Face ao sucesso da mais recente edição, que teve lugar de 18 a 20 de setembro, a Micam – que se realiza em simultâneo com a Mipel, dedicada aos artigos e acessórios de moda em pele, e a TheOneMilano, devotada ao vestuário exterior e moda pronto-a-vestir de gama alta – prolonga-se por mais um dia, numa decisão que, refere a organização em comunicado, «confirma a recuperação das indústrias representadas nas três feiras da Confindustria Moda, que continuam a destacar-se pelos seus eventos atrativos e complementares, mantendo as sinergias estabelecidas nos últimos dois anos».
O foco, aponta a organização, «estará na moda italiana, muito apreciada no estrangeiro, embora haja também muitos designers internacionais interessantes, combinando diferentes culturas: uma mistura bem sucedida que vai certamente atrair muitos compradores internacionais no atual clima de renovado entusiasmo».
A Micam irá ainda sobrepor-se parcialmente às datas da Homi Fashion & Jewels, vocacionada para a joalharia, bijutaria e acessórios de moda, que se realiza de 17 a 20 de fevereiro, e à Lineapelle, direcionada para peles, tecidos, acessórios e componentes para moda e design, marcada para 21 a 23 de fevereiro.
Na mais recente edição, a Micam acolheu 35.470 compradores internacionais, o que representou um crescimento de 20% face aos números de março de 2022. «Profissionais da indústria de todo o mundo preencheram os stands, com a participação particularmente entusiástica de visitantes de Espanha, França e Alemanha. Houve muitos compradores dos EUA e do Canadá, e voltaram também em grande número os compradores japoneses», revelou a organização.
«Mesmo num momento geopolítico de grandes incertezas como o atual, a Micam cumpriu com o seu papel de transformar oportunidades de mercado em negócios. A feira apresentou a qualidade do “made in Italy”, projetos de sustentabilidade para uma cadeia produtiva mais responsável, iniciativas voltadas para a valorização de jovens talentos e uma forte oferta de marcas internacionais», realçou, citada pelo Exclusivo, Giovanna Ceolini, presidente interina da Assocalzaturifice, que organiza o certame.
Segundo a APICCAPS – Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos, Portugal esteve representado por 41 empresas e marcou a estreia de novos expositores como Dakar ou Hang Loose. «O sector de calçado tem dado bons sinais nos mercados externos, mas para que possa continuar a crescer nos mercados internacionais, tem de dar um novo fôlego à promoção externa. Temos de reforçar a presença em certames no exterior», afirmou, numa notícia publicada no website da associação, o presidente Luís Onofre.

Para alguns dos expositores portugueses, de resto, a Micam continua a ser a referência. Hugo Ferreira, diretor comercial da Centenário, considera que a Micam é «um cartão de visita», que a empresa renova há cerca de 15 anos «com alguns interregnos – mais recentemente só não viemos na pandemia», contou ao Portugal Têxtil. «É uma aposta em marketing que fazemos, não é propriamente pelo negócio gerado, mas para nos darmos a conhecer a novos clientes. E recebemos sempre novos contactos, uns não passam disso, mas alguns depois chegam a ser clientes», explicou.
«É um ponto de encontro com alguns clientes que não visitam Portugal», reconheceu, por seu lado, David Braga, diretor comercial da Eurodavil, que há mais de uma década é presença regular na feira italiana. Logo no primeiro dia, as visitas acumularam-se de várias partes do globo. «Tivemos clientes novos da Bélgica e de outros países da Europa. Também já tivemos visitas do Canadá e da Coreia do Sul, de clientes habituais», adiantou.

Também a Tatuaggi sentiu o regresso de compradores de diferentes partes do mundo. «Tive clientes do Japão, que está a voltar, as pessoas da Mongólia já voltaram, as do Cazaquistão já voltaram, pessoas de países que não vinham, vieram e até russos tive no stand», admitiu o CEO José Alberto.
A presença nacional na Micam mereceu ainda a visita de António Costa e Silva, Ministro da Economia e do Mar, que destacou, de acordo com a APICCAPS, que o sector do calçado «está a crescer de uma forma impressionante. No primeiro semestre deste ano foram exportados 40 milhões de pares de sapatos, sendo este o maior desempenho de sempre. As tendências são muito positivas. A indústria não só se reinventou, como está sempre à procura de novas soluções em termos de design e tecnologia».