Moda em realidade virtual

A realidade virtual chegou às passerelles das principais semanas da moda mundiais, de Londres a Nova Iorque, e promete revolucionar, em termos de forma e de fundo, como designers e marcas de vestuário apresentam as tendências da estação.

Rebecca Minkoff foi uma das designers a adotar esta nova orientação digital na semana da moda nova-iorquina. Em parceria com a empresa de realidade virtual Jaunt, gravou o seu desfile usando duas câmaras, com mais de 30 lentes, e cujo produto final será incorporado num projeto de realidade virtual da marca, a ser revelado em março próximo.

O CEO da marca, Uri Minkoff, afirmou que este método «prolongará a experiência do espetáculo e retratará a passerelle de uma forma impossível a uma tradicional transmissão em direto». Envolto em secretismo, também Tommy Hilfiger se rendeu à tendência e utilizou uma câmara de 360º para gravar o evento da marca, em colaboração com a empresa WeMakeVR, cujo produto espera agora revelação oficial. Depois de Nova Iorque, foi a vez de Londres por em marcha esta inovadora experiência digital. A marca River Island uniu-se ao designer Jean-Pierre Braganza na criação de uma peça a ser apresentada no evento filmográfico sazonal do British Fashion Council (BFC), usando o elementar Google Cardboard. Este é um visualizador improvisado de realidade virtual criado a partir de cartão e ligado a um smartphone.

Peter Fitzgerald, diretor de vendas da Google em solo britânico e pilar da secção digital do BFC, explicou que «a River Island está a usar o Google Cardboard para criar uma peça filmográfica inovadora, imersiva e interativa, transformando os smartphones dos seus clientes numa experiência de realidade virtual. É um ótimo exemplo de como a moda e a tecnologia continuam a progredir e a inspirar em conjunto». Num momento em que a realidade virtual conquista cada vez mais adeptos e assume um lugar de preferência entre as novas tendências digitais, iniciativas como a transmissão em direto, exploração de media sociais emergentes e revelação de cenas de backstage, perdem progressivamente relevância. A transmissão em direto foi, no decorrer dos últimos anos, a ferramenta favorita dos marketers, mas adquire agora um papel secundário, especialmente devido aos custos elevados que acarreta. Este processo, realizado de forma independente, custa entre 20 000 a 50 000 dólares, dependendo dos requisitos de produção.

Rachel Arthur, editora e diretora de media digital e marketing da revista WGSN, ressalvou que «com um foco crescente no retorno do investimento é natural que os designers evitem a transmissão ao vivo dos seus shows, preferindo plataformas como o Snapchat para uma experiência mais efémera que mesmo assim desperta entusiasmo pelas novas coleções entre os consumidores. No entanto, a inovação continua a ter imenso valor durante as semanas da moda mundiais». «As empresas devem concentrar-se em melhorar a consciencialização da marca. As semanas da moda foram sempre excelentes oportunidades para consolidar a imagem. O facto de Michael Kors ter usado, pela primeira vez esta estação, a aplicação Snapchat, é um exemplo claro da vontade crescente de alcançar uma nova geração de consumidores, nos lugares onde eles vivem e interagem atualmente e, este novo interesse pela realidade virtual surge do reconhecimento dos espaços onde essa geração viverá e atuará amanhã», concluiu Arthur.