O Women4Climate Lisboa selecionou 15 projetos entre 94 candidaturas e, de maio a dezembro, promoveu um programa de mentoria para ajudar mulheres empreendedoras a desenvolver os seus negócios.
Um desses projetos foi a marca de moda Näz. «O nosso objetivo durante o Women4Climate era ficar ainda mais competitivas face a outras marcas europeias», revelou, durante a apresentação do projeto, Cristiana Costa, fundadora e designer da Näz. A participação focou-se em dois pontos, a começar pela certificação B Corp, que mede o impacto social e ambiental de toda a empresa. «Não querendo imputar o peso económico de certificação aos nossos parceiros, procurámos uma certificação que pudéssemos obter e que nos certificava num todo», justificou a designer, adiantando que a candidatura já foi submetida.
Num segundo ponto, «durante o Women4Climate, desenvolvemos a nossa primeira campanha de ativismo social, que ainda se encontra a decorrer, com os nossos vizinhos lisboetas Just a Change», indicou Cristiana Costa. No âmbito desta campanha, foram desenvolvidos gorros e cachecóis, fabricados a partir do desperdício de fios reciclados, e 10% das vendas revertem para a associação com o objetivo de angariar o suficiente para reabilitar um teatro. «Já superamos 50% dos objetivos», contou, acrescentando que «acreditamos que nos próximos anos, com este tipo de projetos, conseguiremos ter ainda mais impacto».
Foi isso que aconteceu com o casaco Manteigas, um novo produto da linha de reciclados, produzido integralmente na Beira Interior. «É fruto do know-how dos nossos parceiros e abertura em aceitar que seria possível transformar fio de lã reciclada para meias em peças de grande qualidade e conforto», revelou Cristiana Costa. O casaco é fabricado num raio de 50 km, usando desperdício têxtil pré-consumo recolhido na Covilhã, que é tecido em teares do século XVIII na zona de Manteigas e transformado num casaco numa confeção de Belmonte.
Com uma identidade vincada, a Näz avançou também este ano para o universo das vendas online. «Apenas este ano sentimos que tínhamos os alicerces fortes o suficiente para apostar ainda mais no nosso digital. Lançámos o novo website em março e felizmente notamos uma tendência de crescimento maior do que o que tínhamos previsto em pré-pandemia», anunciou. «Apostámos nas redes sociais e não só duplicámos o número de seguidores como também duplicámos o número de peças vendidas», desvendou.
BlueDot leva o prémio
A Näz foi um dos três projetos ligados à moda que fez parte do Women4Climate Lisboa, juntamente com a Circular Wear e a Lender. O primeiro projeto pretende ser uma resposta para a redução da produção de resíduos têxteis em Portugal, que, segundo Rita Gomes, fundadora da Circular Wear, produz «80 mil quilos de resíduos têxteis por ano», sendo que apenas 10% disso é reciclado.

«Dar uma segunda vida à roupa que temos é a solução para reduzir a poluição e o desperdício», apontou. A Circular Wear já deu origem a cinco swap spots, isto é, espaços onde é possível partilhar e trocar peças de vestuário e vai agora avançar para uma plataforma digital «para chegar a mais pessoas», avançou Rita Gomes.
Já a Lender é um projeto de Tara Van Ginkel e funciona como uma plataforma online para troca de vestuário, criando uma «experiência única, mas acessível», explanou a responsável, «com foco na partilha e não na venda». A plataforma estabeleceu já parcerias, incluindo com a ModaLisboa, «para termos aquilo que precisamos em termos de serviços», afirmou Tara Van Ginkel, que está também em busca de sócios para a Lender.

A vencedora do Women4Climate, contudo, acabou por ser o BlueDot, apresentado pela cofundadora Selinay Parlak, que consiste numa espécie de Airbnb de estações de carregamento para veículos elétricos. O projeto vencedor recebeu um prémio monetário de 10 mil euros, incubação direta na Casa do Impacto e acesso à aceleradora RISE, assim como a possibilidade de implementação do projeto com a Câmara Municipal de Lisboa.