O melhor da alta-costura

Apenas 20 marcas participaram na última edição da Semana de Alta-Costura de Paris, um certame que se realizou durante três dias repletos de fantasia e com um dia adicional dedicado em exclusivo à joalharia. No entanto, a crise tem vindo a dificultar de forma significativa o desenvolvimento das empresas de luxo, que realizam um esforço quase heróico para manter viva esta passerelle, na qual se reinventa a arte e o lado mais festivo da moda. Um exemplo disso mesmo foi a apresentação de Elie Saab inspirada na delicadeza das ninfas, com peças estonteantes traduzidas em vestidos levemente românticos que pareciam flutuar na passerelle. Já no desfile da Chanel destacaram-se a sobriedade nas formas e a riqueza dos tecidos, com uma plateia que reuniu celebridades de três gerações distintas na Cidade-Luz. Lagerfeld, por outro lado, centrou a sua atenção nos materiais, na textura, no peso e na rigidez, para construir peças aparentemente simples, mas repletas de detalhes magistrais. «Esta é uma colecção bastante pudica. Actualmente vemos tanta carne exposta que sentimos desejo de mais refinamento e moderação. O lado misterioso não impede que seja resplandecente», salientou Lagerfeld aquando da sua apresentação. Já Galliano parece continuar a sua luta para fazer renascer as tradições e a história da casa Dior. O designer britânico continua a “renovar e recriar” os padrões que colocaram o nome da marca nos livros da história da moda. O estilista continua igualmente a manter a sua imagem de marca, nestas colecções de alta-costura, ou seja, exuberância e teatralidade. A alta-costura num tom mais futurista surgiu das mãos de Giorgio Armani que aplicou cortes limpos e orgânicos, silhuetas definidas e cores vibrantes às suas peças. Por outro lado, a colecção de Jean Paul Gaultier foi uma das mais aplaudidas deste certame. O criador francês apostou na sofisticação com um toque étnico, urbano e burlesco. «Pretendi com esta colecção criar algo muito moderno, esculpido, claro e gráfico», salientou Gaultier, que terminou o seu desfile com uma dançarina de cancan. Apostando no poder feminino, Valentino subiu à passerelle com uma proposta muito mais romântica, optando por apresentar vestidos ligeiros e subtis e com um certo toque de sensualidade traduzido na utilização de transparências. Esta semana de moda de Alta-Costura provou, assim, que apesar das dificuldades, com as quais os estilistas se debatem para manter este evento “vivo”, este é um certame único, onde alguns dos maiores nomes da moda continuam a mostra peças exclusivas e históricas.