Na Nepal Fashion Week os modelos percorreram a passerelle com uma mistura de roupas ocidentais e étnicas, contrastando o clássico com o kitsch numa cornucópia de vestidos de cocktail, vestidos de seda, túnicas, blusas kurti, shalwars, lantejoulas e folhos. Dezenas de jovens designers apresentaram as suas colecções num evento em que a indústria da moda nepalesa procurou conquistar um espaço global e atrair a atenção de compradores internacionais. O desfile misturou conceitos de alta-costura com pronto-a-vestir, juntando designers nepaleses estabelecidos com futuras estrelas, na esperança de os apresentar ao mundo. «Existe um grande potencial no Nepal», afirma a designer norte-americana Bethany Meuleners, consultora de moda para o evento. Os organizadores da Nepal Fashion Week, lançada em 2004, esperam que esta mostre que existe mais do que política no país, e foram evidentes os esforços para vender a indústria da moda local ao Ocidente. Durante o evento, o apresentador do certame falou apenas em Inglês e as músicas mais ouvidas eram de origem ocidental. Os últimos dois anos têm sido muito atarefados para o sector de vestuário do Nepal, com uma proliferação de lojas de moda e o lançamento de duas lojas de vestuário online, a Fashion Mirror e a Harilo. O principal ponto de diferenciação da moda nepalesa são os tecidos naturais, como cânhamo e bambu, bem como o algodão tecido à mão com uma textura rica, que não são frequentemente vistos nas passerelles de Paris ou Milão. Mas existe uma carência de designers de moda de relevo a promoverem a indústria no Ocidente. O designer Prabal Gurung, sedeado em Nova Iorque, cortejado pelas principais revistas de moda do mundo e cujas criações são usadas por Michelle Obama, Demi Moore e Rachel Weisz, pode pretender ser o primeiro e ainda único nome nepalês a conquistar o circuito de moda mundial. O Nepal sofre falhas de electricidade que podem significar cortes de energia até 14 horas por dia no Inverno. Os especialistas acreditam que a infra-estrutura precária e a instável situação política são os principais obstáculos às tentativas da indústria da moda para invadir os mercados ocidentais. Após anos de instabilidade prejudicial, a recuperação parece estar a aparecer, com as exportações de vestuário a atingirem os 46 milhões de dólares com destino à Europa durante os primeiros 11 meses do último ano fiscal, segundo os dados oficiais, o que significa um aumento de 11,5% em relação ao ano anterior. O mercado do Nepal também está em expansão. Há uma década atrás, 90% das exportações foram para os Estados Unidos, enquanto agora os exportadores estão a vender a sua produção para a Europa e 25% para a Índia. Mas no que se refere à questão de Kathmandu conseguir invadir o reduto das quatro principais cidades da moda Londres, Paris, Milão e Nova Iorque quando outros destinos como São Paulo e Hong Kong falharam, é algo completamente diferente.