Da irreverência dos anos 90 aos temas fraturantes da sociedade atual, tudo teve o seu espaço nesta edição da ModaLisboa, que durante três dias deu palco à criatividade e às propostas para as próximas estações dos designers nacionais.
Luís Buchinho foi dos primeiros a subir à passerelle desta edição Core da ModaLisboa e com ele trouxe a pureza minimal dos anos 90, com estampados coloridos a darem cor a materiais mais técnicos, combinados com flanelas e veludos de lã, pensados para as temperaturas mais frias do outono e inverno. A acompanhar as peças de vestuário, o designer apresentou também a coleção de joalharia resultante da parceria que fez com o grupo Alcino, uma marca portuense especializada em prata.
Entre os mais jovens, Joana Duarte, da Béhen, procurou a beleza das pequenas coisas, que encontrou em materiais e técnicas que «cruzam linhas temporais e que nos recordam a efemeridade da vida, das pessoas. Mesmo daquelas que deveriam ser para sempre», descreve a nota de imprensa. Em O Deus das Pequenas Coisas, como batizou esta nova coleção, a designer combinou técnicas tradicionais, como os bordados da Madeira e o bordado a vidrilho de Viana do Castelo, e tecnologias e materiais mais contemporâneos, como o corte a laser e “couros” de cortiça e de bagaço de uva.
Gonçalo Peixoto, por seu lado, apostou nas transparências e no brilho para Sometimes I Just Wanna Kiss Girls. «O que começou por ser um manifesto, uma intenção ou um mood é, agora, o mote transversal a todas as coleções de Gonçalo Peixoto. É desta forma que o designer declara o fim dos conceitos: a cada coleção, vai continuar a explorar a sua identidade enquanto marca, sem imposição temática ou conceptual», resume a descrição das propostas.
Carlos Gil invocou a Alma, numa coleção que celebra um quarto de século de carreira. «É uma imersão nos 25 anos do percurso da marca, inspirada nos sentimentos de uma história recheada de momentos transformadores. Reflexo do tempo e da evolução natural, a mulher Carlos Gil é determinada e elegante, e apresenta uma imagem forte e positiva, marcada por linhas estruturadas num corpo que, tal como a Alma, é livre», aponta o designer, que criou um padrão floral exclusivo para esta coleção.
E esta edição da ModaLisboa terminou com a coleção Big Bang da Call Me Gorgeous, a marca de Luís Borges, assim designada porque «se aventura para outros cantos do cosmos, com novos materiais, novos tons, novos brilhos e um design que se desapega de limitações terrestres». Propostas que, refere a marca, são «um desfile de histórias e personalidades: em cada uma delas, um novo Big Bang. Porque o tempo não é infinito, mas somos nós que criamos o espaço».