Em Paris não hÁ lugar para falhas e tenho de ter persistência para continuar aqui. Por esse motivo é com muito orgulho que faço novamente parte do calendÁrio oficial da Semana de Prêt-a-Porter onde represento o nosso país», afirmou FÁtima Lopes, a estilista portuguesa que teve a oportunidade de mostrar a sua colecção mais futurista de sempre na cidade Luz numa iniciativa apoiada pelo Portugal Fashion, um projecto da responsabilidade da ANJE. Como seria de esperar, a designer madeirense deixou a sala rendida ao glamour e sensualidade das suas peças, num misto de retro anos 40 e tendências avant-garde. JÁ aqui venho hÁ muitos anos e as expectativas são cada vez mais altas, pelo que temos de ser inovadores. Daí esta colecção futurista chamada Next Step», sublinhou FÁtima Lopes, acrescentando ainda que deu este nome à colecção porque a mesma é também uma mudança no meu estilo, uma espécie de revolução». Na presença do ministro da Economia e Inovação, Manuel Pinho, do escritor brasileiro Paulo Coelho e da estrela francesa Mia Frye, FÁtima Lopes apresentou 51 coordenados repletos de plissados e drapeados, com cores que balançaram entre o branco e o preto. Ao contrÁrio do que vinha a acontecer nos últimos anos, desta vez a estilista foi a única portuguesa a desfilar em Paris. No entanto, Luís Buchinho teve a oportunidade de apresentar a sua colecção para o Outono-Inverno 2008/09 em dois show-rooms parisienses. Para além da estilista nacional, oitenta e nove desfiles marcaram a semana de moda parisiense, que apresentou mais de quatro mil looks distintos. Tendo ficado visível que os saltos altos são a grande tendência da estação fria, à semelhança do que jÁ observado em Milão (ver Milão a cores) também a geometria ganhou o seu espaço ao modelar, com a feminilidade, saias e vestidos arredondados e volumes, que são cada vez menos ingénuos. O rigor da forma apresenta-se ainda sem agressividade mas acompanhado de outro recurso que dÁ força à mulher da temporada; a alfaiataria. Também, os fatos, que jÁ apareceram noutras estações, surgem nas versões femininas de casaco/smoking e saia. A novidade em relação às tendências anteriores é o foco na camisa, que aparece em muitos looks distintos, incluindo em vestidos. Nas cores, o rosa continua, firme e forte, como o must da estação mas é o castanho que ganha mais espaço nas suas diferentes tonalidades, com especial destaque para o caramelo. Completam o colorido invernal, o laranja levemente queimado, os tons de azul – com destaque para o marinho e o azul claro pÁlido – e o vermelho cereja. E se na edição passada Paris estava todo florido, desta vez a tendência é para o liso. Mas isso não significa que as linhas sejam mais obscuras, e tal ficou comprovado através da colecção de John Galliano para a Dior, onde o estilista ofereceu uma boa dose de humor transcrita sobretudo devido à utilização de cores fortes. Leve e sensual», assim pode ser descrita a primeira colecção do estilista colombiano Esteban CortÁzar para Emanuel Ungaro que renovou os códigos da casa com um toque de frescura. Drapeados e estampados suaves estiveram presentes em vestidos de musselina ou de seda, nos quais o tecido apareceu num permanente movimento que envolveu a figura feminina. O meu objectivo era recriar a imagem que tinha de Ungaro, tornando-a assim mais jovem. E penso que a minha colecção consegue ser uma celebração à vida», declarou o estilista colombiano, que com apenas 23 anos de idade foi recebido em Paris por uma plateia rendida ao seu talento. Galliano combateu o frio invernal com criações em tons de vermelho, violeta, verde, laranja e azul forte, em fatos constituídos por saias e casacos curtos, e em indumentÁrias que tanto esconderam a figura feminina, como fizeram antever as formas em vestidos totalmente ajustados ao corpo. JÁ, a nova estilista da casa Valentino, Alessandra Facchinetti, modernizou o estilo da marca com vestuÁrio menos vistoso, mas de corte elegante, com saias fluidas e casacos curtos, casacos trapézio ou vestidos acinturados complementados por cintos largos. Irreverente como sempre, Jean-Paul Gaultier usou peles nas suas peças inspiradas nos contos de Charles Perrault. Verdadeiras ou falsas, as cabeças de raposa estiveram sempre presentes nas colecções do estilista. Quanto aos modelos de Gaspar Yurkievich eram leve e jogavam com as transparências em adornos omnipresentes. Blusas diÁfanas, smokings graciosos e vestidos de noite amplos e fluidos resumiram a colecção de Yurkievich, que se inspirou, segundo o próprio estilista em The Beautiful Fall, o livro de Alicia Drake que pinta o mundo da moda parisiense nos anos 70». Miu Miu voltou a surpreender Paris com uma apresentação onde Miuccia Prada deu mais um passo em frente, com propostas umas vezes futuristas – marcando os coordenados com as iniciais da marca – e outras retro – trazendo de volta as indumentÁrias de cicilistas em jardineiras ou em bermudas que apareceram debaixo dos vestidos. A mais esperada semana de moda fechou com Marc Jacobs para a Louis Vuitton. No desfile para o próximo Inverno – realizado num dos espaços do museu do Louvre – apresentou uma colecção que parece ter agradado a gregos e troianos. Queria mulheres bonitas, com roupas bonitas e silhuetas grÁficas», resumiu Marc Jacobs no backstage, depois do desfile. Começando praticamente na hora marcada, o desfile mostrou uma colecção que privilegiou as roupas sem descurar os acessórios, especialmente as carteiras. A modelagem foi inspirada na escultura para criar os grafismos citados pelo estilista. Quando digo escultura, não quero que isso pareça pretensioso», esclareceu. Em tecidos luxuosos e brilhantes, acompanhados por casacos de pele e couro, a paleta de cores privilegiou o preto e a prata, com alguns momentos de azul mais claro, vermelho, amarelo, e rosa. Na primeira fila, as musas de Marc Jacobs, como a realizadora Sofia Coppola e a stripper Dita Von Teese, prestigiaram a apresentação que foi definida pelo estilista como o ideal de desfile francês».