O lado mais sustentável da Mango

Coleções mais ecológicas e compromissos em áreas como a redução das emissões e resíduos, economia circular, biodiversidade, transparência e rastreabilidade são algumas das medidas que a Mango, que registou um volume de negócios de 1.842 milhões de euros em 2020, tem procurado implementar.

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A sustentabilidade é um dos pilares estratégicos da empresa espanhola, motivo pelo qual tem procurado adotar várias iniciativas para reduzir o impacto no ambiente. «Temos o compromisso de continuar a trabalhar para ser uma empresa cada vez mais sustentável. É por isso que estamos a dar grandes passos em projetos muito ambiciosos e que vão permitir minimizar o nosso impacto e alcançar os exigentes objetivos de sustentabilidade que definimos», afirma Toni Ruiz, diretor-geral da Mango.

Um dos projetos estabelecidos pela retalhista de moda é a assinatura do Fashion Pact em 2019, onde a Mango assumiu compromissos em áreas como o produto, a redução de emissões e resíduos, a economia circular, a biodiversidade, a transparência e a rastreabilidade. Como parte deste acordo, a empresa espanhola vai colaborar com a Associação Vellmarí, fundada em 1993 e liderada por Manu San Félix, biólogo, mergulhador, fotógrafo e explorador da National Geographic, cujo objetivo é «aproximar a natureza das pessoas, fasciná-las e inspirá-las para que entendam a importância dos oceanos para as nossas vidas». Sob a crença de que a educação dos jovens é a forma de mudar o futuro para melhor, a Mango vai apoiar o projeto pioneiro Posidonia Lab da associação sem fins lucrativos que pretende proteger a posidónia, uma espécie do Mediterrâneo.

Mas não é só na inovação e no processo educativo que se centram as ações da retalhista, tendo em conta que as próprias coleções assumem características cada vez mais sustentáveis. Além da coleção cápsula Mineral Dyes, composta por peças em algodão sustentável, produzidas através de pigmentos orgânicos extraídos de plantas, insetos e minerais com propriedades químicas que permitem o tingimento com fibras naturais, evitando, deste modo, qualquer contaminação para o meio ambiente, a Mango tem também a linha Committed, que foi evoluindo para uma coleção permanente da marca. De acordo com a Mango, 79% das peças já pertencem a esta coleção, sendo que o objetivo é alcançar a totalidade em 2022.

A Committed, que passou de 19 milhões de unidades em 2019 para mais de 47 milhões em 2020, apresenta produtos com características sustentáveis a partir do uso de fibras e processos ecológicos que permitem reduzir o impacto ambiental e contribuir para uma economia circular. «Quanto ao uso de fibras sustentáveis, a Mango definiu o objetivo de chegar a ter 100% de algodão sustentável e 50% de poliéster reciclado nas suas coleções antes de 2025. Em 2030, a Mango prevê chegar a 100% de fibras celulósicas de origem controlada e rastreável», indica a Mango em comunicado.

Ir mais além

A substituição dos sacos de plástico da cadeia de aprovisionamento por sacos de papel é também uma das ações implementadas pela retalhista, que tem como objetivo fazer o mesmo com os fornecedores ao longo de toda a cadeia de produção. Na prática, ao finalizar o projeto, a Mango vai deixar de utilizar cerca de 160 milhões de sacos de plástico por ano. Os fornecedores da Turquia serão a primeira colaboração da Mango e os restantes países seguir-se-ão nos próximos meses.

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Nas próprias lojas, a melhoria da eficiência energética é outra das apostas da retalhista espanhola, assim como conceito do espaço que deverá incorporar materiais sustentáveis como tintas naturais.

Através de uma iniciativa de reciclagem, apoiada pela Moda re-, a Mango recolheu 42 toneladas de peças no ano passado para reutilização, reciclagem e valorização energética. Em 2020, a empresa dispunha de 610 pontos de recolha em 11 países e, este ano, este serviço disponível nas lojas da marca será alargado até 200 novos pontos em países como a Áustria, Itália, Polónia, Turquia, Suíça e Rússia.

Resultado extraordinário

A Mango fechou o ano de 2020 com um volume de negócios de 1.842 milhões de euros, apesar das quatro etapas «muito diferenciadas» pelas quais a retalhista teve de passar. Nos meses anteriores à pandemia, registou um crescimento de vendas de 8%, mas, com o encerramento total ou parcial das lojas na primeira vaga do vírus, o canal online contribuiu para 93% das vendas, motivo pelo qual a receita total teve uma queda de 50%. Já na fase de recuperação, entre julho e outubro, a normalidade atingiu quase os níveis de 2019, visto que, em outubro, as vendas foram somente 6% inferior às do ano anterior. Com o embate da segunda vaga, o online voltou a ser a salvação, com grandes aumentos no volume de negócios, sustentados pela Black Friday e pela época natalícia.
«Vivemos um ano absolutamente excecional e imprevisto para todos. Graças à grande aposta que a Mango tem vindo a fazer desde há 20 anos no seu canal online, conseguimos que em 2020 tenha representado 42% do nosso volume de negócios total, que é um número extraordinário no nosso sector e uma grande vantagem competitiva para a nossa empresa», destaca Toni Ruiz.

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Perante a situação sem precedentes, o canal online voltou a apresentar um crescimento acentuado, alcançado um volume de negócios de 766 milhões de euros, um aumento de 36% face ao ano anterior. Atualmente, o online representa 42% do volume de negócios total do grupo, com uma subida notável nos mercados português, francês e italiano, com aumentos próximos ou superiores a 100%.

Em 2021, a retalhista de moda quer atingir mil milhões de euros no volume de negócios do online, estando, por isso, a focar-se em novos projetos que vão desde a hiperpersonalização da experiência de navegação e compra em todos os dispositivos, utilização de novas tecnologias baseadas na inteligência artificial para melhorar o serviço pós-venda à inclusão das franquias nas iniciativas omnicanal.

Mesmo com o impacto da pandemia, a empresa manteve todos os investimentos relacionados com a transformação digital, que rondaram os 27 milhões de euros.
«Despedimo-nos de um ano absolutamente atípico e imprevisto, em que fomos capazes de assegurar a competitividade e a liderança da empresa sem desistir de avançar ainda mais rápido na sua transformação. Por isso, saímos reforçados e começamos 2021 com um grande número de projetos muito entusiasmantes que nos colocam numa posição privilegiada para enfrentar a fase de recuperação que se avizinha», conclui o diretor-geral da Mango.