As empresas da Indústria Têxtil e de Vestuário (ITV) especialmente das nações emergentes estão a procurar novas oportunidades de investimento nas economias pobres da Ásia e da África e gradualmente a mudar as operações de locais mais caros como a China, segundo um estudo das Nações Unidas. «A deslocalização é particularmente evidente em empresas de produção de artigos de preço baixo e trabalho intensivo como t-shirts», indica James Zhan, o director de investimento e empresas na Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) e principal autor do relatório. De igual modo, o responsável da ONU afirma que a harmonização de taxas corporativas e perda de devolução de taxas para as exportações de têxteis e vestuário, juntamente com grandes aumentos de salários, são factores que também pesam contra a China neste sector. No Bangladesh, a empresa sul-coreana Youngone desembolsou em 2008 cerca de 100 milhões de dólares (71,08 milhões de euros) num investimento que gerou 1.785 postos de trabalho no sector têxtil e injectou mais 9,8 milhões de dólares no ano passado, segundo o relatório. Grandes investimentos têxteis e de vestuário foram também reaizados noutros Países Menos Desenvolvidos (PMDs), segundo a designação da ONU, localizados na Ásia, como o Laos, Cambodja e Myanmar, revela o estudo. O relatório Investimento Directo Estrangeiro em PMDs da UNCTAD, que analisa as tendências entre 2001 e 2010, sublinha que em 2007 a japonesa Yagi investiu 40 milhões de dólares num projecto têxtil no Laos que criou 1.475 postos de trabalho. O estudo também mostra que grandes projectos de investimento estão a ser efectuados em países da África sub-saharianam incluindo a Etiópia, Madagáscar e Moçambique. Na Etiópia, o relatório refere que os projectos de investimento estrangeiro directo em têxteis e vestuário incluíram a chinesa Xinxiang Kuroda Mingliang (67 milhões de dólares em 2010), a turca Ayka Textile (100 milhões de dólares em 2007) e o indiano Tata Group (2,2 milhões de dólares em 2008). Similarmente, em Madagáscar o relatório adianta que a Ciel Textile, das Maurícias, injectou 30,5 milhões de dólares num projecto de produção. «O acesso preferencial sem taxas dos países da África sub-sahariana teve também um efeito de atracção nos mercados mais ricos», conclui Zhan.