Nike enfrenta tempestade

Face aos resultados do quarto trimestre, penalizados por custos de produto e de marketing mais elevados, a Nike admite que alguns destes ventos desfavoráveis são suscetíveis de manterem-se. «Ao olhar para o ano fiscal de 2013, prevejo desafios persistentes em conjunto com grandes oportunidades», referiu Mark Parker, presidente e CEO. «Vamos ver uma contínua incerteza na economia global, as matérias-primas e os custos laborais vão continuar a variar, as pressões monetárias vão aumentar, especialmente na Europa e nos mercados emergentes, e a economia da China deverá crescer mais lentamente do que temos visto nos últimos cinco anos». Com efeito, as futuras encomendas para vestuário e calçado previstas para entrega de junho a novembro – um indicador do crescimento futuro – subiram 7% na empresa como um todo, mas aumentaram 5% na China ou apenas 2% excluindo as variações cambiais. No entanto, Parker continua convencido de que «a Nike está bem posicionada e continuará a ser agressiva, flexível e focalizada nas oportunidades de grande crescimento». Entre estas últimas encontram-se inovações revolucionárias, como as novas sapatilhas de corrida Flyknit. «Apresentámos mais inovação revolucionária no mais curto período de tempo de sempre», disse Parker, salientando produtos como a pulseira de rastreio de movimento FuelBand, a tecnologia do calçado Lunar e o fato TurboSpeed para velocistas de elite. A Nike, cujas marcas incluem a marca epónima, a Jordan, a Converse e a Hurley, apresentou a combinação de uma série de fatores para a redução da sua margem bruta no quarto trimestre em 150 pontos base para 42,8%, e a diminuição do lucro em 8% para os 549 milhões de dólares. Tal como os custos mais elevados do produto, houve um encargo de reestruturação, uma «avaliação alfandegária imprevista» e mais investimentos no seu negócio digital. E os chamados «gastos de criação da procura», que em grande parte dizem respeito a despesas de marketing e lançamento de novos produtos para eventos como o Euro 2012 e os Jogos Olímpicos de Londres, saltaram 23% para os 760 milhões de dólares. Deste modo, apesar de a receita subir 12% para os 6,5 mil milhões de dólares nos três meses até ao dia 31 de maio, as despesas de vendas e administrativas cresceram à mesma taxa de 12% para os 2 mil milhões de dólares. Durante o trimestre, os mercados que realmente conseguiram melhores resultados foram a América do Norte e a China. As receitas na América do Norte aumentaram 13%, com ganhos de 14% no calçado e 8% no vestuário. Enquanto na China, a receita cresceu 14% com avanços de 21% no calçado e 3% no vestuário. A Zona Euro registou um crescimento mais modesto, com as receitas na Europa Ocidental a subirem 2% no trimestre. Para o ano completo, o lucro líquido aumentou 4% para os 2,2 mil milhões de dólares. A margem bruta caiu 220 pontos base para os 43,4%. As receitas subiram 16% para os 24,1 mil milhões de dólares, com as receitas do comércio grossista a subirem 14% para os 17,4 mil milhões de dólares e as receitas diretas ao consumidor a saltarem 21% para os 3,5 mil milhões de dólares com um aumento de 13% nas vendas em igual número de lojas. Entre os principais desafios a enfrentar pela empresa no próximo ano encontra-se a capacidade de traduzir este crescimento em lucro. Assim como os preços dos produtos, os esforços com a produção “lean” e a consolidação do aprovisionamento, são considerados fulcrais para ajudar a reduzir o custo do produto, juntamente com a eficiência da cadeia de aprovisionamento para reduzir custos de transporte aéreo e melhorar a entrega atempada. «Eu disse que o nosso objetivo é sermos uma empresa de 28 a 30 mil milhões de dólares até ao final do ano fiscal de 2015. Continuo confiante de que vamos atingir este objetivo», concluiu Parker.