Fundado em 1995, o Korea Pyongyang Women´s Trading and Garment Centre é um projecto organizado com o apoio do United Nations Fund for Women (UNIFEM) e o United Nations Development Program (UNDP). Trata-se da única empresa norte-coreana a possuir a sua licença própria de importação/exportação e a autorização de gerir os seus lucros. É inteiramente gerida e constituída por mulheres. O objectivo é beneficiar as diversas cooperações de mulheres que compõem a indústria ligeira na cidade de Pyongyang, através do apoio ao desenvolvimento das capacidades de gestão e organização. O projecto foi desenvolvido com o objectivo de organizar a indústria artesanal em Pyongyang, na Coreia do Norte. As autoridades da cidade operam 25 cooperativas, empregando mais de 20.000 donas-de-casa que estão impossibilitadas de trabalhar na indústria devido a incapacidades físicas, problemas de saúde, idade avançada ou responsabilidades domésticas. Estas cooperativas possuem equipamento ultrapassado, falta de conhecimento técnico e insensibilidade às necessidades do mercado. Consequentemente verifica-se uma baixa produtividade, falta de qualidade e incapacidade de empregar as cerca de 90.000 mulheres da região que aguardam emprego. O UNIFEM, em conjunto com entidades representantes da indústria local, definiu o projecto original da empresa de forma a acomodar e servir de modelo para as necessidades especiais das mulheres da região. Os objectivos passavam por estabelecer um centro de comércio e vestuário capaz de proporcionar serviços de apoio, instituir um fundo de empréstimo para a produção, gerar um pequeno lucro, envolver as mulheres na tomada de posições nas cooperativas, enviar um grupo de estudo para o estrangeiro e utilizar este programa-piloto para desenvolver o plano de organização e desenvolvimento de todas as cooperativas da cidade. O projecto foi desenvolvido inicialmente para o mercado interno e não possuía autorização para comercializar livremente. No entanto Marian Nash, consultora de marketing das Filipinas, foi contratada para ajudar no desenvolvimento do projecto para o comércio internacional. Com o apoio de Nash, as senhoras envolvidas aprenderam métodos de negociação internacional, desenvolvimento do produto, controlo da qualidade, contratação, contabilidade internacional, sistemas bancários, gestão de empresas, logística e meios de lidar com negócios de exportação. A UNIFEM também treinou os trabalhadores, onde necessário, de forma a permitir o fabrico dos produtos de acordo com as normas internacionais. Todas as colaboradoras mais antigas possuíam um sólido passado na indústria de confecção. O Centro de Comércio e Vestuário de Mulheres de Pyongyang (PWGTC) tornou-se assim orientado para o mercado e gerido por mulheres. Em 1999, através da iniciativa do UNDP/UNIFEM, o governo da Coreia do Norte atribuiu a licença de importação e exportação ao PWGTC. Em resultado, passou a ser a única empresa detida pelo estado a operar como empresa independente, capaz de manter e reinvestir os lucros, assim como a única empresa registada operada por mulheres. Partindo de um excedente zero em 1998, a empresa gerou mais-valias acima dos 51.000 euros em 1999/2000, registando em 2000/2001 mais-valias acima dos 147.380 euros de um total de 256.500 euros de facturação. Com estes valores, adquiriu um edifício por 42.700 euros e novos equipamentos por 8.500 euros. Providenciou ainda benefícios para os trabalhadores e incentivos de desempenho no total de 12.800 euros, sob a forma de vestuário de Inverno para todas as funcionárias. Não são permitidos incentivos adicionais aos funcionários, na medida em que os salários são controlados pelo Estado. Em troca de ser permitido manter os lucros, a empresa contribui com 30% dos seus ganhos em taxas para o governo. Contando inicialmente com uma força de trabalho de 100 mulheres, o PWTGC possui actualmente 200 colaboradoras empregues no centro, sendo a sua rede de empresas satélite e cooperativas de mulheres constituídas por uma força de trabalho com mais de 6.000 mulheres distribuídas por diversas áreas de especialidade, nomeadamente 2.000 especialistas de croché, 2.000 produtoras de camisolas e 1.000 bordadeiras. Para além disso a empresa produz roupa de exterior e artigos de pronto-a-vestir, possuindo liberdade para subcontratar capacidade adicional a qualquer outra empresa detida pelo Estado (todas as empresas norte-coreanas são de propriedade estatal). Hoje em dia o PWTGC serve duas funções distintas: um centro de comércio e marketing e um centro de apoio técnico e de design, com o objectivo de complementar as diversas fábricas que se encontram na sua rede de empresas. Isto permite coordenar todas as cooperativas sob a sua protecção. A unidade operacional está inteiramente equipada com equipamento moderno, providenciando as muito necessitadas remunerações para as empresas subordinadas. Através da sua rede de empresas pode gerir quer encomendas volumosas quer encomendas pequenas, podendo a sua diversidade de produção ir de encontro aos mais variados requisitos dos clientes. Como empresa pioneira na Coreia do Norte, foi inteiramente licenciada pelo governo para todos os aspectos de comércio de importação, exportação e produção. Existem capacidades bancárias para tratar das cartas de crédito dos compradores e para financiar e encontrar fontes fiáveis de matérias-primas e de serviços. De facto, todos os tipos de pagamentos (LC, DP, DA, TT) em todas as moedas (excepto dólar norte-americano) possibilitam a normal realização do negócio. O PWGTC participou em três feiras de moda em Hong Kong, para além da WAM 2003 em Bruxelas, promovendo o centro como uma fonte de confiança de vestuário e malhas. A promoção foi alicerçada na valorização do equipamento tecnologicamente avançado, da mão-de-obra especializada, da capacidade produtiva acreditada e da capacidade de fornecer produtos de qualidade em quantidades mínimas flexíveis. Desta promoção resultaram acordos de cooperação com importadores e retalhistas na UE, China e Japão tais como a Caritas, Regatta, C&A, Tiara e Dandong Trading. Apesar do conceito original do projecto ser a racionalização da indústria artesanal em Pyongyang, este demonstrou-se economicamente viável em aceder a mercados internacionais. O sucesso verificado levou a que um projecto semelhante seja desenvolvido para a indústria de cosméticos, estando ainda a ser desenvolvido trabalho semelhante para cooperativas de cerâmicas.