M&S acelera expansão

A Marks & Spencer, que provocou protestos de funcionários e clientes quando voltou atrás nos seus anteriores planos de crescimento no exterior e abandonou a Europa continental em 2001, anunciou que planeia expandir os seus lucros no mercado externo na ordem de 40% ao longo de três anos, com a abertura de 250 novas lojas. A expansão internacional surge na sequência do plano de recuperação a três anos no valor de 2,3 mil milhões de libras lançado pelo presidente executivo Marc Bolland, que pretende transformar a M&S num retalhista multicanal global, chegando aos clientes através das lojas tradicionais, da Internet e dos dispositivos móveis. «Precisamos de construir uma marca internacional e estar prontos no “.com”. É aí que está o nosso futuro», afirmou Bolland num seminário de investidores em Paris. A expansão internacional está longe de ser isenta de riscos e diversos retalhistas britânicos registaram problemas ao tentar deslocar-se para fora do mercado doméstico. A Tesco, por exemplo, no ano passado, teve que assumir perdas contabilísticas de 1.000 milhões de libras, uma vez que vendeu a sua problemática cadeia Fresh & Easy nos EUA. Mas com a M&S a registar 11 trimestres consecutivos de queda nas vendas subjacentes de artigos em geral, incluindo o vestuário, Bolland está a olhar para o exterior para encontrar algum estimulo. Com o mercado britânico a representar cerca de 90% das receitas do grupo, o grupo espera ter aprendido com os erros passados ao lançar agora novos pontos de venda no mercado externo. A retalhista britânica vai adotar uma estratégia que passa pela abertura de lojas próprias nas principais cidades, com o apoio de lojas alimentares de menor dimensão e um serviço online. A M&S terá também como alvo um conjunto específico de países, em vez de adotar a abordagem dispersa do passado que provou ser muito dispendiosa. No total, o grupo planeia abrir 250 lojas a somar às 455 já em atividade. Cerca de 60% dos novos mercados vão ser geridos em sistema de franchising. Nos mercados prioritários, como a Rússia, China, Índia e Médio Oriente, serão abertas principalmente lojas de vestuário para tirar partido da procura por aquilo que a M&S acredita ser a atração pelos produtos britânicos. A retalhista espera ter cerca de 100 lojas na Índia até 2016 e vai procurar um parceiro local na China para expandir ainda mais, após estabelecer 15 lojas próprias neste mercado. A M&S prevê instalar mais 10 lojas de lingerie e de beleza na Arábia Saudita nos próximos dois anos, face ao sucesso registado com as duas lojas abertas no país. Na Europa Ocidenta,l a M&S planeia abrir lojas próprias de venda de alimentos e vestuário em Bruxelas e Amsterdão, para acrescentar aos pontos emblemáticos já inaugurados em Paris e Haia, ajudando a elevar as vendas da região para um número estimado de 250 milhões de libras por ano financeiro até março de 2017. No período de um ano até ao final de março de 2013, a receita internacional total da M&S foi de 1,1 mil milhões de libras. O esforço para crescer no exterior complementa o empenho do grupo de reformular as suas operações em casa. A M&S investiu pesadamente para renovar o segmento do vestuário, redesenhando lojas e melhorando a logística e as tecnologias de informação para complementar uma nova plataforma web que entrou em funcionamento em fevereiro.