Apresenta-se como uma marca «genuína e irreverente», que adota uma perspetiva socialmente responsável em prol da sustentabilidade ambiental. A marca destinada a crianças dos dois aos 12 anos promete simplificar o quotidiano das famílias com peças que acompanham o crescimento. «Inspiro-me no universo infantil e aplico, à estética, os princípios de desenvolvimento das crianças», explica Diana Pais, fundadora e designer da marca.
Para registar o que estava a aprender num curso de Corte, Costura e Modelagem, a fundadora da Miss Castelinhos decidiu criar um blog precisamente com essa denominação que, posteriormente, deu origem ao nome atual da marca slow fashion. «Fui percebendo o real custo de fazer uma peça de roupa e pouco tempo depois descobri o movimento Fast Revolution e o documentário “The true cost”, que me abriram os olhos para a realidade da indústria da moda. Comecei a fazer roupa para os meus filhos e com isso surgiu o desejo de criar uma marca que refletisse os valores em que acredito, a um preço justo», afirma.

Impulsionada por uma «boa aceitação» face a uma primeira coleção upcyling de t-shirts, desenvolvida no final de 2016, nasceu a Miss Castelinhos. «Em 2017, foi o lançamento oficial da marca. Surge com um conceito a que chamei “Ready to Play”, um jogo de palavras com a expressão “Ready to Wear” que se traduz em peças confortáveis, duradouras, unissexo, práticas para o dia a dia e para usar o ano inteiro», conta a empresária.
A Miss Castelinhos produz peças que podem ser usadas tanto pelo género feminino como pelo masculino. Além disso e a fazer jus ao conceito de marca sustentável, as peças são intemporais, uma vez que cada coleção é «lançada no início da primavera e se estende até à primavera seguinte». «As peças são pensadas para usar o ano inteiro, independentemente da estação do ano. Vejo a marca como uma forma de ajudar a mudar mentalidades. Pretende ir contra a massificação da indústria, produzindo em pequenas quantidades e valorizando a longevidade, o trabalho manual, a sustentabilidade e a criatividade», acrescenta.
Dar uma nova vida
É a partir de algodão proveniente de excedentes de produção que são fabricados os artigos de vestuário da marca, assim como vários acessórios que ganham vida com os desperdícios das próprias coleções da Miss Castelinhos. Com o objetivo de promover um consumo responsável, a marca tem uma iniciativa de retoma em que o cliente pode devolver as peças que já não têm utilidade. «Depois de deixar de servir, o cliente pode devolver uma peça Miss Castelinhos para que seja limpa e/ou arranjada, ou até transformada, e colocada de novo à venda a um preço mais baixo. Assim será possível manter roupa de qualidade fora do lixo e criar opções acessíveis a outras famílias», destaca Diana Pais ao salientar que o mundo está a mudar.
Os produtos da Miss Castelinhos são fruto do trabalho manual realizado pela proprietária, que possui um atelier em Setúbal onde também dá formação ao público nesta área. No entanto, a confeção Conferoças, sediada em Barcelos, ajuda, pontualmente, na produção. «Nos últimos meses adotei o modelo “made to order”. Visto que a marca só tem presença online, é possível ter uma produção mais lenta e à medida das encomendas, evitando stock em excesso», revela.
Para reforçar a presença online e além de estar à venda em dois marketplaces, a marca recorreu às redes sociais e nomeou como embaixadoras Maria Couto e Sofia Vieira, detentoras das contas de Instagram @mãeguru.oficial e @paiscompgrande, respetivamente. A passagem pelos mercados lisboetas Crafts and Design e Organii Eco-market também faz parte da estratégia para aumentar a visibilidade da Miss Castelinhos. Mesmo assim, é no online que a marca se quer consolidar. «Em 2020 quero reforçar a presença online. O facto de não estar presente em lojas físicas é uma escolha consciente. É uma forma de reduzir a pegada da marca, evitando logísticas em demasia. Mas o facto é que o e-commerce é uma tendência em crescimento, com previsões de triplicar em 2021 que permite chegar a qualquer parte do mundo», refere Diana Pais.
Apesar do volume de negócios ainda não ser «significativo», a Miss Castelinhos já faz viajar as peças maioritariamente até aos EUA, mas também até à Austrália, França e Finlândia. O próximo passo centra-se em aumentar as vendas na Europa, principalmente para Portugal, e preparar a coleção 2020/2021 que está já em curso. «Estou a preparar a nova coleção com recurso a upcycling de vestuário de ganga e peças de algodão estampadas de edição limitada, inspiradas na criação Play Mountain do escultor Isamu Noguchi», adianta ao Portugal Têxtil.