O estudo realizado pelo marketplace online de revenda ThredUp revelou que enquanto a pandemia de coronavírus pesou sobre as vendas de vestuário, o mercado de roupa em segunda mão disparou, noticia o just-style.
Já no ano passado, a revenda cresceu 25 vezes mais rápido do que o sector de retalho e estima-se que entre 2019 e 2021, as vendas online em segunda mão aumentem 69%. Pelo contrário, o retalho deverá cair 15% de forma geral, uma vez que os consumidores procuram cada vez mais produtos acessíveis sem sair de casa.
O relatório refere que quatro em cada cinco pessoas estão recetivas à compra de artigos em segunda mão quando têm menos dinheiro para gastar e 79% dos consumidores planeiam reduzir o orçamento para a aquisição de vestuário nos próximos 12 meses. Duas em cada três pessoas que nunca venderam peças de vestuário dos seus armários mostraram-se, nesta nova realidade, abertas a esta prática para conseguirem angariar dinheiro, enquanto 50% dos inquiridos estão a fazer mais limpezas aos roupeiros do que o habitual no período pré-pandemia.
«O próximo normal começou a emergir com os consumidores a indicarem que vão adotar mudanças comportamentais a longo prazo que vão durar depois da Covid-19», afirma a McKinsey & Company.
Nos próximos 12 meses, o mercado em segunda mão vai passar a representar 44% dos gastos dos consumidores e o Amazon Fashion vai receber 37% e 34% off-price, indica o estudo.
Para os próximos cinco anos, esta percentagem vai aumentar para 52% no que diz respeito ao mercado em segunda mão e a moda sustentável vai passar a representar 43% devido à maior consciencialização dos consumidores na forma como compram. Uma vez mais, o Amazon Fashion vai contar com 37% e 36% off-price e a fast fashion vai traduzir-se em apenas 13%.
Deste modo, o vestuário em segunda mão vai duplicar a quota de mercado nos próximos 10 anos, com um aumento de 17%, quase o dobro do crescimento da fast fashion que será de 9%. Prevê-se ainda que o off-price conte com uma percentagem de 19% e que o preço médio tenha uma participação de 13%.
Dois mundos de consumo
«De todos os desafios que o Covid-19 trouxe para as nossas suposições sobre o comportamento do consumidor, uma coisa é certa: os consumidores em qualquer lugar estão a dar prioridade ao valor e a acelerar o processo de mudança. Quando os tempos são de incerteza todos nos focamos no equilíbrio da família. Marcas cuja principal proposta é providenciar valor e conveniência têm a oportunidade de aumentarem a sua quota. A Amazon, off-price e a revenda estão a sair vencedores», aponta Anthony Marino, presidente da ThredUp. «O relatório de revenda deste ano, que difere de qualquer outro já publicado, abarca ideias de dois mundos de consumo diferente: o pré e pós Covid-19. Esperamos que isto incentive um diálogo sobre as mudanças duradouras em curso e as forças que sustentam o futuro da revenda», explica.
Os jovens são a faixa etária mais recetiva à moda em segunda mão assim como o género feminino, visto que 70% das mulheres estão disponíveis para comprar neste segmento de mercado, uma percentagem que subiu consideravelmente face aos 45% registados em 2016. Também quase 2,5 vezes mais de consumidores planeiam aplicar o orçamento que têm para gastar em artigos fast fashion para marcas sustentáveis.
A Frye, Tory Burch, Kate Spade, Coach, Patagonia e Longchamp são consideradas pelo relatório as 10 principais marcas com o melhor valor de revenda geral e as bolsas, o vestuário de exterior e os vestidos constituem as principais categorias de revenda.