É preciso viajar mais O Jornal Têxtil deslocou-se à Alemanha para visitar aquela que será neste momento a maior feira de vestuário do mundo, a CPD-Dusseldorf, aproveitando para registar a presença nacional numa área com 200 mil m2, onde 46 países se distribuíam por 17 pavilhões. O facto de ter encontrado apenas 5 empresas em 2000 expositores, 3 delas pela primeira vez, e a discrição dos stands nacionais ladeados por gigantescos espaços dos nossos concorrentes, levou-nos a questionar qual a aposta que as nossas empresas fazem na imagem e na presença em feiras internacionais. Assim, falámos com algumas das principais organizações destes certames, com o ICEP e com algumas das empresas presentes e concluímos que, embora o panorama não seja tão negativo como possa parecer, a presença nacional ainda se faz com alguma timidez. Encontramos a excepção no sector dos têxteis-lar, com 87 empresas presentes na mais representativa feira internacional, a Heimtextil, e o ICEP a confirmar a capacidade organizativa desta «elite». As empresas alegam falta de concertação, falta de meios financeiros para comportar todos elevados custos inerentes e falta de planos de acção globais é lamentável que países sem a nossa tradição têxtil (Brasil, Espanha e Turquia), surjam neste eventos como verdadeiras potencias têxteis, confessa uma das empresas – com marketing directo junto dos compradores, media e consumidores finais, realizando porventura uma mais eficaz mostra da qualidade nacional. O ICEP alega falta de iniciativa das empresas, pois actualmente faz precisamente isto, quando solicitado. Mas não pode ser eternamente o timoneiro de toda a internacionalização, acrescenta. Era fácil para as empresas na altura do Retex, quando lhes preparavam tudo, e foi o ICEP que as lançou nas feiras nesses tempos. É uma questão cultural, as empresas não são pró-activas nesta matéria, quando lhes tratam de tudo criticam, mas depois vão, acrescenta. Agora que isso já não acontece, exceptuando um pequeno grupo, desnorteiam-se e hesitam. E já que ao abrigo do POE não faz sentido apoiar acções continuadas, apenas de inovação e penetração em novos mercados, caberia às empresas incluir este passo nos seus planos anuais estratégicos e às várias associações do sector agora em sucessivos processos de fusão para seu fortalecimento apoiar as empresas em acções continuadas, para as quais o ICEP já se disponibilizou como parceiro. O apoio logístico do ICEP nunca esteve em causa, até porque isso actualmente ainda é assegurado, apenas com transferência dos encargos financeiros para as empresas, mas convém alertar o ICEP para o presente desafio de aculturação, sensibilização e formação das empresas nesta matéria. Agora é essencial. Não podemos deixar de observar a Itália, a Espanha, a Turquia e a Alemanha, que nas grandes feiras contam com representações colectivas de empresas, através de pavilhões que na maior parte das vezes são organizados e patrocinados pelos organismos públicos responsáveis pela promoção do comércio externo desses países, mas com a actual conjuntura resta aguardar por melhores tempos. Como a indústria não consegue suportar as despesas da tantas deslocações a tantas feiras, e que os empresários já sabem quais as mais relevantes para o segmento onde operam e não estão obviamente interessados em ir a várias feiras do mesmo foro em diferentes cidades no mesmo mês, convinha de facto convergirem todos os essenciais esforços de internacionalização, e de aposta na imagem, para as feiras mais importantes. Regista-se também alguma falta de coordenação entre as empresas e o ICEP, pois no primeiro caso que referimos, demos com as nossas empresas na Alemanha a alegar falta de concertação institucional, a acusar total abandono e o ICEP diz que não foi contactado. O empresário nacional também hesita muito. Depois da Maconde e da Profato terem estado em Colónia, na feira que foi «absorvida» pela CPD, já não passaram para esta última. Por tudo isto, e por alguma falta de iniciativa das empresas, a imagem dos nossos discretos stands contrastava com os imponentes mega-pavilhões espanhóis e italianos, por exemplo. O que definitivamente entra em dissonância com o período em que o governo lança o programa Dínamo- Dinamização da Moda, em que se tenta que a ITV suba na cadeia de valor, investindo mais nas marcas, no marketing, no design e na distribuição, onde a imagem é a fulcral ferramenta de trabalho. É a vez das empresas No âmbito do QCA II os programas e apoio à internacionalização disponíveis, designadamente o RETEX, permitiam o apoio directo às empresas em despesas de participação em feiras internacionais. Por outro lado, era possível que o ICEP mobilizasse a própria participação física das empresas, organizando pavilhões oficiais, com a apresentação da oferta nacional de forma agregada. Com o III QCA, designadamente através do POE esses apoios à participação em feiras passaram a dirigir-se a acções de promoção de carácter mais abrangente e direccionado à melhoria de imagem do sector, revertendo a favor de empresas presentes de forma indirecta e incidindo sobre elementos de promoção de carácter mais imaterial, designadamente publicidade, mailing internacional, produção de material informativo, organização de fóruns representativos da oferta e pesquisa e divulgação de oportunidades comerciais. No âmbito das principais acções levadas a cabo nos últimos três anos pelo ICEP, inclui-se a participação e apoio em cerca de 40 feiras, realização de seminários de apresentação de tendências sub-sectoriais em mercados específicos, realização de programas de visita de agentes económicos com o objectivo de fomentar contactos comerciais, realização de publireportagens dirigidas a mercados potenciais da produção nacional. Em 2002, o ICEP esteve presente em 10 feiras, com o seguinte rol de actividades: Heimtextil Promoção da presença portuguesa (88 empresas) na maior feira internacional para o sector de têxteis-lar, através da elaboração de um catálogo e realização de mailing aos principais importadores, apoio logístico na organização da participação conjunta de 18 empresas, localizadas em três diferentes áreas de produto (cama, mesa e banho). Casa Têxtil – Apoio na promoção internacional do mais importante certame sectorial em Portugal, através da elaboração de mailing aos principais agentes económicos internacionais, convite a jornalistas e importadores. Acção em parceria com a Exponor. Tissu Premier (2 edições) – Stand informativo/Fórum de tendências com base na oferta de tecidos das 12 empresas presentes/Mailing em França/Publicidade em França/Dossier de imprensa e expositor. Première Vision (2 edições) – Stand informativo/Fórum de tendências com base na oferta portuguesa de tecidos/Mailing internacional em 13 mercados/Publicidade em França/Outdoors em Paris/Catálogo dos expositores portugueses/Dossier de imprensa e expositor. Interselection (2 edições) Publicidade em França/Catálogo sobre os 17 expositores portugueses/Reuniões prévias com expositores e prospecção e identificação de oportunidades de negócio para preparação da participação/Mailing em França, Bélgica e Espanha/Publireportagem no Journal du Textile. Modtissimo (2 edições) Parceria com Selectiva Moda/Organização de convites a compradores e jornalistas de 17 mercados (Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, Áustria, Holanda, Bélgica, Itália, Grécia, Noruega, Finlândia, Dinamarca, EUA, Marrocos, Polónia, Hungria, e China)/Mailing internacional/Apoio à realização de desfile/Preparação de dossiers de imprensa, de comprador e de expositor/Acompanhamento.
(Continua)