Novas Fronteiras

Quem entra na loja, rapidamente se apercebe do conceito japonês. O branco predomina assim como as madeiras claras. Cerca de 2.000 artigos estão colocados de forma ordenada nas prateleiras fixas às paredes, enquanto que meia dúzia de peças estão expostas, no meio da loja, nos expositores de vidro. Sóbria, minimal, a marca Muji visa uma clientela dos 20 aos 30 anos, com rendimentos relativamente modestos, que faz habitualmente as suas compras em lojas como Gap, Target ou Ikea. 35% a 40% do espaço de venda é consagrado aos têxteis-lar: toalhas, lençóis e almofadas em diversas cores. As peças de vestuário como os casacos, camisas, t-shirts, lingerie, vestidos e calças estão disponíveis em tecidos exclusivos de tons creme, bronze, castanho, azul-marinho e preto. Os padrões apenas se avistam nas meias, riscas e escocês, e nas mantas de lã. A marca japonesa oferece, para além de têxteis-lar e vestuário, artigos em porcelana da China, alguns móveis e ainda uma linha de cuidados de beleza. «Em 1980, quando abrimos a nossa primeira loja, no Japão, tínhamos apenas um só produto. Hoje oferecemos mais que 2.000», refere Masanobu Furuta, vice-presidente da Muji. Actualmente, a empresa realiza um volume de negócios de mil milhões de euros e possui 392 lojas espalhadas por 15 países, sendo que 34 estão localizadas na Europa. É da Europa aliás que provêm as peças de vestuário da loja nova-iorquina, pois os americanos têm necessidade de tamanhos maiores do que os que são oferecidos pelas 320 lojas japonesas. A direcção de Ryohin Keikaku, a casa-mãe de Muji, há muito que está de olhos postos no mercado americano. Contudo, foi com muita prudência que a marca penetrou naquele território. Primeiramente, em Outubro de 2000, lançou um site na Internet para testar as reacções dos americanos face à marca, que acabou todavia por fechar. No entanto, para os amantes da Muji, a marca disponibilizava alguns produtos em duas lojas dentro do famoso museu Moma (Museum of Modern Art), situado em Nova Iorque. O grupo japonês retoma agora a ofensiva com a abertura da sua loja no bairro Soho e promete, para muito em breve, uma segunda no centro da cidade que nunca dorme, perto de Times Square. Se a experiência for positiva, novos pontos de venda nascerão em Bóston, Chicago e São Francisco. Para festejar a sua chegada a Nova Iorque, a direcção da marca fez questão em apelar às causas ecológicas. «Queremos reduzir os desperdícios, limitar a embalagem», explica Masanobu Furuta. Desta forma, formam distribuídos, gratuitamente, sacos de algodão aos primeiros 500 clientes. Os seguintes tiveram que pagar um dólar por cada saco. E, para incentivar o consumidor a não desperdiçar os sacos de plástico, a marca propõe aos clientes, de três em três meses, uma redução de 15% sobre o preço, a quem estiver munido de um saco.