A capacidade de tricotagem superior às necessidades da produção de roupa de cama, juntamente com o know-how acumulado nos últimos quase 40 anos, levou a Irmãos M. Marques a investir nesta nova área de negócio, concretizando uma ideia em maturação há cerca de um ano. «As malhas são um mercado muito competitivo mas muito interessante. E nós temos esta vantagem de que as nossas máquinas, como são de grande diâmetro, tanto podem fazer têxteis-lar como podem fazer malhas para vestuário», explica o administrador Miguel Marques.
Agenda de aquisições e reorganizações
O parque de máquinas de 14 teares circulares tem uma capacidade de produção de três toneladas/dia, mas há novos investimentos planeados. «Em princípio vamos comprar duas máquinas novas, para termos uma oferta mais diversificada», revela Miguel Marques ao Portugal Têxtil. Um tear para interlock e um outro para single jersey são as apostas previstas pela produtora de malhas, que antecipa investir à volta de 100 mil euros. «Vamos reativar uma máquina que tínhamos, um mini-jacquard, mas que não estava a trabalhar porque acabou por se revelar um diâmetro demasiado estreito para os têxteis-lar», acrescenta Miguel Marques.
A Irmãos M. Marques está ainda a reorganizar-se para impulsionar esta nova área de negócio. «Uma coisa é trabalharmos para nós, em que tudo o que está dentro da empresa é nosso. Outra coisa é trabalharmos e vendermos malhas, muitas vezes com alguma matéria-prima do cliente, no caso de artigos especiais, com fios especiais», afirma Miguel Marques. «Além disso, precisamos de aumentar em termos de armazém, porque ao vendermos malhas para fora precisamos de comprar e armazenar outros tipos de fios que nos têxteis-lar não consumimos», adianta.
Novas contratações
A venda de malha já resultou na contratação de mais três pessoas, para a área comercial e a área técnica, aumentando o efetivo da Irmãos M. Marques para 26 trabalhadores, e no estabelecimento de uma estratégia de comunicação que passará pela presença em feiras. «Já fizemos contactos com a Première Vision, não já para setembro, mas eventualmente para a próxima edição», anuncia o administrador.
Tendo sido uma das pioneiras na roupa de cama em jersey, a Irmãos M. Marques exporta praticamente toda a produção de têxteis-lar e tem nos EUA o seu principal mercado, para onde vende quase 50% da produção. «Temos vindo a crescer no resto do mundo», indica, no entanto, Miguel Marques. «A Europa tem-se mantido, é um mercado melhor no sentido em que está mais distribuído que no passado», aponta.
Mercados e resultados
Atualmente, a empresa vende para cerca de 10 países europeus, com Suíça, Alemanha e Áustria a serem os maiores consumidores da roupa de cama em jersey que sai da Irmãos M. Marques. «Em Espanha temos vindo a crescer consideravelmente. Não era um produto muito popular no país vizinho e está agora a começar», garante o administrador, referindo que “nuestros hermanos” representam já uma quota de mercado de aproximadamente 10%. «Tem muito a ver com a cultura dos países e dos consumidores. Estamos numa altura de globalização, eventualmente em Portugal e Espanha também vai começar a usar-se mais. É quase inevitável», acredita Miguel Marques.
Com um volume de negócios que, em 2017, rondou o milhão de euros, representando um crescimento de 3%, o início do corrente ano trouxe alguma incerteza ao mercado. «Em termos de faturação, não está mal, mas estamos num daqueles anos em que eu vi no início do ano muito receio em comprar, muito receio em fazer stock e, portanto, as encomendas vieram todas ao mesmo tempo, todas para a mesma data», admite o administrador. Mas a procura pela roupa de cama em jersey da Irmãos M. Marques, embora mais tardiamente, não tem faltado. «Este último mês, essencialmente, foi terrível», confessa o administrador.