De acordo com os dados das Nações Unidas, a indústria da moda é responsável por entre 2% e 8% das emissões globais de carbono, com grande impacto sobre o clima, e, se o ritmo atual se mantiver, o sector não deverá cumprir as metas de redução de emissões para metade até 2030.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente revela que o volume de produção de vestuário praticamente duplicou nos primeiros 15 anos deste século, enquanto o número de vezes que uma peça de roupa é usada antes de ser descartada diminuiu 36%.
Na recente Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, conhecida por COP26, a indústria da moda renovou o compromisso com ações para combater as mudanças climáticas. O documento elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, foi assinado por 131 empresas de moda e 43 apoiantes e sustenta que o sector deve agir para conter padrões insustentáveis de consumo, reforçando as ações para que a indústria da moda ajude a alcançar as metas do Acordo de Paris de manter o aquecimento global abaixo de 1,5 ºC.
Steven Stone, vice-diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, considera que abordar o consumo é uma parte central da redução do impacto climático e destaca que é necessário trabalho de todos no sector para se atingir a meta do Acordo de Paris.
«Este é um marco importante na Carta da Moda, já que sobe o nível de ambição num esforço para alinhar a indústria com os 1,5 ºC », considera Stefan Seidel, diretor de sustentabilidade corporativa na Puma e copresidente do comité da Carta. É um sinal que precisamos de trabalhar em conjunto com os nossos pares, a nossa cadeia de aprovisionamento, legisladores e consumidores para voltarmos ao caminho certo para as emissões zero», acrescenta.
Resultados menos bons
Apesar de ter procurado acelerar o seu compromisso para com o ambiente, um estudo recente da Stand.earth mostra que a maior parte das empresas de moda estão a falhar nos seus esforços para atingir os objetivos do Acordo de Paris. Entre nove marcas – American Eagle Outfitters, Gap, H&M, Inditex, Kering, Levi Strauss, Lululemon, Nike e Fast Retailing –, oito registaram um aumento «substancial» das emissões da sua cadeia de aprovisionamento. A Gap, a Uniqlo, o Kering e a Levi Strauss registaram um crescimento a dois dígitos das suas emissões em 2019, o mesmo acontecendo com a Nike no seu ano fiscal de 2020. Já a H&M registou um aumento de 1,7% nas emissões em 2020 em comparação com 2019.
Na análise geral da Good on You, que abrange três áreas – meio ambiente, trabalho e bem-estar animal –, só 26% das marcas obteve uma classificação “boa” ou “ótima” e apenas 6% das grandes marcas têm uma meta de emissão de gases com efeito de estufa baseada em informação científica.
No caso português, embora marcas como a Lanidor, Sacoor Brothers e Parfois tenham a classificação “evitamos” por falta de informação sobre as suas práticas sustentáveis, e a Salsa, Andorine, Tiffosi, Patachou e Zippy estejam classificadas com o rótulo “não é suficientemente bom”, há insígnias nacionais bem posicionadas, como é o caso das marcas de calçado Nae e Clamp e das marcas de vestuário Näz, ISTO., ColieCo e Conscious Swimwear, todas com uma classificação “boa”.
