Nautica atraca na Europa

Após várias tentativas falhadas de abrir com sucesso a Nautica, na Europa, a VF tem em vista adoptar uma nova estratégia, cuidadosamente pensada, para que em 2007, a marca possa já vender, com sucesso, as suas peças femininas no mercado europeu. O grupo VF Corporation, que produz as marcas de jeans Lee e Wrangler, pretende actualmente que a Nautica tenha os mesmos objectivos globais, mas diferentes estilos regionais. Esta é a estratégia que a empresa tem vindo a desenvolver para os seus jeans e para a North Face, e que está agora a aplicar às restantes marcas da empresa. Karl Heinz Salzburger, presidente da VF na Europa e na Ásia, afirmou recentemente que «a marca europeia será personalizada em função dos clientes da região. As campanhas publicitárias vão ser as mesmas e os objectivos vão ser semelhantes, mas serão utilizados diferentes estilos de roupa mediante as exigências dos mercados e dos clientes». A VF vai lançar primeiramente a marca em França e Espanha, antes de uma nova tentativa de implementação nos mercados britânico e alemão. «As primeiras tentativas de implementação na Europa falharam porque a Nautica pretendia vender produtos idênticos aos dos EUA. O que não resultou porque as pessoas usam diferentes vestimentas consoante a cultura em que estão inseridas», declarou Salzburger. «Portanto, desta vez vamos prestar mais atenção na nossa estratégia». Marca ao estilo localO uso de valores globais, tendo em conta as especificidades de cada região, é algo que a VF tem vindo a adaptar com as suas outras marcas, tais como a North Face e a Vans. «As colecções europeias da North Face são muito idênticas às colecções americanas em termos de detalhes, mas existem diferenças consideráveis no que concerne o estilo e a palete de cores utilizadas. Na nossa opinião, estas diferenças são o segredo do sucesso», sublinhou Salzburger. A empresa americana aumentou o seu volume de negócios de 19% a 25%, para 1,6 mil milhões de dólares, nos últimos cinco anos. Mas a VF também sofreu um revês no denim, uma vez que os seus clientes têm vindo a preferir comprar produtos a um preço mais elevado ou a um preço ultra baixo. A combinação destes factores conduziu à estagnação na venda de jeans nos últimos anos. Jeans frescosA VF quer dar uma lufada de ar fresco às suas marcas mais clássicas, Lee e Wrangler, de forma a angariar novos consumidores e conferir-lhes uma componente mais moda. Salzburger explica que «as grandes empresas de denim têm vindo a estagnar enquanto que os outros sectores, particularmente as designadas marcas urbanas como a Diesel, têm vindo a triunfar. Incorporámos esse negócio, mas com uma perspectiva diferente porque não queremos ser um clone de outras marcas. Temos a nossa imagem de marca e estamos a trabalhar a nossa herança e autenticidade de forma a conferir aos nossos estilos um pouco mais desse look urbano». De acordo com uma pesquisa realizada nos EUA, 41% dos compradores de denim estão dispostos a gastar uma soma de três dígitos num par de jeans. Tal ultrapassa os clássicos preços médios da rival Levi's, que viu as suas vendas caírem dos 6,8 mil milhões de dólares em 1997 para 4 mil milhões de dólares em 2004. As vendas europeias tiveram igualmente uma descida de 1,8 para um milhão de dólares, no mesmo período. A divisão jeans da VF registou em 2003, vendas no valor de 2,696 mil milhões de dólares, enquanto que no ano passado ascenderam a 2,697 mil milhões de dólares. De igual modo, a VF tem vindo a considerar a aquisição de marcas menos conhecidas, que poderão ser vendidas junto com os clássicos, assim como abrir mais lojas próprias, tendo em vista duplicar o seu actual número de lojas de 1000 para 2009. «Tudo tem como base a distribuição», revelou Salzburger. Desenvolvendo o seu mercado de jeans e promovendo marcas como a Nautica, Salzburger acredita que pode alcançar o crescimento já registado na divisão internacional. «Estamos a ter um bom desempenho e acreditamos que as nossas marcas globais vão continuar a impulsionar as nossas vendas. Trata-se de um processo complicado nos jeans mas as mudanças empreendidas vão ajudar-nos a realizar os nossos objectivos», concluiu Salzburger.