As negociações actualmente em curso entre a Children’s Place e a Walt Disney Co propõem a transferência de 220 das 335 lojas da cadeia de lojas Disney de volta à Walt Disney, com o provÁvel fecho das restantes 115, numa acção que é vista como positiva para ambas as empresas e que irÁ pôr fim a um acordo firmado em Outubro de 2004. O analista John Zolidis da Buckingham Research afirma, numa nota aos investidores, que o retalhista americano Children’s Place tomou uma decisão ousada» ao sair do negócio da Disney Store, mas que isso deverÁ resultar num aumento generalizado dos lucros da empresa e num melhor retorno para os accionistas». Da mesma forma, a Walt Disney Co revela acreditar que as Disney Stores podem ser uma extensão importante da marca “Disney” e que uma cadeia mais pequena mas mais direccionada pode ser economicamente mais viÁvel. Desta forma, as operações na América do Norte serão acrescentadas às lojas Disney que a empresa opera na Europa e licencia no Japão. A cadeia Disney Store, que vende vestuÁrio e brinquedos baseados nas conhecidas personagens de banda desenhada de Walt Disney, apresenta, segundo as estimativas, um prejuízo de 50 milhões de dólares por ano após uma expansão exagerada e alguns problemas no mix de produto, com os mais recentes resultados a mostrar que as vendas do quarto trimestre caíram 4% nas lojas Disney. Igualmente preocupante, a distracção fornecida pela Disney significou um certo descuido das 904 lojas da Children’s Place, que enfrentavam problemas devido ao aumento da concorrência e ao cada vez mais difícil ambiente de retalho. No final do ano passado, a empresa admitiu que nem tudo estava bem e que iria rever as suas operações e analisar as opções estratégicas para a Disney Store, com uma reorganização ou venda. A sua decisão de finalmente deixar a cadeia foi baseada numa revisão cuidada da operação, no seu potencial para crescimento, na sua necessidade de capital e na sua capacidade para financiar essas necessidades através dos seus próprios recursos», revelou a Children’s Place na semana passada. O anúncio da Children’s Place surgiu numa altura em que a empresa reportou perdas no quarto trimestre na ordem dos 58,5 milhões de dólares, ou seja, 2,01 dólares por acção, sobretudo devido aos custos de 80,3 milhões de dólares relacionados com o negócio da Disney. No trimestre anterior, a empresa apresentou lucros de 44,7 milhões de dólares, isto é, 1,48 dólares por acção. As vendas aumentaram 4% para os 670,9 milhões de dólares, com o volume de negócios da marca The Children’s Place a aumentar 6% em termos anuais mas a manter-se estÁvel nas lojas Disney. As vendas comparÁveis – um indicador-chave da performance do retalhista uma vez que mede o crescimento nas lojas existentes – aumentou 3% em todas as lojas da empresa, mas caiu 4% nas lojas Disney. Para o conjunto do ano, a empresa registou perdas de 59,6 milhões de dólares, em relação ao lucro do ano anterior de 87,4 milhões de dólares. No entanto, o volume de negócios aumentou 7%, para os 2,16 mil milhões de dólares. As Disney Stores, operadas pela subsidiÁria da Children’s Place, Hoop Holdings LLC e Hoop Holding Canada Inc, registaram um prejuízo operacional de 92,1 milhões de dólares para o quarto trimestre e 107,3 milhões para o ano. A Hoop Holdings apresentou mesmo um pedido para protecção à bancarrota ao abrigo do Capítulo 11 a 26 de Março, com uma recuperação programada para 30 de Abril assim que a saída do negócio das Disney Stores esteja completo. Se as duas empresas poderiam alguma vez operar em sintonia é uma questão em aberto. Nos últimos anos, estiveram em desacordo sobre o plano de renovação das lojas acordado inicialmente. Em Agosto último, a Children’s Place violou o acordo ao falhar os prazos para remodelar 234 Disney Stores num novo formato. Ao mesmo tempo que quer deixar as Disney Stores na América do Norte, a Children’s Place afirmou que quer igualmente cortar os custos para menos de metade no ano fiscal de 2008 e eliminar 130 postos de trabalho. A empresa pretende também reduzir o seu inventÁrio para níveis mais adequados. Chuck Crovitz, CEO interino, afirmou estar confiante que as acções levem a um crescimento rentÁvel a longo prazo». Em particular, antecipa o crescimento das vendas no próximo ano com a abertura de 30 novas lojas. E talvez com a distracção das Disney Stores fora do caminho, a gestão possa finalmente concentrar-se na construção da marca Children’s Place. Contudo, mantém-se um “espinho” do lado do retalhista: o seu ex-CEO Ezra Dabah, que tem uma quota de 17,9% na Children’s Place d foi despedido em Setembro passado devido a alegações de violação do código de conduta da empresa no que respeita à comercialização de títulos. No entanto, correm rumores de que quer fazer uma oferta para comprar o retalhista.