diferentes, inovação, novidades. Para responder a essas novidades é preciso produzir em países que tenham capacidade de inovar e esse será um dos pontos em que Portugal pode competir. Aliás, a Itália e a Alemanha já o fazem e Portugal também terá que o fazer. Competir em design, procurando criar toda uma estrutura de base que permita apresentar colecções. É muito importante haver uma maior dinamização da parte comercial, de marketing, de design de moda. Neste momento a indústria também tem que se virar um pouco para a distribuição. Ela está cada vez mais concentrada. Quando queremos trabalhar o mercado nacional e estar só virados para ele, deparamos muitas vezes com situações como o facto de 80% do consumo ser feito nos hipermercados. Vamos aos hipermercados procurar clientes e encontramos cadeias de lojas especializadas que muitas vezes são estrangeiras, encontramos grandes aglomerados, redes, e não aquele retalhista tradicional, isolado e por isso é muito complicado encontrar novos clientes no mercado nacional. De facto, as empresas portuguesas têm de ir ao encontro dos grandes grupos internacionais, desenvolver campanhas de marketing que sejam muito mais eficientes, que tenham factores competitivos que sejam fáceis de apresentar, que consigam ter, de algum modo, resolvido o problema do preço. Por outro lado, pela associação da capacidade produtiva com o investimento tecnológico e com o design de moda, podemos apresentar colecções próprias. Por outro lado ainda, isso pode ser conseguido se deslocalizarmos uma parte do ciclo produtivo para outros países. Marketing não é um palavrão José Almeida Campos – IT – International Trading Sendo, por definição de negócio, uma Agencia de Compras que capta encomendas de confecção do exterior, nunca tentamos vender um produto específico, e por essa razão os nossos parceiros estratégicos tanto estão na confecção de malhas como na confecção de tecidos. A Europa de Leste é, na minha opinião, o nosso concorrente mais directo pela sua proximidade geográfica e por isso quem está, nos últimos anos de forma assustadoramente crescente, a afectar as nossas exportações. Todos sabemos que os nossos pontos fracos são o Design e sobretudo o Marketing, esta palavra que para muitos é ainda um palavrão mas que para alguns já começa a ser uma ferramenta preciosa. Em 1992, Stephen Higginson, editor de uma das revistas internacionais mais divulgadas em todo o mundo – a IT International Textiles – escrevia que Portugal finalmente tinha condições de investir, devido à desci