Após a rejeição por parte da Kellwood da sua oferta de 762 milhões de dólares por duas vezes, o grupo de private equity Sun Capital revelou que irÁ levar a sua proposta directamente aos accionistas, lançando uma oferta para comprar as acções a 21 dólares. A oferta, que inclui a assunção de dívidas, representa um prémio de 38% sobre o fecho das acções da Kellwood em 18 de Setembro de 2007, o último dia de negociações antes da Sun Capital ter revelado a sua proposta de OPA para a Kellwood. A oferta hostil surge após uma série de movimentações estratégicas entre as duas empresas. A Kellwood jÁ rejeitou por duas vezes os avanços da Sun Capital e este mês anunciou a intenção de recuperar 60 milhões de dólares em acções, uma tÁctica adoptada por muitas empresas durante as batalhas de Opa’s» dos anos 80, como referiu Steven M. Davidoff, também conhecido como o Professor dos Negócios. Contudo, apesar desta recuperação de acções por parte da Kellwood ter por objectivo desencorajar o lançamento de uma oferta hostil pelo grupo de investimento, acabou por ter exactamente o efeito contrÁrio. Esta recusa em discutir uma potencial transacção levou-nos a fazer uma oferta directamente aos accionistas da Kellwood», declarou em comunicado o vice-presidente da Sun Capital, Jason Bernzweig. Além disso, a Sun Capital acrescentou que o seu preço de 21 dólares por acção serÁ reduzido para 19,50 dólares se a Kellwood não retirar a sua oferta de 60 milhões de dólares para cobrir 7,875% de notas de dívida em Julho de 2009. A Sun Capital, que detém cerca de 9,9% das acções da Kellwood, revelou também que se não for atingido um acordo com a Kellwood a curto prazo, vai nomear o seu próprio quadro de directores para a administração da Kellwood. Esta ameaça, contudo, pode não ser exequível. Como referiu Steven Davidoff, a Kellwood tem uma administração a longo prazo, impedindo que a maioria seja dispensada em qualquer altura. Até porque uma disputa pela Kellwood, mesmo que bem sucedida, não deixaria a Sun Capital com o controlo total. Pelo menos um observador da indústria afirmou que a oferta da Sun Capital pode ser interessante para os accionistas. Fazendo eco de Davidoff, a Breakingviews argumenta que os accionistas da Kellwood deviam ver com mais atenção a oferta da Sun Capital, realçando que 21 dólares por acção parece agora ser uma oferta mais generosa que a primeira, realizada em Setembro, tendo em conta a quebra de 40% registada no vestuÁrio da empresa. A Breakingviews também concordou com o argumento da Sun Capital de que a recuperação de títulos pode não ser o melhor para os accionistas da Kellwood. A Sun Capital argumentou na altura que essa oferta, se completa, serÁ destrutiva para o valor das acções e irÁ representar uma transferência directa de valor dos accionistas». Por seu lado, a Kellwood refere que aconselhou os accionistas para não tomarem para jÁ qualquer medida até à administração rever a oferta, uma operação que estÁ em curso». Ainda assim, a empresa acrescentou que tal como anunciado anteriormente, a proposta da Sun Capital de 21 dólares não serve a longo prazo os interesses da Kellwood e dos seus accionistas». Contudo, alguns accionistas mostraram-se jÁ agradados com a oferta do grupo de investimento. O Discovery Group LLC, um dos investidores da Kellwood que detém 1,5% das acções, jÁ veio a público apoiar a OPA hostil da Sun Capital, tendo enviado uma carta à administração da Kellwood onde refere que os 21 dólares por acção constituem um prémio fantÁstico para os accionistas e valorizam com justiça a empresa». A Kellwood, especializada em produtos de marca, tem um volume de negócios na ordem dos 1,6 mil milhões de dólares e no seu portfólio marcas como a Hollywould, Baby Phat, Democracy, Sangria, My Michelle, Hanna Andersson, Kelty e Sierra Designs. Detém ainda as licenças para a produção e distribuição da Calvin Klein, XOXO, David Meister, Gerber e O Oscar, da Oscar de la Renta.