MU sobrevive ao “mau tempo”

A 8.ª edição da Milano única (UM) voltou a confirmar a sua importância no contexto internacional, apesar das baixas temperaturas que se fizeram sentir e da diminuição do número de visitantes. Os 543 expositores presentes – 430 italianos e 113 europeus, sobretudo de França Espanha, Grã-Bretanha, Alemanha e Portugal –, tiveram a oportunidade de interagir com 24.000 visitantes (menos 20% do que a edição de Fevereiro de 2008), dos quais apenas 6.300 estrangeiros. A ausência de compradores americanos e japoneses e, acima de tudo, espanhóis (entre os europeus), numa média de menos 40% a 50%, foi contrabalançada pela presença dos compradores por mais dias, tanto para os grandes como para os pequenos produtores de vestuário italianos e europeus. Esta 8.ª edição contou também com a colaboração do Instituto de Comércio Externo (ICE), que organizou delegações especiais de compradores e jornalistas japoneses, americanos, britânicos e alemães. «Sendo optimista por natureza, nunca tive realmente em consideração as previsões catastróficas que circulavam antes da abertura, mesmo depois de ter conhecido os resultados de outras feiras internacionais importantes. Se analisarmos os dados desta 8.ª edição, e tendo em conta o contexto, posso expressar uma satisfação moderada com os resultados», comentou o novo presidente da Milano Unica, Pier Luigi Loro Piana. Do lado dos expositores, os resultados são igualmente satisfatórios. «O balanço é bom, semelhante ao do ano passado. Como trabalhamos com muita antecedência, ainda não sentimos qualquer quebra nas vendas», explicou Paulo Nina de Oliveira, presidente do Grupo Paulo de Oliveira, que inclui as empresas Paulo de Oliveira, Tessimax e A Penteadora. A primeira, aliás, presente no sector Premium da feira –Ideabiella – «foi considerada pelo certame uma das duas melhores empresas presentes», revelou o presidente. As três empresas do grupo marcaram presença na Milano Unica juntamente com a Adalberto Estampados, a Albano Morgado, a Arco Têxteis, a Lemar, a Somelos Tecidos, a Texwool, a TMG Fabrics e a Idepa, todas com apoiadas pela Associação Selectiva Moda, numa iniciativa no âmbito do QREN. Presentes estiveram ainda a LMA e a Gierlings Velpor. Expositora há vários anos nesta feira, a Lemar faz igualmente um balanço positivo desta edição. «Itália é, para nós, um mercado fundamental, sobretudo em banho», explicou Fátima Silva, assistente da administração. Entre os destaques estiveram os tecidos com riscas, tintos em fio, que «foram novamente um sucesso», segundo a responsável. No entanto, o facto da feira se ter realizado na mesma altura de outros certames levantou algumas críticas. João Teixeira Duarte, director comercial da Gielings Velpor não deixou de notar que «é evidente que a coincidência de datas com as da Munich Fabric Start nos penalizou, uma vez que não vimos um único alemão». Apesar disso, para a Somelos Tecidos, «esta edição correu ligeiramente acima das nossas expectativas, tendo em conta a conjuntura actual», revelou Tiago Guimarães, administrador do grupo Somelos. Um balanço a que não será indiferente o facto de Itália ser o principal mercado da empresa. «A colecção para a Primavera-Verão 2010 registou uma excelente receptividade, tendo sido inclusive apelidada por um cliente como a colecção anti-crise», acrescentou Tiago Rodrigues. Para a próxima edição, marcada entre 8 e 11 de Setembro, a organização mantém os objectivos de sempre: «fizemos a escolha da especialização e da qualidade. E continuaremos nessa via», concluiu Pier Luigi Loro Piana.