A Micam acabou por ser uma espécie de barómetro do regresso do negócio de calçado no pós-confinamento, num evento mais vasto que contou com o contributo de feiras paralelas, como a Mipel, dedicada a artigos em pele e acessórios, a A New Point of View, um formato especial da Lineapelle, dedicada ao artigos em pele semi-acabados, a Homi Fashion & Jewels Exhibition, que se centra em joalharia e acessórios de moda, e ainda a TheOneMilano Special featured by Micam, vocacionada para o pronto-a-vestir de senhora de gama alta.
Como reforça Siro Badon, presidente da Micam, «esta edição teve lugar num momento histórico sem precedentes. Recebemos o agradecimento dos operadores pela nossa coragem e tenacidade em ir para a frente com a feira. Sem dúvida representou um momento de relançamento do negócio e tem sido a força motora para outros eventos com os quais foram criadas sinergias».
A resistência portuguesa
De Portugal estiveram 33 expositores apoiados pela APICCAPS – Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos. «Não podíamos ficar ausentes se nos queremos posicionar no mercado», destaca, num vídeo sobre a presença nacional, José Leite, responsável de comunicação da YFF – Young Fashion Footwear, a marca da empresa de calçado Deshoes, que nasceu no meio da pandemia e, em Milão apresentou a sua primeira coleção. «Ao decidirmos vir aqui, estamos a posicionar-nos. Estamos a dizer “estamos aqui, vamos embora, vamos à luta, vamos comunicar aquilo que temos para vender”», aponta.
Já a Carité apresentou um novo produto desenhado com a «preocupação ambiental» em mente, revela Pedro Ramos, diretor comercial da empresa. «É uma linha de sapatos em que estamos a usar materiais provenientes da natureza. Por exemplo, no caso da sola estamos a usar borracha natural e pensamos que será o melhor componente tendo em conta a sua proveniência. Depois, na parte da construção do sapato, começamos a usar algodão orgânico e, por outro lado, misturamos com outro componente que provém dos animais, em que é retirada a pele depois do consumo da carne», explica.
Também Eurico Brilhante Dias, Secretário de Estado da Internacionalização, salientou que «o mercado continua a funcionar de forma muito desequilibrada e precisa de intervenção política», apontando para uma extensão do sistema atual de apoios para além de dezembro.
Digital dá ajuda
Além da edição física, a organização da Micam criou ferramentas digitais para alimentar os negócios, incluindo apps, catálogos inteligentes e websites que permitem que o contacto entre expositores e compradores continue sem os limites das viagens internacionais.
«A pandemia, que está constantemente a mudar de forma, criou problemas para o nosso sector produtivo, dificuldades que foram experienciadas em primeira-mão na Micam. Mas estamos esperançados para o futuro, queremos ser os primeiros a criar oportunidades para as empresas na cadeia de aprovisionamento e apoiá-las numa base diária. Porque só podemos sair de uma situação como esta trabalhando como equipa, todos a remar na mesma direção», afirma Siro Badon.