O tema desta 59.ª edição da ModaLisboa remete para o paraíso no meio da aridez, contudo, afirma a organização, «está muito longe de ser [uma ideia] romântica. É uma tomada de posição necessária por navegarmos em ondas áridas. Mas, ao mesmo tempo, permite-nos sonhar com a grandeza do que parece pequeno, encarando humanos como sistemas abertos, maiores que a soma das partes, capazes de configurar a igualdade e a inclusão para além de compreensões utópicas».
No meio de um período de transição, para o mundo e para a própria indústria da moda, «todos precisamos de um refúgio» e é com esse objetivo que a ModaLisboa se apresenta, «para criar uma unidade de produção de realidade, partilha de intensidades e pontos de vista», refere em comunicado. «Não seria possível desenhar um evento de moda sem uma visão integral da indústria criativa e esta perspetiva holística permite-nos um entendimento transcendente, perspetivando a nossa área de ação – uma comunicação fluida entre arte, cultura, tecnologia, sustentabilidade e negócio – a como ecossistema fértil, vivo, pleno. Teremos, assim, uma programação dedicada ao domínio artístico e plural da moda, com derivações expositivas, performativas, educativas e de pensamento. No núcleo, os desfiles e apresentações, porque os designers de moda são inequivocamente vetores de desenvolvimento e inovação nesta marcha do tempo», acrescenta.
Nova é igualmente a localização, desta vez no Lisboa Social Mitra, o espaço de inovação social da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que se define como «uma resposta integrada e aberta à sociedade, que assenta em valores de relevo como a solidariedade, diversidade e inclusão».
Espaço para Sangue Novo
Também já são conhecidos os jovens talentos que se vão mostrar em mais uma edição do Sangue Novo. Çal Pfungst, Darya Fesenko, Eduardo Moreira, Flourish Society, Inês Barreto, Malteza, Maria do Carmo Studio, Molly98, Niuka Oliveira e Veehana foram os 10 selecionados para esta final do concurso, para a qual usaram, na produção dos seus coordenados, materiais cedidos pelas parcerias têxteis da Associação ModaLisboa – a Calvelex/Fabrics4Fashion, a Riopele e a Tintex. «Estes novos projetos, profundamente diversos, apresentam-se com uma densidade de pensamento e de referências estéticas e conceptuais, tornando óbvia a chegada de um momento de viragem. De temáticas que se debruçam sobre a identidade e a emoção, o burnout e a síndrome do impostor, um passado opressor para a comunidade queer durante o Estado Novo e uma necessidade de revalorizar a sociedade sob a ameaça de um futuro apocalíptico», descreve a ModaLisboa.
Na última edição, cuja final decorreu em março, o concurso Sangue Novo consagrou Filipe Cerejo, que conquistou o Prémio ModaLisboa x Polimoda, que inclui uma bolsa de 3.500 euros, a oportunidade de frequentar um Master in Fashion Design ou um Master in Collection Design na escola de moda italiana e a apresentação da coleção desenvolvida durante o curso na plataforma Workstation da ModaLisboa, e Maria Clara, que venceu o Prémio United Colors of Benetton, atribuído pelo público através de votação na app mobile ModaLisboa, e foi distinguida com o Prémio ModaLisboa x Tintex Textiles, que inclui uma residência artística de três semanas na empresa, com a oportunidade de desenvolver uma coleção-cápsula com materiais Tintex, que será apresentada na plataforma Workstation nesta edição da ModaLisboa, assim como um prémio monetário de 2.000 euros.