Moda feminina acaba anos difíceis

O dinamismo demonstrado pela economia alemã, durante 1999, repercute-se no seu sector do vestuário. A revista alemã Textilwirtschaft faz o ponto de situação da indústria da moda germânica, em 1999, e transmite o optimismo demonstrado pelos empresários para 2000. A principal conclusão a retirar da análise dos especialistas alemães é a da existência de uma ligeira recuperação, quer no sector da moda masculina, quer no da moda feminina. No caso da moda masculina, a recuperação abrange não só o comércio, como também a indústria. Na moda feminina, após uma série de anos muito difíceis, com constantes descidas no volume de negócios, 2000 poderá ser o ano da inversão de tendência, podendo-se, assim, estar a vislumbrar a luz ao fundo do túnel. Os 82 milhões de alemães constituem o maior mercado de vestuário da Europa. Em média, cada habitante da Alemanha consome mais de 117 contos em vestuário por ano, criando, desta forma, um mercado que vale mais de 9,6 mil milhões de contos. A dimensão deste mercado torna-o, obviamente, apetecível para qualquer empresa, não sendo de admirar que, a nível europeu, a batalha entre as principais marcas se localize justamente no mercado alemão. Tradicionalmente, o consumidor alemão opta por comprar sobretudo nos grandes armazéns especializados em vestuário. Assim, compreende-se o domínio que a C & A exerce no mercado alemão. Segundo um estudo da Burda-Medien-Forschung, mais de 42% dos homens e de 44% das mulheres adquiriram, pelo menos, uma peça de roupa desta cadeia nos últimos quatro anos. Contudo, a entrada de novos conceitos como a Zara e a H & M tende a abalar esta posição de supremacia da C & A. Se, relativamente à Zara, ainda não se dispõe de indicadores que comprovem a sua evolução nos últimos anos, relativamente à H & M é de assinalar a sua presença, quer no ranking das marcas mais compradas pelo sexo feminino (8ª posição), quer no ranking do sexo masculino (16ª posição). No que diz respeito a canais de distribuição, o mercado alemão caracteriza-se por um forte peso das vendas efectuadas em grandes armazéns especializados em vestuário, com 54,9% dos homens e 58,5% das mulheres a afirmarem que fazem as suas aquisições principalmente nestes canais. Seguem-se, por ordem decrescente de importância, no caso das mulheres os grandes armazéns generalistas, os retalhistas especializados e os catálogos. No caso dos homens, as lojas especializadas em jeans assumem a terceira posição, após os grandes armazéns generalistas, seguidas pelo retalho especializado. Os retalhistas presentes neste mercado afirmam que, apesar da turbulência provocada pela entrada de novos concorrentes, pelo lançamento de novas áreas comerciais e pelo surgimento de novos conceitos, o ano de 2000 será bastante positivo. Para tal, contribuiu o facto de 1999 poder ser classificado como um ano de viragem para o retalho têxtil alemão. Após seis anos consecutivos de diminuição do volume de vendas de vestuário, este último, apesar de não ter permitido uma recuperação com a amplitude desejada pelos retalhistas, foi um ano que permitiu conter a tendência de diminuição do valor do mercado. Neste contexto, mais de 61% dos retalhistas inquiridos pela revista alemã Textilwirtschaft afirmam que esperam um crescimento do seu volume de negócios em 2000, com apenas 15% a preverem uma diminuição das suas vendas. Esta tendência de crescimento das vendas, é, contudo, mais marcante no vestuário masculino do que no vestuário feminino. No vestuário masculino, quer a indústria, quer o comércio, esperam um ano de 2000 positivo. A crescente cooperação entre empresas alemãs e empresas italianas, na definição de tendências, elaboração de colecções e confecção dos artigos, permitiu aliar a criatividade italiana ao know-how alemão. Esta colaboração entre duas das indústrias têxteis mais fortes a nível mundial traz, como consequência, uma crescente visibilidade da moda masculina alemã, aliada a uma excelente relação qualidade-preço em produtos de gama alta. Segundo os principais retalhistas alemães, a conjuntura económica quer do mercado nacional quer do mercado comunitário são favoráveis para o crescimento do volume de vendas, As diminuições registadas na taxa de desemprego, o aumento do rendimento disponível das famílias e o relançamento do consumo privado são os factores críticos para o sucesso destas empresas. O regresso da cor na moda masculina, bem como a procura da qualidade e do luxo são igualmente apontados pelas empresas alemãs como indicadores extremamente positivas para o ano em curso. Numa análise por produtos, destaca-se o forte crescimento das malhas. Os polos e as sweat-shirts são os produtos preferidos pelos retalhistas germânicos, com apenas 31% das empresas inquiridas pela Textilwirtschaft a apontarem para uma redução no volume de encomendas. O sportswear está igualmente em crescendo. Mais de 62% das empresas inquiridas afirmam ter encomendado pelo menos a mesma quantidade do que na época passada. Outros produtos para os quais existe um sentimento positivo, reflectido pelos volumes encomendados, são os fatos, as calças de algodão e as calças de lã. Do lado do vestuário feminino, os retalhistas consideram que os produtos mais fortes para a próxima estação Outono-Inverno 2000/2001 serão igualmente as malhas. Do total de empresas inquiridas pela publicação alemã, mais de 68% afirmam que irão encomendar mais vestuário de malha do que na última estação, enquanto que 20% desejam manter as encomendas ao nível da estação anterior. Outros produtos em crescimento são as saias (50% das empresas desejam encomendar mais do que na estação anterior) e o sportswear. Noutros produtos, como os jeans, as previsões de encomendas mantém-se sensivelmente no nível da estação Outono-Inverno 1999/2000. Em queda abrupta encontram-se produtos como os fatos saia-casaco, os blasers e os vestidos. Se do lado das perspectivas dos retalhistas, o ano 2000 poderá ser considerado um ano de viragem, já para a fileira têxtil e do vestuário no seu todo, este ano é, sem dúvida, um ano marcante. As alterações radicais sofridas pelo retalho têxtil alemão tendem a ser cada vez mais acentuadas. Num mercado que tradicionalmente era dominado por retalhistas independentes, localizados nos centros das cidades, com horários de abertura extremamente regulamentados, assiste-se a uma explosão de novos centros de consumo, localizados em estações de caminho-de-ferro, em estações de correios, em aeroportos e em antigas bases militares. A ameaça dos factory-outlets bem como a entrada da Wal-Mart são, igualmente aspectos que redesenharam o mapa do retalho germânico. Por sua vez, os antigos retalhistas independentes estão progressivamente a ser substituídos pelas grandes cadeias de lojas, que se baseiam em conceitos de integração vertical, levando a um aumento da concentração no mercado alemão. Em apenas seis anos, entre 1992 e 1998, cerca de 15.500 retalhistas fecharam definitivamente as portas no mercado alemão, o que significa uma redução de cerca de um quarto no número total de retalhistas. É de salientar que, em 1998, com a crescente redução do número de retalhistas independentes e a forte concentração do mercado num número reduzido de empresas, um em cada três euro dispendidos pelos consumidores alemães ia parar à caixa de um dos cinco maiores actores deste mercado, nomeadamente a Karstadt, Metro, Otto, Quelle ou C & A. De facto, enquanto que em 1990 cerca de 46% do total do volume de negócios do retalho têxtil alemão era absorvido pelas empresas com um volume de facturação superior aos 100 milhões de marcos, em 1998 estas empresas já eram responsáveis por mais de 58% do total das vendas do sector. Contudo, uma nova revolução poderá estar a chegar ao maior mercado de vestuário da UE. O final da época das pequenas empresas retalhistas de carácter familiar coincide com a entrada fulgurante de marcas internacionais, que apostaram em conceitos desvalorizados pelos retalhistas alemães. Assim, o ret