Moda empenha-se nas fibras alternativas

Inditex, H&M, Stella McCartney e Kering são alguns dos nomes que assinaram um compromisso coletivo, dinamizado pela Canopy, para comprar 550 mil toneladas de fibras alternativas e sustentáveis para produzir têxteis e vestuário mais amigos do ambiente.

[©Stella McCartney]

O compromisso em prol de fibras mais ecológicas foi assinado durante a COP27 e pretende apoiar a proteção das florestas e ecossistemas vitais do planeta, reduzindo a pressão sobre as florestas. Além da indústria da moda, a iniciativa, promovida pela organização ambiental sem fins lucrativos, abrange igualmente o sector das embalagens.

O objetivo é levar os produtores, marcas e retalhistas a optarem por fibras alternativas mais sustentáveis e com menor pegada de carbono – conhecidas como soluções de próxima geração – e, desta forma, acelerar a transição para modelos de negócio mais amigos do ambiente. Segundo a Canopy, «esse empurrão do mercado é essencial para atrair o investimento necessário para escalar estas alternativas de próxima geração em prazos ecologicamente significativos».

[©Canopy]
Nicole Rycroft, fundadora e diretora-executiva da Canopy, revela que a organização está entusiasmada por «promover este compromisso com parceiros inovadores que desejam desafiar o status quo e, ao fazê-lo, dar um impulso a estas tecnologias revolucionárias». Esse compromisso «vai permitir-nos dar um salto histórico de cerca de 64 mil milhões de dólares em investimentos em alternativas sustentáveis necessárias para garantir a conservação das florestas para o clima e a estabilidade da biodiversidade do nosso planeta», considera.

A Canopy explica que o compromisso agora assinado irá permitir desbloquear o investimento necessário para construir 10 a 20 novas unidades produtivas de celulose de próxima geração, com baixo impacto ambiental, dar novos mercados a comunidades agrícolas e cidades para substituir a queima de resíduos de palha e aterros têxteis, e evitar a emissão para a atmosfera de 2,2 milhões de toneladas de gases com efeito de estufa em comparação com a produção equivalente de fibras virgens provenientes de florestas.

A organização salienta que todos os anos, mais de 3,2 mil milhões de árvores são cortadas para produzir fibras para a produção de embalagens e vestuário, libertando grandes quantidades de dióxido de carbono para a atmosfera. Alternativas à madeira, como resíduos agrícolas e têxteis reciclados, estão disponíveis e podem ser escaladas para evitar a desflorestação. «Avançar para soluções de próxima geração pode ajudar a evitar quase uma gigatonelada de emissões de CO2 até 2030», aponta a Canopy.

[©Pixabay/Aritha]
Passos para a sustentabilidade

«No grupo H&M, estamos empenhados em tornar-nos um negócio circular, pelo que é crucial avançarmos para alternativas mais sustentáveis para os nossos materiais. A Canopy mostrou uma verdadeira liderança ao juntar as indústrias da moda e da celulose regenerada com o objetivo de reduzir a dependência da moda das florestas», afirma Madelene Ericsson, especialista em sustentabilidade ambiental do negócio no grupo H&M. «Soluções inovadoras baixas em carbono, como fibras celulósicas regeneradas a partir de resíduos têxteis, celulose microbiana ou resíduos agrícolas, terão um papel vital para nos ajudar a reduzir o impacto no clima e a proteger as florestas, para que florestas ancestrais não sejam colocadas em perigo para criiar moda. Estas soluções de próxima geração e colaborações como as da Canopy ajudam-nos a dar passos mais fortes para o nosso objetivo de que todos os nossos materiais sejam reciclados ou aprovisionados de forma mais sustentável até 2030», acredita.

Os signatários também se comprometem a assegurar que as suas cadeias de aprovisionamento não têm materiais provenientes de florestas ameaçadas ou antigas e a chamar a atenção dos seus parceiros na indústria para alternativas mais sustentáveis.

[©Unsplash/Dieny Portinanni]
Em comparação com as fibras virgens provenientes de florestas, as soluções de próxima geração têm, em média, menos 95% a 130% de emissões de CO2, menos 18% a 70% de delapidação de recursos energéticos fósseis, menos 88% a 100% de impacto na utilização do solo e pelo menos um impacto cinco vezes menor na biodiversidade e espécies ameaçadas.

«No Kering, queremos diminuir a nossa pegada na biodiversidade e contribuir para preservar e restaurar ecossistemas críticos», garante Yoann Régent, diretor de sourcing sustentável e iniciativas da natureza do grupo de luxo. «Estamos entusiasmados por juntar-nos à Canopy, nossa parceira de longa data, para apoiar a escalada rápida da produção sustentável de materiais de próxima geração, assim como a adoção de fibras alternativas de baixa pegada e emissão de carbono para têxteis e embalagens de papel», acrescenta.

De igual forma, Stella McCartney realça que «estamos a colaborar com a Canopy para acelerar o desenvolvimento e adoção de soluções de próxima geração nas cadeias de aprovisionamento enraizadas nas florestas. Tenho orgulho em dizer que temos parcerias com a Canopy desde 2014 e somos uma marca de desflorestação zero desde 2017 – nunca nos aprovisionamos de florestas antigas, em perigo ou protegidas. Temos de agir hoje para proteger as nossas florestas de amanhã».