Moda tem novo museu em Portugal

A pandemia atrasou os planos, mas o Museu da Moda e do Têxtil foi finalmente inaugurado. Localizado em Vila Nova de Gaia, integrado no quarteirão WOW, o espaço museológico dá uma visão de toda a indústria, da produção têxtil à moda de autor, juntando o novo e o ancestral sob o mesmo teto.

[©Museu da Moda e do Têxtil]

A inauguração chegou a estar agendada para 28 de novembro, mas a evolução da pandemia e as restrições à movimentação de pessoas levou ao adiamento da abertura do museu, concretizada no passado dia 20 de maio.

A organização manteve-se inalterada, com o primeiro piso dedicado ao know-how da indústria têxtil nacional, onde estão descritos os principais momentos da sua evolução, do século XVI até à atualidade.

Do espólio consta um tear de lançadeira de 1910, anúncios luminosos alusivos a empresas têxteis antigas, sementes de linho e património de fábricas como a Riopele e a Têxtil Manuel Gonçalves, nos quais se pode observar canelas de fio, medidores de tensão de fios, máquinas de debuxo, amostras de tecido e um livro de tendências.

Neste primeiro piso os visitantes podem ainda descobrir os vários processos produtivos, da fiação à confeção, e assistir a duas curtas-metragens, realizadas por alunos da Universidade da Beira Interior, relacionadas com a indústria têxtil.

[©Museu da Moda e do Têxtil]
No segundo andar ganha protagonismo a moda de autor, desde os anos 80 até aos dias de hoje, sendo possível encontrar o trabalho de designers icónicos, como Eduarda Abbondanza e Mário Matos Ribeiro, Ana Salazar, José António Tenente, João Tomé e Francisco Pontes e Manuela Gonçalves, assim como de nomes mais atuais, como Miguel Vieira, Luís Buchinho, Nuno Baltazar, Fátima Lopes, Maria Gambina, Filipe Faísca, Luís Carvalho, Anabela Baldaque, Diogo Miranda, Hugo Costa, Alexandra Moura, Ricardo Preto e Carlos Gil, e ainda dos designers emergentes saídos das plataformas de jovens talentos do Portugal Fashion e ModaLisboa, como Estelita Mendonça e Gonçalo Peixoto, respetivamente.

Há igualmente um espaço dedicado à indústria do calçado e uma sala de «curiosidades de moda portuguesa», como descreve Catarina Jorge, coordenadora do projeto do Museu da Moda e do Têxtil, citada pela Lusa. Aí os visitantes podem encontrar um par de “chinelos peixe”, em borracha, de Lidija Kolovrat, uma peruca de porcelana, de Nuno Gama, um colar de concha e osso com aplicação de cristais, de Ricardo Preto, ou uma mochila em malha, de Susana Bettencourt.

À Lusa, Catarina Jorge sublinha que a sustentabilidade no universo da moda foi igualmente uma preocupação e objeto de reflexão, uma vez que é necessário «formar as novas gerações para terem o cuidado na compra dos artigos» e na forma como «consomem moda».

[©Museu da Moda e do Têxtil]
A pensar nas novas gerações, o museu – que representa um investimento de 10 milhões de euros – está, à semelhança dos outros espaços museológicos que integram o WOW, a estabelecer protocolos com escolas da região para «promover o conhecimento» e «trazer visitantes», afirma Catarina Jorge à Lusa. «O ideal é virem visitar para perceber toda a complexidade e toda a densidade de conhecimento que temos», resume a coordenadora do projeto do Museu da Moda e do Têxtil.