O sonho americano

Após um primeiro trimestre “morno”, o crescimento da economia americana arrancou no segundo trimestre de 2007: o PIB aumentou 0,8% em volume, após um tímido crescimento de 0,2% nos primeiros três meses do ano. A crise no crédito deixa, contudo, antever uma ameaça para a continuação desta evolução favorável. O consumo das famílias mantém-se para já bem encaminhado, com o consumo de vestuário a aumentar 6% em valor ao longo do período Janeiro-Junho de 2007, em relação ao mesmo período do ano passado. Nos primeiros seis meses do ano de 2007, as importações americanas de vestuário cresceram 7% em valor em relação às registadas no mesmo período de 2006. O aumento das importações provenientes da China (mais 46%), apesar de importante, deve contudo ser relativizado, uma vez que o início de 2006 registou um nível relativamente baixo destas importações, após a liberalização das quotas em 2005. Este aumento é acompanhado por um movimento mais estrutural de reorientação das importações americanas a favor dos países asiáticos, em detrimento dos seus parceiros tradicionais (Caraíbas, Canadá, América Central, América do Sul). Mesmo sem incluir a China, verifica-se que as entradas de vestuário provenientes da Ásia aumentaram 6% em relação ao ano anterior, ao mesmo tempo que as importações provenientes dos países das Caraíbas ou do México diminuíram 2% e 15%, respectivamente. Esta reorientação das trocas comerciais com a Ásia é igualmente perceptível nas exportações americanas. Se globalmente estas exportações diminuíram (menos 2% para o têxtil e menos 16% para o vestuário nos primeiros meses do ano), as mesmas intensificaram-se em direcção da China (mais 10% para o têxtil) e da zona ASEAN (mais 8%). Pelo contrário, as exportações americanas de têxteis perdem terreno para o México (menos 8%) e para o Canadá (menos 2%). Os volumes exportados pelos EUA para a Ásia são negligenciáveis, comparados aos que importam desta zona.