Como sinais do aproveitamento do fim das quotas no comércio internacional levado a cabo pela ITV indiana, vemos que esta indústria se encontra em expansão, com uma vaga de investimentos na fiação e confecção, os jovens a aderirem em força à moda de estilistas nacionais e uma adesão recorde à feira Tex-Styles India.
Mas Subodh Kumar, comissário indiano dos têxteis, mostra-se um homem cauteloso. Ao contrário da maior parte dos responsáveis do sector têxtil da Índia, ele não usa como bandeira a meta oficial dos 50 mil milhões de dólares em exportações, em 2010. No entanto, ele acredita que as previsões da ICMF (Federação Indiana de Indústrias de Algodão) são realistas, dado que as exportações indianas, incluindo o vestuário, deverão crescer 18% ao ano, atingindo os 40 mil milhões de dólares em 2010. Ainda assim, atingir a fasquia dos 40 mil milhões de dólares em exportações em 2010 será uma tarefa dantesca. Em 2004, as exportações indianas de têxteis atingiram os 14 mil milhões de dólares (dos quais 5,1 mil milhões de dólares em vestuário), e muitas coisas terão que mudar para permitir que a ITV indiana multiplique as suas exportações quase três vezes, em apenas seis anos. Mas não deixa de ser verdade que a Índia teve uma entrada impressionante na era pós-quotas, com as primeiras estatísticas de exportação de 2005 a apontarem para um arranque fulgurante. Por outro lado, o número de visitantes estrangeiros na recente edição da Tex-Styles India atingiu o número recorde de 5.000, em relação aos 3.966 do ano passado. A Tex-Styles India é o maior salão têxtil deste país, sendo organizado anualmente pelo gabinete do comércio da Índia em Nova Deli, no final de Fevereiro. Em simultâneo, assiste-se neste país a uma forte vaga de investimentos nas áreas da fiação e processamento de tecidos, até porque os maiores fabricantes de têxteis indianos registam um elevado acréscimo de encomendas. Aliás, aquelas empresas que já haviam instalado fábricas em países vizinhos, como o Nepal, Sri Lanka ou Bangladesh, para garantir maiores volumes de encomendas, estão a desmontá-las e a regressar apressadamente à Índia. Ao mesmo tempo, a moda nunca esteve tão na moda na Índia como na actualidade. Com efeito, largos milhares de jovens estudantes estão a concorrer a cursos em áreas como o design de moda e o design têxtil. Da parte do governo indiano, existem alguns sinais positivos, nomeadamente no que toca às medidas orçamentais propostas pelo ministro das finanças em Fevereiro passado e que vêm ao encontro da direcção sugerida pelo comissário para a indústria têxtil no seu recente plano de acção para este sector. Em Janeiro do corrente ano, as exportações totais da Índia cresceram 33% face ao período homólogo em 2004, aparentemente impulsionadas pelo aproveitamento dos exportadores de vestuário indianos da recente abolição das quotas no comércio internacional, facto que não constituiu uma surpresa, dado que a Índia utilizava normalmente 100% das suas quotas de exportação, tanto para os Estados Unidos, como para a União Europeia. Alguns analistas indianos estimam que a indústria têxtil da Índia investirá cerca de 4,5 mil milhões de dólares nos próximos 12-18 meses, criando assim 12 milhões de novos empregos, embora o ministro dos têxteis Vaghela se mostre mais realista, apontando para a fasquia do milhão de novos postos de trabalho. Entre os investimentos presentemente em curso, contam-se os projectos de expansão como os da Century Textiles, o maior exportador de tecidos de algodão da Índia, que está a investir perto de 25 milhões de euros na ampliação das suas actuais capacidades de fabrico de denim, num acréscimo de 10 milhões de metros. Já a JCT Ltd., a maior fiação de nylon indiana, está prestes a duplicar a sua capacidade de fabricar fios e tecidos deste material, enquanto a Gokaldas Exports, o principal exportador de vestuário do país, empregando 32.000 pessoas, destinou 6 milhões de euros para a instalação de várias novas unidades, no presente ano. Muitos deste elevados investimentos não se resumem ao factor quantidade, e em Novembro de 2004 foi inaugurada uma nova fábrica da Schoeller para tratamento de tecidos e malhas, e certificada pela tecnologia NanoSphere em acabamentos. Esta nova unidade é uma joint venture entre a suíça Schoeller e o empresário indiano Sanjeev Swamy, e funcionará como um centro para muitos dos grandes clientes multinacionais da indústria dos têxteis e vestuário da Índia, entre os quais se contam marcas como a Columbia Sportswear, Dockers/Levi’s, Pierre Cardin, Reebok e Timberland.