O que é nacional é bom

Desde a passada rentrée, como aliás lhe é habitual, o Portugal Têxtil desvendou muitas novidades, planos e projetos da indústria têxtil e vestuário nacional que, reforçando pilares do passado, nunca deixa de erguer pontes para o futuro. Uma releitura obrigatória impõe para combater o estigma da “silly season” desta estação do ano.

Antes do regresso ao trabalho, nada melhor do que um sumário de um sector que conta, como mostrou a “Conferência Compete 2020 ao lado de quem cria valor” (ver Um sector de valor), fio condutor da última edição do Jornal Têxtil antes de partir para a sua tradicional pausa estival.

E por falar em fios a Lipaco mostrou como se eleva a fasquia, na sequência do investimento na nova tinturaria, avaliado em 1,5 milhões de euros – que contribuiu para o aumento tando do volume de negócios, como do efetivo de pessoas que emprega (ver Lipaco ganha aposta). «Posso dizer que, desde que instalámos a tinturaria, crescemos 35%», afirmou o CEO Jorge Pereira. Cerca de 60% da capacidade da tinturaria está atualmente dedicada à produção própria, enquanto os restantes 40% estão destinados à prestação de serviços para terceiros.

Já nas malhas, as dores de crescimento não se sentem, mas reconhecem-se. A Joaps Malhas quer estar à frente da moda, com apostas na diversificação na carteira de clientes, onde constam já nomes como Burberry e AllSaints, com uma oferta variada, da moda aos artigos técnicos.

Na produção de vestuário seamless, a Sonicarla e a Malhas CEF têm bons trunfos para jogar. Antevendo uma procura nos mercados e clientes que serve, a Sonicarla tem apostado no desenvolvimento de novos produtos para estar à frente da concorrência, numa amálgama de performance e moda que navega na tendência do athleisure (ver Sonicarla joga na antecipação), enquanto a especialista em seamless do Grupo Impetus tem vindo a ampliar o seu parque de máquinas, um dos passos do roteiro de crescimento do gigante têxtil até 2020 (ver Malhas Cef em expansão).

Fazendo o compêndio das novidades nos tecidos, a Albano Morgado, tem procurado ganhar mundo. Ainda com grande parte das vendas concentradas em Portugal, a especialista em lanifícios aumentou a quota de exportação de 20% para 55% em apenas oito anos. Os EUA e o Japão são a grande aposta para o corrente ano.

O fenómeno da globalização também colocou a Cotex à prova, mas a produtora de rendas, fundada em 1975, soube adaptar-se, adquirir novas valências e conquistar outros segmentos de mercado. Zara e Dolce & Gabbana são apenas dois dos nomes internacionais que já não dispensam a criatividade da Cotex nas suas coleções (ver Cotex supera todas as provas). Ainda nos têxteis a duas dimensões, a Imprimis by Gulbena investiu no aumento de capacidade, com a aquisição de um terceiro equipamento para alavancar o crescimento no mercado da estamparia digital (ver Gulbena reforça negócio).

Já no vestuário, os casacos renovaram o seu estatuto de peça-assinatura e, para homem ou para mulher, as empresas nacionais continuam a distinguir-se pela qualidade. Nascida há 35 anos no Porto, a Confecções Manuela & Pereira, que tem nos casacos de senhora o seu core business, mudou-se 10 anos depois para Baião e aí está até hoje, como contou a sua fundadora. Apesar da interioridade da localização, a aposta num serviço de qualidade – garantido por uma atenção especial aos recursos humanos – permitiu-lhe granjear a preferência de grandes marcas internacionais (ver Costura perfeita). Por seu lado, a Lima Azevedo & Gomes começa já a vestir os seus fatos de homem aos mercados externos (ver Lima Azevevdo & Gomes abre novas portas).

Casacos, fatos e camisas alimentaram alguns dos principais destaques do Portugal Têxtil em 2016, como foi o caso da Camisas Machado, um pequeno negócio familiar sediado em Joane, Vila Nova de Famalicão que une políticos.

Consciente de que a união faz a força e para melhor mostrar as suas competências na aplicação de acessórios e decoração ao vestuário, que inclui transferes em strass e vinil, corte e gravação a laser, estamparia digital, sublimação e serigrafia, a Com-Prensa tem vindo apresentar coleções feitas em parceria com confeções nacionais.

Já no domínio do denim, a Pizarro destacou-se, em 2016, pela inovação (ver Pizarro sempre a inovar).

Com pé ligeiro estão também as meias, uma indústria de tradição que se tem rendido à inovação. Os artigos da Barcelcom, da Ribeiro & Verstraete, da Faria da Costa e da Fiorima compilaram as mais interessantes notícias neste segmento. Dos led’s à introdução de nanotecnologia, esta última corre no caminho da inovação. A peúga polaina – que protege os atletas da entrada de água e areia no sapato enquanto praticam desporto – provou ser um sucesso no mercado, mas a Fiorima mantém a tónica de desenvolvimento constante de novos produtos (ver Fiorima revoluciona meias).

Os têxteis-lar nacionais continuam a fazer do mundo casa e empresas como a Lameirinho, Domingos de Sousa, Bovi, Piscatêxtil e J.F. Almeida estão de olhos postos no futuro.

Depois de um crescimento a dois dígitos em 2015, de 11,5% para 36 milhões de euros, a J. F. Almeida prepara-se para dar igual salto e chegar «aos 40 milhões de euros no final do corrente ano», revelou o presidente da empresa, Joaquim Almeida (ver J.F. Almeida a todo o vapor).

Entretanto, a tecnologia vai mostrando novos caminhos ao sector e os têxteis técnicos não param de dar boas-novas. Inicialmente vocacionada para o calçado, a Foot by Foot expandiu-se para outras áreas de atividade, tendo atualmente um portefólio que serve igualmente a indústria automóvel, a confeção e os têxteis-lar. A aposta em I&D tem dado frutos e o projeto de expansão passa por novos produtos e mercados para chegar a todo o mundo (ver I&D no centro da Foot by Foot).

A revolução da Penteadora – um dos artigos mais lidos no portal – foi outro dos temas em destaque. A área de tecidos técnicos da empresa do grupo Paulo de Oliveira vai formosa e segura graças ao desenvolvimento de soluções para proteção em vários sectores. Mas há mais: a Damel apresentou novos produtos para as forças militares, a especialista em laminagem Coltec investiu na moda e, na Fapomed, a saúde está sempre em primeiro lugar. Mas, tal como este artigo ilustra, a indústria têxtil e vestuário portuguesa tem saúde para dar e vender.