Mudanças climáticas afetam países produtores

O calor extremo e inundações causadas pelas mudanças climáticas vão devastar a indústria do vestuário e colocar em risco um milhão de empregos nos principais países produtores ainda esta década.

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Um estudo do Global Labor Institute da Universidade de Cornell e da Schroders revela que o calor extremo e as inundações ameaçam os principais centros de produção de vestuário.

Quatro países essenciais para a produção de moda – Bangladesh, Camboja, Paquistão e Vietname – arriscam-se a perder 65 mil milhões de dólares em exportações e quase um milhão de novos empregos até 2030.

Vários outros centros de produção estão também vulneráveis a ambos os fenómenos, nomeadamente a região de Colombo, no Sri Lanka, de Manágua, na Nicarágua, Chittagong, no Bangladesh, Port Louis, nas Maurícias, Yangon, em Myanmar, Deli, na Índia, Banguecoque, na Tailândia e, na China, Dongguan, Guangdon e Shenzhen.

Coletivamente, os quatro países em foco – Bangladesh, Camboja, Paquistão e Vietname – albergam cerca de 10 mil empresas de vestuário e calçado e empregam mais de 10,6 milhões de pessoas na indústria.

«Escolhemos estes quatro países pela sua proeminência na produção de vestuário e calçado e, no caso do Paquistão, na produção têxtil. Juntos, representam 18% das exportações mundiais de vestuário», destaca um artigo da autoria de Angus Bauer, responsável de investigação sustentável, e Stephanie Williams, analista de investimento sustentável, da Schroders.

Os principais centros de produção nestes países – Daca, Phnom Penh, Karachi e Lahore, Ho Chi Minh e Hanoi – estão já confrontadas com calor e humidade extremos. E todas estas cidades deverão provavelmente experienciar cheias significativas.

No primeiro relatório, indicam os autores, usando projeções para analisar inundações costeiras e ribeirinhas e leituras de temperaturas mundiais, os investigadores analisaram o calor e inundações futuras. Os dados foram então usados para prever falhas ao nível industrial para 20230 e 2050 fazendo comparações com diferentes cenários climáticos.

Os resultados sugerem a perda de um milhão de novos empregos até 2050 sobe para 8 a 9 milhões em 2050 sob o cenário de inundações e calor extremo.

«Com esta pesquisa, procuramos medir e compreender a exposição da moda a calor e inundações extremas. Concluímos que as estratégias de investimento e transição para a indústria do vestuário devem integrar novos custos nos seus planos. Isto estabelece as fundações para os atores da indústria formularem, negociarem e implementar estratégias de adaptação a grande escala e adequadas para o propósito», acrescentam.

«Esta investigação destaca a necessidade urgente de ação. Os investidores têm de começar a envolver-se com as empresas de vestuário e os seus stakeholders para assegurar que começam a medir e a responder aos desafios significativos dos impactos físicos do clima nos trabalhadores e nos modelos de negócio», concluem Angus Bauer e Stephanie Williams.