O estudo The Metaverse in Retail and Apparel antecipa que o metaverso deverá gerar mais de 627 mil milhões de dólares (aproximadamente 558,5 mil milhões de euros) em 2030, com uma taxa de crescimento anual composta de 34% entre 2022 e 2030.
Contudo, refere o estudo, citado pelo Just Style, o metaverso está ainda numa fase inicial e a sua trajetória futura no retalho de moda continua incerta. O documento da GlobalData destaca que, juntamente com uma abrangência limitada em termos de audiência, já que a tecnologia não foi adotada pela generalidade dos consumidores, isso significa que podem haver mais riscos do que benefícios para a indústria do vestuário e retalho.
A cadeia de valor do metaverso está dividida, segundo o estudo, em quatro camadas: fundação, ferramentas, interface do utilizador e experiência. A primeira diz respeito às tecnologias necessárias para a computação, sistemas de gestão de dados e infraestruturas descentralizadas. Já a camada das ferramentas permite aos desenvolvedores de plataformas e de aplicações combinar motores 3D, inteligência artificial, visualização e instrumentos de pagamento para criar experiências e modelos de negócio. A parte da interface do utilizador compreende os dispositivos que permitem aos consumidores entrar no metaverso, enquanto a última camada envolve a experiência virtual de atividades como colaboração entre empresas, jogos, redes sociais, comércio eletrónico e eventos ao vivo.
É nesta última que o sector do vestuário e retalho se deve concentrar, de acordo com o estudo, que sugere que os atores da indústria explorem a perspetiva de investirem em tecnologias para melhorar a experiência dos consumidores no espaço virtual. Até porque, realça, é a qualidade da experiência do consumidor numa plataforma de metaverso que vai determinar o seu sucesso a longo prazo. Há atualmente várias experiências em desenvolvimento, incluindo mundos virtuais, avatares, ferramentas de colaboração e eventos ao vivo.
Entre os players do sector do vestuário e retalho que já integraram o metaverso nas suas estratégias estão as marcas de sportswear Adidas e Nike, o marketplace chinês Alibaba, a Inditex e a marca de calçado Vans, enumera.
«O metaverso é uma nova tecnologia que é onerosa de instalar e de compreender, o que também torna altamente improvável que possa vir a substituir a componente física da experiência de compra», considera a GlobalData.
A tecnologia pode, contudo, ser integrada como ferramenta de marketing, permitindo chegar a uma audiência específica, particularmente a Geração Z, e criar experiências imersivas mais envolventes e menos intrusivas do que aquilo que os consumidores experienciam hoje em dia.
Por exemplo, casas de moda como a Gucci e a Balenciaga, entraram no metaverso como participantes em experiências existentes no Roblox ou criando lojas ou espaços exclusivos dentro da plataforma.
No estudo, a GlobalData refere ainda outras possíveis aplicações do metaverso além do marketing, nomeadamente a melhoria das práticas ambientais, sociais e de governança dos retalhistas de moda, fornecendo alternativas virtuais aos espaços físicos para os consumidores. Por exemplo, a utilização de ambientais virtuais reduz o desperdício, uma vez que os consumidores podem experimentar versões digitais de produtos físicos antes da compra. Pode ainda facilitar o envolvimento dos retalhistas com comunidades e causas sociais, através, nomeadamente, de angariações de fundos no mundo virtual.
O metaverso tem igualmente o potencial de aliviar a pressão nas cadeias de aprovisionamento, contribuindo para a colaboração entre fornecedores e retalhistas. A ideia do metaverso ser usado nas cadeias de aprovisionamento segue um conceito similar ao que é já usado nos gémeos digitais. O metaverso, aponta a GlobalData, pode melhorar esta tecnologia, permitindo o encontro entre os mundos físico e virtual. Á medida que as cadeias de aprovisionamento se tornam mais digitais em todos os sectores, o metaverso pode abrir novas oportunidades de conectividade e transparência, sublinha.
O estudo conclui que o sector deve continuar a monitorizar a evolução do metaverso e a avaliar de que forma este se pode alinhar com os seus objetivos a longo prazo. Realça ainda que, em algum ponto no futuro, o metaverso pode dar fornecer melhores experiências aos consumidores e gerar novos modelos de negócio.