O ritmo de adesão das empresas têxteis portuguesas à Internet é bastante inferior ao das suas congéneres internacionais. Segundo a base de dados de empresas têxteis do Portugal Têxtil, apenas 5% das empresas têxteis portuguesas têm um site na Internet, embora quase 20% tenham um endereço de correio electrónico. E as grandes empresas do sector não podem ser considerados exemplos, dado que muitas delas nem sequer têm presença na Web. A qualidade dos sites, a inexistência de informação pertinente, e a falta de actualização periódica dos conteúdos são os grandes defeitos dos sites das empresas têxteis. Também não ajuda o facto de não existir, por parte das Associações Empresariais e das entidades governamentais, uma estratégia concertada para fomentar a presença das empresas têxteis portuguesas na Web.
Em 1998, o CENESTAP tentou alterar esta situação através do lançamento do primeiro portal têxtil na Internet, o Portugal Têxtil, que além de fornecer diversa informação sobre o sector, pretendia ser um centro de negócios e disponibilizar um espaço próprio para as empresas alojarem os respectivos sites. Porém, na altura, o sector estava alheado das potencialidades da Internet e não aderiu ao projecto. Só com o boom da Internet no final de 1999 e princípio de 2000 é que os empresários acordaram para a realidade da nova economia. O Portugal Têxtil reformulado aparece então em 2001 com o objectivo principal de se tornar o Centro de Conhecimento da Indústria Têxtil e do Vestuário. Com uma equipa própria a produzir conteúdos e aproveitando as sinergias do Jornal Têxtil e dos parceiros, nomeadamente o Citeve, o Portugal Têxtil conta com o apoio da maior parte dos intervenientes na fileira têxtil, nomeadamente as Associações do sector, o ICEP, o IAPMEI, as universidades, os centros de formação, etc.
Relativamente à área de negócios, os e-marketplaces existentes no mercado, como o IndustryPortugal da AEP, o Forum B2B ou o TradeCom da Portugal Telecom, não possuem ainda uma estratégia definida para a Indústria Têxtil e do Vestuário, embora cobicem este mercado dado as suas grandes potencialidades. Esta falta de estratégia possibilitou o aparecimento de um portal B2B (business-to-business) específico do sector, o Newportex, que tem como vantagem o facto de ter sido criado por uma associação do sector.
Uma das empresas que resolveu apostar nos e-marketplaces foi a Têxtil Manuel Gonçalves que recentemente injectou mais de 600 mil contos na empresa sueca TextileSolutions que gere um site de negócios com o mesmo nome.
Relativamente ao e-commerce tradicional (o chamado B2C business-to-consumer) existem já algumas empresas portuguesas com sites bastante desenvolvidos, como é o caso da Petit Patapon. Esta empresa, já possui, desde 1999, um site dedicado ao comércio electrónico das suas roupas e tem feito investimentos avultados na Internet estando agora a colher os frutos. Outro projecto bastante avançado tecnologicamente é o da Maconde, através do site da MacModa, actualmente em reformulação e que vai recorrer à utilização de manequins virtuais para ajudar o consumidor na selecção dos produtos mais adequados. Algumas empresas têxteis centraram a sua estratégia de negócio na Internet na presença em centros comerciais virtuais. Um dos centros que possui mais empresas têxteis alojadas é o Shopping Direct, que conta com a presença da Barcelense, da Mystic Shirt, do Atelier de Camisa e da Giannone, entre outras.
Já a Macal possibilita, através da Internet, que a sua rede mundial de clientes saiba em que estado é que estão as respectivas encomendas
Todos estes projectos inovadores parecem indicar que a Internet têxtil portuguesa funciona a duas velocidades: algumas empresas estão ao nível do que de melhor se faz a nível mundial, enquanto a maior parte nem sequer tem uma presença ou uma estratégia delineada.